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Beatriz

Depois de uma noite confusa e em que me senti protegida, mas que também eu tinha de proteger o Harry, acordo com um sentimento de ligeiro alivio ou algo do género. Olho as horas e visto hoje ser sábado posso deixar a família dormir mais um pouco. É verdade, isto de ser mãe e dona de casa não é fácil. Eu acordo cedo para ir trabalhar, mas antes ainda passo na escola para deixar as gémeas. O Thomas de há umas semanas para cá embirrou que não precisa que o levem à escola, assim eu respeitei a sua decisão e apesar do Harry não ver isso com bons olhos, não haveria nada que pudéssemos fazer.
Olho para o meu lado e posso ver o meu marido ainda adormecido. Aquele ar rebelde dele e fofo ao mesmo tempo faz-me sorri que nem uma adolescente apaixonada. Esta noite quando ele me pediu para não o deixar ir eu tive mais uma vez certezas que tenho de lutar por nós, lutar para que o que temos ainda dure por muito tempo.
Levanto-me e tomo o meu banho, vestindo algo mais confortável visto não ter planos para sair de casa hoje. Já nem me lembro da últimas vez que passei um sábado apenas sem fazer nenhum.
Vou até à cozinha e começo a preparar o pequeno-almoço. O meu telemóvel toca e eu atendo quando vejo que se trata da Inês.

- Bom dia Inês.
- Bom dia Bia. Como estão as coisas? – Esta mulher sempre percebeu pelo meu tom de voz quando estou bem ou mal.
- Na mesma. Ontem o Thomas discutiu com o pai, a Lottie teve a primeira menstruação e além da distância que o Harry teve para comigo acho que nada se vai resolver tão depressa.
- Os teus homens andam virados do avesso é o que é.
- Tens razão, mas não sei que mais fazer. Eles deixaram de falar comigo como antes. Às vezes parece que já não faço o meu papel de mãe, mulher e confidente. – Suspiro.
- Deixa de ser tola. O teu papel de mãe é ótimo e não tens de te preocupar. Confidente serás sempre, nem que seja a minha e por fim és mulher sim, ou não fosse o Styles o teu marido.
- Achas mesmo?
- Claro. Mas olha estou a ligar porque hoje vamos levar a Sarah e o Andrew ao cinema para ver aquele filme da banda que as miúdas tanto gostam.
- E o Andrew aceitou? – Rio pois oiço o Drew gritar para a irmã que não quer ir.
- Sabes como ele é. Bem mas queria perguntar se deixas que a Emma e a Lottie venham connosco?
- Por mim tudo bem. E o Harry também não se vai opor. Elas precisam de espairecer já que o ambiente cá em casa está meio tenso.
- Ok. Então antes de almoço passamos aí para as buscar e elas almoçam connosco.
- Muito bem. Então logo.
- Até logo.

Assim que coloco o telemóvel na bancada sinto uma presença atrás e mim. Olho para trás e vejo a pequena Lottie ainda ensonada e com cara de caso.

- Bom dia. – Deixo um beijo na sua testa. – Que se passa?
- Mãe, eu não gosto disto. Parece que estou sempre suja. – Fecha a cara.
- Aproximo-me dela e sento-me a seu lado. – Oh meu amor. Eu entendo a situação, mas lembras do que a mãe disse ontem. – Ela assente. – Vá, agora come que daqui a pouco a tia Inês e o tio Niall vêm buscar-te a ti e à Emma.
- Porquê?
- Hoje vão ao cinema. – Levanto-me e coloco o leite na mesa com os cereais.
- Quem vai ao cinema? – Thomas pergunta entrando na cozinha seguido da Emma que me vem dar um abraço.
- A Emma e a Lottie. O Niall e a Inês vão com a Drew e a Sarah e decidiram convidar as tuas irmãs.
- E que filme vamos ver? – A Emma pergunta levando uma colher de cereais à boca.
- Acho que vocês vão adorar. – Pisco-lhe o olho e sorrio.
- Não posso. Nós vamos ver o filme dos Live7? – Falam as duas em conjunto e eu rio com a euforia delas.
- Oh meu Deus. Quando vocês deixam de ser crianças? – O Thomas fala em múrmuros.
- Ao menos somos crianças e aproveitamos isso. – Lottie cospe as palavras ao irmão e noto que ele não estava à espera desta resposta dele.

O silêncio que se instala apenas é quebrado com os cochichos das gémeas falando sobre o filme e por fim com a entrada do Harry na cozinha. Ele vem apenas com as calças de treino e uma t-shirt preta vestida. Olhando-o vejo que com certeza tomou banho, pois os seus cabelos ainda estão húmidos. Aproxima-se das pequenas e deixa-lhes um beijo na testa. Elas entreolharam-se pois não certamente não esperavam esta atitude do pai. Ele olha o Thomas e senta-se no seu lugar de sempre com os olhos postos no filho. Sinto a tensão entre estes dois a metros de distância.

Just LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora