09 - Marca de Nascença

177 27 0
                                    

Deixamos Caio para trás e seguimos nosso caminho em direção a boate Evolute. O paradeiro de Nicole Regal e as informações que ela poderia ter eram as primeiras pistas sólidas que encontrávamos desde que Lucas me convenceu a entrar nessa aventura estilo Sherlock Holmes. E agora, sem nem ao menos entender o porquê, estava sendo movida por uma curiosidade avassaladora, uma sensação que nunca antes tivera sentido, como se tudo isso precisasse logo ser esclarecido e eu precisasse juntar todas as peças desse quebra cabeças. Como se minha vida dependesse disso em um nível além do meu entendimento.

O sol estava prestes a surgir no horizonte. Uma aflição percorreu meu corpo e me consumiu por inteira. Se eu não encontrasse Nicole ainda naquela noite eu iria caçá-la até no inferno se fosse preciso. Como eu disse, era como se minha vida dependesse disso.

Apressei o passo para evitar o desencontro. Para o meu bem o humor de Lucas estava relativamente melhor, seu rosto possuía um ar gracioso como se tudo estivesse dando certo. Até onde eu sabia, suas motivações eram nada além de vingança pelo seu povo e por alguém que perdera, mas ainda duvidava que seria só isso, tinha algo que ele não estava me contando.

- Vamos lá Aurora, vamos ver qual de nós dois é mais veloz. - Lucas jogou seu braço pesado por cima do meu ombro e exibiu um sorriso de canto de boca, o que automaticamente me arrancou um sorriso em resposta.

- Quantos anos você tem? Dez?

Sem avisar seus pés tomaram uma velocidade incomum e ele logo sumiu do meu campo de visão. Me apressei para alcançá-lo e sem muito esforço o ultrapassei. Me virei para observá-lo sem parar de correr, sentindo o vento batendo em minha pele e a adrenalina tomando conta do meu corpo.

Lucas cerrou o cenho e se curvou ligeiramente para frente afim de obter mais velocidade. Me virei e antes que ele pudesse me alcançar paramos na beira da estrada diante da boate. Um frio se alojou em minha barriga e se recusou a sair.

- Você é muito rápida para uma vampira que não tem nem quinze anos de existência. - ele apoiou as mãos sobre os joelhos enquanto recuperava o fôlego.

A batida eletrônica rapidamente preencheu nossos ouvidos. Música barulhenta, gargalhadas, falatório e muitas pessoas suadas se esfregando umas nas outras. Não era o meu tipo de lugar. Mas o meu objeto de desejo estava à apenas alguns passos de mim, então logo achei meu caminho por entre as pessoas e sem muita enrolação entrei na Evolute seguida de perto por Lucas.

A boate estava lotada em sua maioria por vampiros, o que não era de se estranhar. Muitos deles nem pareceram notar nossa presença, estavam ocupados demais tentando arranjar suas últimas presas da noite antes que o dia amanhecesse.

- Muitos humanos. - Lucas cochichou no meu ouvido - Eles sabem? E porque não estão todos mortos?

- Leis da Aliança. - respondi - Os humanos não podem saber sobre nós, e nós não podemos deixar vestígios por aí para que nos achem. Aqui por exemplo, a maioria desses vampiros tem idade suficiente para hipnotizar um humano, então eles devem escolher quem querem, hipnotizam a pessoa e a levam para fora daqui e fazem com ela o que bem entendem.

- Dimitri deixa que vocês matem humanos fácil assim?

- Desde que o submundo não corra o risco de ser descoberto por eles, está tudo bem.

- Mas eu achava que os Renegados não seguiam as leis da Aliança.

- E não seguem. Mas quem vai se arriscar a se revelar e ser morto por Dimitri? Entre a comunidade dos vampiros, os Renegados são os que menos matam, sendo assim os que menos deixam rastros que os leve até eles.

- Mas se os humanos não podem saber sobre nós, porque Isabela é tão bem informada?

- Eu sou uma Renegada esqueceu? Não sigo as regras da Aliança. - sorri.

Maldição de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora