24.

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Harry

Todo este tempo de espera tem-me feito pensar e muito. Depois do Michael e do Zayn terem falado comigo foi só juntar um mais um. Aquela ameaça que recebi da Samantha e do Jonh na manha de Natal foi a gota de água, mas também o que era preciso para eu ter tomado a decisão de me "afastar". Precisava de encontrar respostas e encontrei. De uma coisa eu tenho a certeza depois deste tempo todo... Cada vez mais amo a Bia e os meus filhos. Espero que quando eu regressar, eles entendam tudo o que fiz. E acima de tudo que me aceitem de volta depois de saberem a verdade. Pedi ao Liam e ao Zayn, sim ao meu cunhado também, para tomarem conta da minha família. Primeiramente eu apenas tinha falado com o Zayn, mas numa das chamadas que lhe fiz, o Liam atendeu e fiquei sem alternativa. Acabei por lhe contar o que estava a acontecer e os meus motivos.
Mas hoje quando acordei, dei conta que o fim está breve. Consegui finalmente reunir as provas que queria e já sei o que realmente se passou na noite em que supostamente estive com a Samantha.
Agora aqui estou eu a olhar pela janela deste quarto de hotel em Chicago. Foram demasiados dias e viagens. Encontros e desencontros, já para não falar nos telefonemas trocados. Todos os dias desejei estar com a minha família. Sinto que algo se passa com eles. Passei a noite toda às voltas na cama e com o coração apertado. O problema é que de há uns dias para cá as noites têm piorado. Já tentei falar com o Zayn hoje, mas ele não me atende o telemóvel e começo a ficar preocupado com o que possa estar a acontecer.
O meu telemóvel toca e apresso-me a pegá-lo, vendo que se trata do Liam.

- Liam... Até que enfim.
- Harry. Desculpa, mas estamos todos chocados com o que está a acontecer com a Emma. Queria saber como estás.
- Como?! O que se passa Liam? – Pergunto preocupado.
- O Zayn. Ele não falou contigo? Desculpa...
- Deixa-te de coisas e conta-me o que se passa com a minha filha. – Falo num tom autoritário.
- Bom... Harry... Nem sei como te dizer isto.
- Fala de uma vez.
- A Emma sofreu uma tentativa de abuso por um professor na escola.

Mal ouvi estas palavras e é como se facas se atravessem no meu peito. Engulo em seco tentando assimilar o que acabo de ouvir. Não. Uma das minhas princesas não. Não. Não. Isto não pode ser possível.

- Harry... Harry... Ainda estás aí?
- Hã?... – Desperto do meu pensamento. – Sim. Liam quem...
- Harry, volta para casa. A tua filha precisa de ti. O Thomas e Lottie também.
- Liam... Eu...
- A Bia não vai aguentar passar por tudo sozinha. Não agora que ela está grávida.
- O quê?! – Por esta eu não esperava. – A Bia está grávida, mas como?
- Não estás à espera que eu te explique como se fazem os bebés pois não? E nem penses colocar a hipótese de que o filho não é teu. O Louis pensou isso em voz alta e não deu bom resultado.
- Porque o Zayn não me contou? Pensei que fossemos amigos. – Ainda estou em choque. – Faz-me um favor. Liga ao meu pai e diz-lhe que me vá buscar ao aeroporto.
- Vais regressar?
- Sim. Está na hora de voltar para a minha família e protege-los como eu sempre deveria ter feito. Assim que souber a hora do avião eu digo-te.
- Ok... Harry... Bem-vindo de volta.

Pouso o meu telemóvel na mesa à minha frente e pegando no meu computador trato de comprar o bilhete de volta a Londres. Chega de fugir, se bem que nunca foi essa a minha intenção.

Ao fazer a minha mala os meus pensamentos não param. A Bia está grávida... A Emma sofreu nas mãos de um professor... E o Thomas e a Lottie? Que mais terá acontecido com a minha família?
Dou conta que lágrimas correm pelo meu rosto ao lembrar o quão feliz eu fui com eles. Eu só quero recuperar o amor e a confiança de cada um deles. Depois de deitar tudo a perder eu sei que estou a um passo de me tornar um nada. Um nada como em tempo fui quando perdi o meu irmão. Eu não quero voltar a ser esse Harry. Não agora que tenho tudo para ser feliz como fui até àquela maldita noite.

Beatriz

Acordo cedo e depois de uma noite muito mal dormida. Olho a Emma adormecida a meu lado e sorrio com ternura. Ao lembrar o que se passou ontem um arrepio me atravessa o corpo e automaticamente me lembro que tenho de ir à escola falar com a diretora. O que se passou foi muito grave e tenho de pensar primeiro na minha filha e na sua segurança. Claro que a conversa não vais ser fácil lá na escola. É nestas alturas que gostava de ter o Harry por perto. O Harry... Tenho pensamentos e sentimentos tão discordantes a seu respeito. Estou magoada com ele, mas continuo a amá-lo. Era tudo tão mais fácil se ele estivesse aqui. Eu preciso dele mais que nunca, mas tenho medo. Medo que ele regresse e nada volte a ficar no seu devido lugar.

Oiço o bater da porta e venho a Anne entrar com um ar reconfortante. Sorrio para ela quando a vejo passar a mão pela face da neta ainda a dormir.

- Bom dia. Como passaram a noite?
- Ela meio tranquila, embora com alguns soluços pelo meio. Já eu não passei lá muito bem.
- Beatriz, tu sabes que podes contar sempre connosco. – Assinto. – Sentes falta dele?
- Muito. Mesmo com todos os nossos problemas, chegar ao fim do dia e saber que ele estava lá para mim deixava-me mais tranquila e em paz. Agora está tudo virado do avesso e eu não sei se aguento. – Suspiro.
- Tu és uma mulher forte. O Harry não sabe o erro que comete ao deixar-te fugir.
- Anne, foi uma opção dele ir embora. Ele que se afastou de todos. Só não quero que os meus filhos sofram com isso.
- O pai não vai voltar? – A pergunta na voz da pequena Emma faz-se ouvir com uma lágrima correndo pela sua face.
- O meu amor, o pai vai voltar sim. Afinal tu és uma das suas princesas. E onde já se viu uma princesa sem um cavaleiro para a defender? – Falo em tom suave.
- O teu pai adora-te Emma. Não duvides disso. – A Anne diz. – Olha a avó fez o teu bolo preferido. Queres?
- Sim. – Diz sorridente, levantando-se logo de seguida.
- Vai lá então com a avó que depois temos de ir para a escola.

Mal proferi a palavra escola e ela fica estática olhando-me com medo.

- Mãe... Eu não quero... Não quero... - Corre a abraçar-me.
- Ei... Shhhh... A mãe vai estar contigo. Vamos apenas falar com a diretora, está bem?
- Não vou ver o... - Estremece não acabando a frase.
- Não amor. Não o vais ver.

Olho a Anne em busca de alguma paz e segurança e apesar de ela estar apreensiva como eu, lá consegue transmitir um pouco desses dois sentimentos.

Já na mesa do pequeno-almoço posso sentir que o meu filho Thomas não está muito bem. Ainda tento falar com ele, mas ele depressa desconversa e diz que vai para a escola na companhia da Sophie e do Ed. Algo me está a escapar e mais uma vez o sentimento de que posso estar a falhar como mãe me assola por completo. Atiro esse pensamento para trás do meu cérebro e concentro-me na minha filha e na conversa que vou ter na escola. O Ben foi quem marcou a reunião com a diretora e disse que estaria a meu lado nessa conversa. Agradeci e mesmo que queira alguém a meu lado, recusei a sua oferta. Não me chamem de idiota embora o tenha sido. Mas em relação aos meus filhos, acho que como mãe tenho de tomar conta eu da situação, sem ajuda de ninguém. Estou a ser egoísta? Talvez, mas além de mim a pessoa que deveria aqui estar, não está.

Saio da casa dos Styles, na companhia das minhas filhas e vejo nada mais, nada menos que o Liam e a Sophia.

- Mas que estão vocês os dois aqui a fazer? – pergunto confusa.
- Bom dia. Bia, nós não poderíamos deixar-te sozinha numa altura destas. A Emma é nossa afilhada e queremos dar-lhe toda a segurança possível e a ti todo o apoio. – O Liam fala com tranquilidade.
- Não é preciso.
- Bia, tu e a tua família são como da nossa família. Somos mais que amigos, certo? – A Sophia questiona e eu assinto. – Então... Vamos?

Respiro fundo e recebendo um sorriso do Liam e da Sophia, chamo a Emma e a Lottie para então irmos para um desafio nada fácil.

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