Dias se passaram, e eu ainda não tinha sido oficialmente adotado pela minha tia, pois tinha que ter a autorização do juiz, minha tia tinha que assinar vários papéis pela minha guarda e além do mais a investigação de minha casa devia ser concluída antes da autorização. Fiquei ali, na casa de minha tia, ajudava ela a limpar a casa toda, apesar dela morar sozinha, eu gostava bastante de fazer a nossa janta em alguns dias, um simples miojo ou em um dia que eu não estava tão entediado evoluia para um macarrão com molho de tomate, e também ajudava ela a fazer compras, lembro até de um dia em que fomos no carro dela no maior supermercado da cidade, descemos do carro e caminhamos até a entrada, vi uma pessoa saindo da outra porta do supermercado, estava um pouco longe, e parecia ser minha mãe, talvez nesse dia eu estava meio equivocado, prossegui entrando e fizemos a compra de toda a lista grande que tínhamos escrito em casa, isso até dava certo, eu era bem mais que um filho pra ela, a gente era muito próximo.
Mais dias se passaram e eu ainda não estudava, já tinha começado as aulas, e eu podia reprovar por falta, estávamos só esperando a aprovação do juiz, claro, pra minha tia fazer a matrícula da escola;
Em um belo dia de ficar em casa assistindo tv, minha tia tinha me dito que ia visitar uma amiga, pois ela tinha os seus momentos, eu estava deitado no sofá com a tv ligada em um programa nada legal, mexendo no meu tablete que lembro muito bem quando ganhei ele, em meu aniversário de 10 anos dos meus pais, sim, aquele tablet me lembrava muito eles. O lado bom é que quando lembro de meus pais, eu lembro dos melhores e felizes momentos que tive com eles, como o dia em que eu e minha mãe pintamos uma argila feita por nós mesmo, e o resultado não ficou nada legal... começou a sair lágrimas de meus olhos... ou como o dia em que meu pai me ensinou a mexer em seu computador (as coisas básicas), todos foram momentos incríveis que eu recordo...
Logo uma mensagem em meu tablet interrompeu meu pensamento, enxuguei as poucas lágrimas que tinha e fui ver, era um e-mail desconhecido dizendo:"Estamos sentindo tanto a sua falta, você não sabe o quanto, você é um menino muito especial pra nós e queremos nos reencontrar novamente contigo, ficamos sabendo que você está bem e em boas mãos, por isso nós já partimos daqui...
Eu realmente estava estranhando aquilo, quando alguém abriu a porta da frente onde eu estava, que me deu um susto enorme. A porta estava destrancada, eu havia esquecido de tranca-la, mas por sorte era a minha tia com algumas pessoas, aliás eram meus avós maternos, aqueles com quem eu iria morar naquela outra cidade (a cidade da Laura), corri de imediato abraçando os dois juntos, eu gostava muito deles, principalmente minha avó que sempre me fazia pulseiras das linhas de tricô que ela tinha, e meu avô que sempre me dava aqueles conselhos que as vezes me deixava melhor ou pior. Minha tia os chamou para sentar e ficar a vontade, enquanto ela fazia um chá de gengibre na cozinha, que me deixou mais a vontade com eles para conversar de muita coisa, quando minha avó puxou assunto:
- Como você está meu netinho...
- Eu estou bem, muito bem, me acostumei com essa vida aqui junto com minha tia - dei um sorriso pra ela
- A vovó quer muito o seu bem, e que você fique feliz - ela veio sentar no mesmo sofá que eu e continuou - eu admiro muito que você tenha superado isso tudo, porque não é fácil pra ninguém que passa por essa tribulação.
- Sei sim vó, foi bem difícil no começo e está sendo até hoje e...
O tablet vibrou, me incomodando eu virei e olhei para a tela ainda ligada, vi que era notificação de jogo. Meu vô não perdeu a oportunidade pra soltar suas piadas.
- Parece que sua namorada tá querendo falar com você - seguida de uma breve tosse - ou deve ser mais de uma
- Se bem que eu queria que fosse uma namorada, mas não é não! - esclareci fazendo um bico de nenhuma esperança - deve ser as propagandas que me mandam do Google, não liguem pra isso
- A vovó e o vovô te ama muito e quer seu bem...
A interrompi falando:
- Em falar nisso vó, eu também te amo, mas quero saber de uma coisa - soltei minha dúvida - onde vocês estão morando?
Meu vô que sabia melhor explicar sobre isso disse:
- Mudamos de cidade, aquela que você visitava com seu... bom, não preciso lembrar - falou com medo de eu recordar as lembranças de meu pai - mas estamos morando na cidade ao lado dessa, 27 km de distância de lá até aqui, estamos mais próximos e podemos vir te visitar
Fiquei feliz em ouvi-lo falar, ele sempre gostava de explicar as coisas com mais detalhes e fazia gestos com a mão.
- agora tenho vocês mais perto de mim - falei sorrindo
Minha tia entrou em nossa conversa pra oferecer chá e todos nós bebemos, havia uma janela atrás do lugar que meu vô estava sentado, e naquela hora eu parecia ter visto alguém olhando pra mim do lado de fora da janela, eu só estava parado olhando para aquele tipo de vulto e todos estavam em silêncio tomando seu chá, não parava de olhar, quando o meu tablet toca novamente, eu assustei e vi que tinha derrubado chá no carpete do chão da sala, todos me viram quando eu derrubei e ainda estavam me vendo.
- Aidan você está bem? - minha tia se preocupou com minha cara travada
- Desculpa, eu pego o pano - levantei mostrando uma cara normal depois de derrubar o chá
Peguei meu tablet e fui até a cozinha ver quem estava me perturbando. Desbloqueei meu tablet e parou na mesma mensagem que eu estava lendo antes.
"Estamos sentindo tanto a sua falta, você não sabe o quanto, você é um menino muito especial pra nós e queremos nos reencontrar novamente contigo, ficamos sabendo que você está bem e em boas mãos, por isso nós já partimos daqui da sua cidade e voltamos para a nossa, espero que você ligue pra nós, aqui o número (97) 562****
Eu, meu marido e a Laura estamos esperando você nos visitar novamente, será bem vindo, porque se não nos visitar, a Laura vai surtar aqui! Muito obrigada, um beijo."Família Owen.
Me aliviei ao saber que eram os pais de Laura que me mandaram um e-mail, eu até achei que fossem os meus pais, mas que bom que não era. Assim pude continuar conversando com eles por bastante tempo.
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Segredos Mortais [COMPLETO]
Mystery / ThrillerQuando eu tinha apenas 11 anos de idade, presenciei a pior tragédia de minha vida, meus pais foram assassinados brutalmente por psicopatas. Depois disso, eu tive de lidar sozinho com toda a minha perda. Para onde eu iria? O que eu tinha de fazer naq...