Elizabeth

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-...então ele me beijou... - Falei timidamente, já sentindo minha bochechas queimarem.
- COMO ASSIM?! - Rosa me chacoalhou freneticamente.
- Ué, ele só me beijo. - Dei risada.
- Ele pego na sua bunda? - Ela continuou me chacoalhando.
- Não Rosa, não. - A parei recuperando o fôlego. - Já está ficando tarde, melhor eu ir para casa e colocar a Hanna para dormir.
Me despedi de Rosa, Lysandre e Leigh e fui para casa com Hanna, chegando lá dei uma banho nela e a coloquei para dormir, passei a noite em claro pensando no que Nathaniel e Castiel haviam me dito, "você não pode mais deixar isso acontecer, diga para ele que você vai sair daquela casa" e o Castiel iria me dar todo apoio deixando eu e Hanna ficarmos em sua casa por uns tempos, de qualquer jeito meu pai voltaria na manhã seguinte e eu não poderia deixar isso continuar...
Logo de manhã eu escuto a porta abrindo e em seguida passos, eu já estava atenta pois sabia o que ia acontecer a seguir, meu pai de verdade nunca faria isso, por mais de todo abuso e violência eu sempre tive à espera dele voltar a ser o meu pai...

"- Henrique, a bolsa da Carmen estouro! - Nossa vizinha disse ao telefone enquanto ajudava minha mãe a entrar no carro.
Eu fui junto ao lado da minha mãe que tremia e visivelmente tinha calafrios, quando chegamos minha mãe me disse 'vai ficar tudo bem, minha queria' e saiu para uma sala me deixando sozinha."

Vai ficar tudo bem, minha querida...

Os passos vindos da escada se aproximavam cada vez mais e com um leve toque a porta se abre, o rangido da fechadura fez um calafrio subir pelas minhas costas e logo eu senti minha ânsia voltar...

"Um pouco depois papai chegou, ele estava todo descabelado é visivelmente cansada, porém não escondia o sorrio de orelha a orelha que tinha:
- Está ansiosa para conhecer sua irmãzinha? - Ele perguntou me abrando e eu respondi sorrindo que sim. - Agora papai vai ver como a mamãe está, fique quietinha aqui, papai te ama. - Ele deu um beijo em minha testa."

Papai te ama...

Ele vinha em minha direção com a mesma feição de repulsa:
- Não encoste em mim! - Exclamei. - Eu vou sair dessa casa e Hanna vai comigo!
- A vai? - Ele disse com tom de deboche.
- Eu estou falando sério! Se você se aproximar mais uma vez de mim ou de Hanna eu vou dizer tudo o que você já fez para os policiais! - Eu me afastei dele porém ele se aproximou de mim e agarrou meu pescoço, o cheiro de álcool vindo dele só piorou a minha náusea.

"Por um breve momento uma correria começou, pessoas entravam e saíam do quarto onde mamãe estava:
- Senhor, você vai ter que esperar aqui fora. - Disse uma enfermeira a papai.
Ele se sentou em uma poltrona a minha frente, praticamente imóvel olhando paro o chão, ficamos assim por um bom tempo até que outra enfermeira apareceu:
- Senhor... sua filha nasceu. - Ela deu uma pausa engolindo as próprias palavras. - ...mas sua esposa teve uma hemorragia muito forte e ela faleceu..."

Ela faleceu...

Ele cravou seu dedos em meu pescoço e eu gritei, gritei com todas a força que eu tinha na esperança dele parar, mas não, a única coisa que eu fiz foi acordar Hanna que veio correndo:
- HANNA SAIA DAQUI AGORA! - Gritei.
- Solte ela! - Ela correu até ele e socou repetidamente sua perna, ele a chutou, fazendo-a bater em um banquinho e cair inconsciente, eu pude ouvir seu pequeno corpo estralar como um graveto.
- SEU MONSTRO, MEU SOLTE. - Eu me debatia o chutando.
- Você não sabe ficar quieta? - Ele disse rindo enquanto tirava um canivete de seu bolso e o fincou em minha barriga, eu senti todas as minhas forças indo embora junto ao sangue que escorria.

"Papai gritou, chorou e surtou, ele amava muito a mamãe, mais do que um dia ele poderia me amar, mas do que a minha irmãzinha e mais do que a sua própria vida...
Dias se passaram, Hanna ainda estava no hospital e papai não voltou dês da morte de mamãe, eu fiquei sozinha pela primeira vez, sem os risos de papai e mamãe, o carinho antes de dormir, era tudo muito estranho e eu não entendia o que estava acontecendo até que um dia de manhã à porta de casa se abriu, papai estava de volta..."

Unbacked || Amor DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora