13 - Aproximação

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Após chegar em casa com a embriaguez controlada e a sede inexistente, tomar um banho e me deitar, me surpreendi ao notar que não havia em mim nem um pingo de culpa. Quando o dia amanheceu ainda não me sentia mal pelos meus atos da noite anterior. Acontece que Nicole estava certa, tudo o que eu precisava saber era a hora de parar, controlando isso ninguém morreria e eu poderia me alimentar decentemente.

A única coisa que me incomodava era imaginar qual seria a reação de Isabela quando ela descobrisse. Em todo esse tempo em que éramos amigas e dividíamos um lar, a sua opinião sobre variados assuntos era imprescindível para mim. E sendo ela uma médica, eu conseguia entender porque ela não gostava que sua colega de quarto sugasse sangue de pessoas inocentes pela cidade.

Meu telefone vibrou sob o travesseiro. O puxei rapidamente, encarei na tela o nome de Lucas piscando e refleti por alguns segundos se deveria ou não atende-lo, no entanto como teria de enfrenta-lo eventualmente, seria mais agradável para ambos se eu o fizesse quando meu humor estivesse em seu melhor.

- Fala.

- Por acaso você tem algum vestido de gala dando sopa no seu guarda roupas? - Sua voz estava abafada e cercada por barulhos desconhecidos.

- Por que? Você quer emprestado?

Uma gargalhada soou em meu ouvido. Uma risada contagiante e cheia de ironia. Ele estava de bom humor.

- Tenho uma festa dessas chiques para ir hoje a noite. - esbocei um sorriso ao imaginar Lucas em uma festa chique. Não era bem a praia dele. - Tenho também dois convites e um smoking, agora preciso de uma acompanhante com um vestido.

- E posso perguntar por quê você foi convidado para uma festa chique? E em plena segunda-feira?

- Eu não fui. Mas o motivo de irmos se chama Elena Muniz. Uma vampira boa pinta que pode nos ajudar a encontrar Louis ou pelo menos nos contar algo a mais sobre Stella Caine. - ele fez uma pausa, esperando algum tipo de reação da minha parte ao ouvir aquele nome, como não disse nada ele concluiu. - Passo aí as nove para te buscar. Esteja pronta.

Sempre que o nome de Stella era citado era como se o peso do mundo caísse sobre os meus ombros. Eu não havia nascido para comandar o submundo apesar de Nicole, Lucaa, Louis e mais algumas pessoas que não conhecia acreditarem no contrário. Tudo o que eu queria era me ver livre de Dimitri e da Aliança.

Nicole se revirou ao meu lado na cama e ajeitou involuntariamente suas pernas sobre as minhas. Por um breve instante havia me esquecido de sua presença.

Levantei-me vagarosamente para não acorda-la, alcancei uma blusa comprida pendurada na cabeceira da cama e sai em direção a cozinha. O perfume de Isabela estava espalhado pelo ambiente, indicando sua ausência.

Puxei o banco mais próximo e me sentei com o rosto afundado nas mãos. Stella e toda sua história voltara a rodear minha mente empurrando para longe o meu bom humor. Quase conseguia ouviu sua voz dentro de mim, me dizendo o que fazer, me forçando a lembrar. Mas eu não queria lembrar, não queria ordens, eu não queria nada disso. Tudo o que eu queria era encontrar Louis e passar a liderança para ele, sabia que podia confiar nele para isso pois sabia que Stella confiaria.

Nicole surgiu na cozinha com o rosto ainda inchado por conta do sono. Ela me observou por um tempo, me analisando com um pequeno sorriso no lábios, e eu apenas a encarei de volta.

- Como passou a noite? - Resolvi quebrar o silêncio.

- Muito bem. - ela sorriu e se apoiou sobre o balcão ao meu lado. - E você, como se sente?

- Revigorada. - ela sorriu satisfeita.

- Você tem o dom para isso, o autocontrole está em você assim como esteve em Stella.

Maldição de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora