Castiel

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Elizabeth estava ficando em casa agora, ela e Lysandre na verdade, ele parecia realmente estar preocupado com ela, afinal ela não fazia nada além de olhar para o teto e chorar, ela estava com olheiras enormes e a cara toda inchada, os dias iam se passando e eu entrava cada vez mais em desespero porém não fazia a mínima ideia do que fazer:
- Elizabeth, coma. - Eu estava sentado ao lado de sua cama com um prato em mãos, ela já estava com uma aparência anoréxica.
- Pelo menos tente... - Lysandre disse a olhando no fundo dos olhos e ela o olhou de volta e acabou tentando comer, parecia que eles conseguiam conversar apenas com olhares, o que me irritava.
Ela comeu um pouco, pelo menos tentou mas acabou vomitando tudo logo em seguida, o resto do dia foi igual a todos os outros, ela deitada olhando para o teto, aquilo me causava um forte angústia ainda mais pensando que daqui dois dias seria o ano novo e eu não queria que ela passasse essa data em estado quase vegetativo.
A noite foi chegando e Lysandre acabou caindo no nosso, eu andava com muita dificuldade para dormir por causa de Elizabeth então passava a noite assistindo televisão mas essa noite foi diferente...
- Castiel... - Uma voz fraca e quase fantasmagórica me chamou e eu quase tive um infarto.
Eu olhei em direção à porta e lá estava Elizabeth, eu sei que é maldade mas ela parecia um zombie de tão magra e descabelada que estava.
- O que houve? Você está bem? - Me levantei rápido do sofá e ela apenas assentiu com a cabeça e veio até o meu lado. - Você tá bem mesmo Elizabeth?
Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas parecendo tentar segurar o choro.
- Castiel, eu to sozinha, não tenho família, não tenho casa, não tenho nada... - Ela começou a chorar e eu não estava entendendo nada, ela nunca veio desabafar comigo, só com o Lysandre então eu não tinha a menor ideia do que fazer. - Eu não sei o que fazer, eu só quero morrer... - Eu precisava falar alguma coisa...
- Você é retardada?! - Ela me olhou sem entender. - Elizabeth, você nunca esteve sozinha e nunca vai estar, eu, Lysandre, Leigh, Rosa e até o idiota do Nathaniel, a gente sempre vai tá aqui não importa o que aconteça e a gente vai te ajudar a passar por isso...todo mundo gosta muito de você Elizabeth... eu gosto muito de você...então por favor, nunca mais diga isso...
Ela começou a chorar mais tentando dizer alguma coisa que eu não consegui entender então simplesmente a abracei e ficamos assim por muito tempo até que por fim ela dormiu pela primeira vez em dias, eu a carreguei até o quarto mas quando eu a coloquei na cama ela acordou e pediu que eu ficasse então eu me deitei junto a ela e dormimos abraçados, na verdade ela me abraçou e eu fiquei com a cabeça em seu peito, o que foi bem estranho mas ela me explicou que ela dormia assim com Hanna.
Na manhã seguinte acordo com cutucões de Lysandre com um olhar de "O que você tá fazendo seu pervertido filho da puta, era pra ser eu", sério, ele tava com muita raiva nos olhos:
- Não pergunta porque nem eu sei... - Respondi e voltei a fechar os meus olhos.
Quando acordei de fato Elizabeth já tinha levantado, tomado banho e comido um biscoito, o que já é um grande progresso.
- O que vamos fazer amanhã? - Elizabeth disse e eu e Lysandre trocamos olhares. - É ano novo não é? - Eu e Lysandre continuamos trocando olhares sem entender nada.
- Bem...todo ano os meus pais fazendo uma festa no sítio onde eles vivem, mas é bem longe e teríamos que pegar estrada... - Disse Lysandre ainda sem entender muita coisa.
- Por mim tudo bem. - Disse dando com os ombros mas na verdade eu achava que seria melhor para Elizabeth ver novos ares do que ficar presa dentro dessa casa.
Acabamos decidindo que íamos sair ainda essa noite para chegarmos lá pela manhã, Elizabeth arrumou algumas roupas para se trocar lá e eu e Lysandre fizemos o mesmo, roupas brancas né? Apesar que roupas brancas e sítio não combinam muito...
Saímos às onze horas da noite, eu fui dirigindo as primeiras três horas e depois troquei com Lysandre, chegamos lá pelas seis horas da manhã, o sítio da família de Lysandre era realmente lindo, eu já havia vindo aqui outras vezes mas sempre acabo me esquecendo como esse lugar é bonito, Rosa e Leigh já tinham chegado porém estavam dormindo mas os pais de Lysandre acabaram nos recebendo... do jeito deles...
- Você veio meu filho! Leigh disse que você estava cuidando de sua namorada. - A mãe de Lysandre veio correndinho abraçar ele. - A mas ela veio! Como você tá magrinha, venha, eu vou te dar um pouco de comida!
- Mas eu não to com fome... - Elizabeth disse meio sem jeito mas de nada adianto pois a mãe de Lysandre nem ouviu nada.
- Meu filho, o que você fez na perna? - Perguntou o pai de Lysandre.
- A-a eu-e cai da es-escada. - Lysandre respondeu um tanto constrangido, ele ainda não estava muito a vontade em falar sobre aquilo.
Depois de umas conversas bem... "aleatórias" com a família de Lysandre eu decidi ir dormir um pouco e acabei acordando só as quatro horas da tarde com Elizabeth tomando banho no banheiro do quarto que íamos ficar, tinha um vestido vermelho estendido em sua cama.
- Eu te acordei? - Perguntou ela saindo do banheiro enrolada em uma toalha branca.
- Mais ou menos. - Dei risada meio sem jeito, afinal ela tava de toalha. - Vai passar o ano novo de vermelho?
- Sim, porque? - Ela disse como se fosse normal passar o ano novo de vermelho e ficar só de toalha na minha frente.
- É que as pessoas meio que costumam passar o ano novo de branco. - Ela me olha meio sem entender. - Porque talvez meio que signifique a paz? - Ela realmente não tava entendendo.
- Só agora que você me avisa? Eu vou ficar parecendo um pinguinho de menstruação. - Eu não consegui evitar e acabei dando risada do "desespero" dela.
- Relaxa, vermelho significa amor ou sei lá o que.
- Castiel, eu vou te dar um soco. - Ela disse seria mas foi tão fofo que eu tive que dar risada e acabei levando um soquinho "amoroso".
A noite foi chegando e todos já estavam arrumados, brancos, e Elizabeth estava com o seu vestido vermelho, realmente parecendo um pinguinho de menstruação ambulante, mas era o pinguinho de menstruação mais lindo daquela festa.
A festa ia ser ao ar livre como de costume, tudo arrumado bem simples com panos brancos e rosas vermelhas, que tinham aos montes daquela fazenda, a mãe de Lysandre havia feito MUITA comida afinal eles tinham uma família gigantesca. Os parentes começaram a chegar cada vez mais e Lysandre ficou ocupado cumprimentando todos, Elizabeth ficou conversando com Rosa por um bom tempo e eu fiquei comendo porque não tinha mais nada pra mim fazer, olho em meu relógio e já eram onze e quarenta então decidi ir ver Elizabeth que simplesmente havia desaparecido, pronto, a menina tinha fugido pro meio do mato, eu sai atrás dela igual um desesperado e pra minha sorte ela não estava muito longe, ela estava parada de pé de frente ao jardim de rosas vermelhas:
- Menina, eu só não te mato porque... - Eu me alto cortei quando vi que ela estava com aquele olhar de novo... aquele olhar sem vida...
- Hanna adorava tudo o que era vermelho... - Ela disse sem desviar os olhos das flores.
- Elizabeth... - Eu disse e toquei sua mão, ela me olhou sorrindo.
- Ela ia adorar ver essa jardim. - Ela ainda me olhava sorrindo mas agora com os olhos cheios de lágrimas mesmo que ela não fosse deixar cair nenhuma.
Meu Deus, eu odeio essa garota, ele conseguia ser linda até parecendo um zombie ou um pinguinho de menstruação, eu sorri de volta um tanto abobado e ficamos nos olhando por um tempo, aquilo mexia comigo, ela mexia comigo, eu sentia minhas mãos tremerem suavemente então eu me aproximei dela e toquei seu queixo suavemente o inclinando para cima, eu ia beija-la e ela sabia disso mas eu não podia, por mais que eu quisesse aquilo com todas as forças do meu corpo eu não podia fazer isso de novo:
- Melhor voltarmos para a festa, é quase mei... - Eu tento terminar a minha frase mas ela se vira para pegar uma rosa e a encaixa na minha camisa social branca e da um outro sorriso, mas era diferente, não sei explicar como mas era.
- Agora podemos ir. - Ela continuava a sorrir, eu não conseguia imaginar o que se passava em sua cabeça mas de qualquer jeito aquilo estava fazendo bem para nós dois.

Unbacked || Amor DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora