Castiel

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Para mim aquilo estava sendo tudo tão surreal, eu poderia jurar que era tudo uma piada de mal gosto porém não era...
- Castiel certeza que você vai ficar essa semana aqui com Elizabeth? - Perguntou Lysandre.
- Sim, eu consigo sobreviver com uma máquina de doces e um banheiro que cheira a urina e vômito. - Respondo rindo, como eu era o único "responsável" apenas eu poderia ficar com ela a todo tempo e eu realmente não queria deixá-la sozinha.
- Nós vamos vir aqui todo dia no horário de visita... - Disse Nathaniel ainda contrariado com a situação. - ...cuide bem dela hein.
- Pode deixar Sr. Nathaniel, vou cuidar dela como se fosse de mim mesmo.
Eles ficaram lá por mais um tempo e se foram, o resto da noite passou tranquila, Elizabeth dormia por causa dos remédios e eu dormi em uma poltrona que tinha em seu quarto.
Elizabeth praticamente dormiu por três dia seguidos e eu fiquei lá apenas olhando pra ela, afinal não tinha mais nada para fazer, Nathaniel e Lysandre continuavam a visitando mesmo que ela não estivesse acordada, porém, na madrugada do quarto dia ela acordou e me acordou também:
- Castiel... - Ela sussurra o meu nome e eu acordo assustado. - ...qui que você tá fazendo aqui? - Ela me olhava, toda descabelada, com uma cara de sono e eu deixei escapar um sorriso.
- Cuidando de você, o que mais eu ia fazer? - Falei ainda sorrindo, era muito bom ver ela acordada.
- Com essa sua cara de tarado, vai saber... - Ela ri e volta a fechar os olhos. - To com tanta fome... - Ela volta a abrir os olhos e os direciona a mim de uma maneira pidoncha, depois de três dias sendo alimentada por máquinas eu consigo imaginar a sua fome.
- Tá bom, tá bom... - Eu tento ficar sério mas eu realmente estava feliz dela ter acordado.
Eu saí do quarto e fui atrás de alguma enfermeira para escutar que "não eram horas pra ela comer", eu não ia voltar de mãos abanando para uma garota que ficou três dias "comendo" por tubos, então pela conclusão mais lógica decidi que o melhor era comprar um lanche do Burguer King que tinha na mesma avenida do hospital, eu sei que parece irresponsabilidade dar um lanche gorduroso para alguém que está internado mas de qualquer jeito eu comprei dois lanches dos maiores que tinha, afinal eu também tinha que comer, passei três dias apenas comendo daquelas máquinas de doces e por mais que pareça uma maravilha, não é, acredite não é, quando voltei tive que esconder os lanches e entrar discretamente para que ninguém percebesse, Elizabeth tinha voltado a dormir então eu chacoalhei sua cama até que ela acordasse:
- Quanto cavalheirismo, ao invés de me acordar com um beijo você me acorda quase derrubando minha cama, muito mais pratico. - Ela disse ainda acordando, automaticamente eu me lembrei de quando beijei ela e aquilo me deixou paralisado, preferia aceitar que ela ainda estava dopada de remédios e não estava falando coisa com coisa. - Porque você tá me olhando com essa cara?
- A é...eu trouxe comida. - Pego as sacola meio desajeitado, eu não consigo manter a postura perto dela, sempre fico parecendo um idiota ou coisa do tipo com apenas algumas palavras ou gestos dela.
Enquanto a gente comia acabou ficando um silêncio constrangedor que só piorou quando ela decidiu falar:
- Porque você me beijou naquele dia? - Ela perguntou sem mais nem menos me olhando com aqueles grandes olhos azuis.
- Não beijei não. - Disse sério como se não estivesse prestando atenção mas na verdade meu coração estava na garganta.
- Beijou sim... - Ela disse dando risada.
- Você tá delirando por causa dos remédios, tá até achando que os seus desejos eróticos comigo são reais. - Digo fazendo um sorriso malicioso mas ao mesmo tempo com a cara toda vermelhar. - Agora coma o seu lanche antes que eu coma.
- Você é engraçado. - Disse ela com um sorriso meigo no rosto.
Isso só me fez ficar mais vermelho do que eu já estava, ela era tão fofa, até mesmo em um hospital, toda descabelada e com cara de sono era ela linda, eu queria poder beija-la de novo mas não podia, eu tinha uma namorada que eu amava e não queria fazer aquilo mas Elizabeth... ela me fazia sentir diferente, eu sentia como se não pudesse me controlar, eu queria poder abraça-la e beija-la mas ao mesmo tempo entrava em pânico quando estava perto dela...
Nos outros dias como de costume Lysandre e Nathaniel foram visita-la, só que cada um de uma vez, primeiro Nathaniel que ficou um bom tempo por lá, eu pude vê-lo pela janela da porta um pouco antes dele sair, ele estava bem sério falando com ela e logo deu um beijo em sua testa e saiu, Lysandre entrou em seguida, eu pude ouvir os dois conversando e rindo, era até estranho pois eu nunca tinha visto ele se apegar tão rápido a alguém assim, ele a tratava como sua irmã, ou melhor, como sua namorada, será que... os dois realmente estão juntos? Não, Lysandre mal consegue beijar alguém por conta própria, muito menos namorar.
A semana passou bem rápido, eu senti que pude me aproximar mais de Elizabeth, mesmo não querendo, ou querendo, sei lá...era surpreendente ver como ela sorria mesmo depois de tudo o que havia acontecido e isso só me fazia sentir mais vontade de abraçá-la até ela explodir:
- Castiel, está na hora de ir. - Ela disse tentando se levantar da cama.
- A sim, deixe me te ajudar. - Digo segurando sua mão e tentando dar o máximo de apoio para ela conseguir ficar de pé, por mais que tivesse passado uma semana no hospital ela ainda sentia fortes dores no abdômen.
- Obrigada... - Ela se levanta e eu seguro em sua cintura.
- Elizabeth... - Paro bruscamente fazendo ela parar junto. - Eu sei que provavelmente você não quer falar sobre isso mas eu preciso falar. - A seguro pelos ombros em minha frente. - Você precisa fazer alguma coisa em relação ao seu pai e sobre o que acontecendo, você não pode deixar isso continuar, eu não quero que nem Hanna nem você fiquem mais um minuto com ele naquela casa. - Os olhos dela começaram lentamente a se encherem e eu engolia aquilo a seco. - Se você quiser eu falo com os policiais ou com ele mesmo... eu só não quero que você passe por isso mais uma vez... - Digo passando a mão por uma lágrima que escorria em sua boxexa. - E caso você queira, pode ficar lá em casa com Hanna até estabelecer sua vida. - Digo em um tom de brincadeira porém era sério.
- Dês de que você não fique me olhando com aquela sua cara de pervertido, tudo bem! - Ela sorri com algumas lágrimas escorrendo pelo seu rosto e me abraça.
- Eu só quero que você saiba que eu me importo com você... - Digo passando minha mão direita pelos seus cabelos, tomando cuidado para não encostar em seu corte, pela primeira vez eu sentia que alguém conseguia amolecer meu coração a ponto de nem eu me reconhecer mais e não vou negar, eu estava gostando dessa sensação...

Unbacked || Amor DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora