Meu coração poderia estar a mil naquele instante. Palpitando e arrebentando o meu peito a cada batida, dilacerando tudo que encontrasse em seu caminho. No entanto eu não tinha mais um coração vivo, apenas um órgão frio e morto que não possuía mais tanta utilidade dentro do meu peito oco.
Naquele momento, assim como em tantas outras situações, eu não sentia falta de um coração pulsante. A adrenalina estava presente, a animação, o medo, o pavor, o desejo de vingança. Todos estavam ali, independente de ter um orgão bombeando sangue dentro de mim ou não e era desses sentimentos que eu precisava, de todos e cada um deles, era o que me fazia aguentar toda aquela situação.
Entrar na sede da Aliança vulgo Irmandade foi fácil, Dimitri não esperava por uma investida é claro, apenas que eu entregasse a ele a cabeça de Nicole em um espeto. Esvaziamos os arredores do prédio que se localizava exatamente no centro de Arcádia e dois grupos atacaram ao mesmo tempo, um invadindo pela porta dos fundos e outro pela porta da frente simultaneamente.
Durante todo o caminho até ali tudo o que eu conseguia pensar era porque nós iríamos vencer? Dimitri controlava a Aliança a mais de cento e noventa anos, muitos já se rebelaram contra ele então porque nós iríamos vencer dessa vez? Por que nós? Ele possuía um grande grupo de aliados e um grupo tão grande quanto de inimigos, nem todas as criaturas do submundo o suportavam ou respeitava, mas ainda assim, porque nós?
- Porque nós temos você Aurora. - uma voz feminina, suave, porém firme alcançou meus ouvidos. Virei-me e encarei um grande par de olhos castanhos e a reconheci. Clara.
Quando a grande porta de madeira se abriu corpos voaram para cima de nós, socando tudo o que encontravam pela frente. Fui atingida por um soco no rosto que encheu minha boca de sangue. Um rapaz de cabelos compridos preparava seu punho para me acertar novamente quando apertei seu pescoço com minhas duas mãos e o girei para o lado quebrando seus ossos e despejando seu corpo mole no chão.
- Encontrem Dimitri! - gritei para que todos que estivessem ali presentes pudessem ouvir - E tragam ele para mim.
Lucas estava mais adiante, com o corpo curvado e as garras afiadas penetrando a pele do inimigo. Ele urrou quando a mulher de cabelos roxos caiu sobre seus pés e seguiu velozmente para o próximo. Era noite de lua cheia, os lobos estavam no apogeu do seu poder, mais fortes, velozes e violentos do que em um dia normal, e era por isso que precisávamos deles.
Tânia passou correndo diante dos meus olhos, subiu em um pilar perto da entrada e uniu as duas mãos enquanto entoava palavras confusas. Quando ela jogou seus braços para frente novamente três dos vampiros que corriam até ela caíram antes que pudessem atingi-la, com sangue escorrendo dos olhos.
Puxei um rapaz que corria na minha direção pela gola de sua camisa e o estendi no ar, empurrando-o contra a parede. Seu rosto estava transformado, seus dentes pontiagudos tentando me alcançar.
- Onde está Dimitri? Onde está Baltazar? Me fala onde eles estão agora!
Ele cuspiu em mim e eu sorri. Virei seu rosto para o lado com força e arranquei sua orelha esquerda com os dentes, sem dó nem muito menos piedade
- Vou falar desse lado agora para ver se você me escuta direito. - pendi minha cabeça para o lado direito e me aproximei de seu ouvido - Onde é que eles estão? É melhor você me dizer logo ou a próxima coisa que irei arrancar será uma de suas mãos, depois o seu pênis, depois a sua outra mão e quando eu finalmente achar que você não tem serventia eu vou arrancar fora a sua cabeça!
- No andar de baixo. - ele choramingou - Baltazar está... Está lá ele fugiu... Se escondeu... Andar de baixo, por favor.
- Muito obrigada querido.
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Maldição de Sangue
VampirosLIVRO UM - MALDIÇÃO DE SANGUE [EM REVISÃO] De tempos em tempos nasce uma criança especial que, se transformada em um ser imortal, se torna parte vital para a Irmandade. Essa criança carrega em si uma marca, uma marca de liderança, de poder e de mo...