Pequena adolescência I

75 42 3
                                    

Nolan - 14 anos

Tudo começou quando eu estava na fase de puberdade, onde eu era bem inocente, não tinha ideia da minha vida ao redor. Minha mãe era pobre, já teve seus melhores anos, morávamos em uma casa razoável, passavam alguns ratos de noite mas eu não me importava, já havia me acostumado, pois tinha quase 13 anos que estávamos morando naquele mesmo lugar, naquela mesma cidade. Eu não conheço meu pai, pelo o que eu sei da história é que ele engravidou minha mãe e sumiu, típico de homem mesmo, sei também que tenho uma irmã, filha de outro homem, mas vai saber onde ela está, minha mãe quase não comenta sobre isso, ela fica triste toda vez que fala um pouco. Eu mesmo já trabalhei na fazenda por 2 anos mas resolvi parar pelos os estudos e por força da minha mãe, ela trabalha de costureira, até que não ganha mal, dá pra pagar as contas e ainda algo pra comprar comida, na verdade a geladeira fica as vezes vazia e as vezes um pouco cheia, depende do dia. Estou na escola, no 6° ano, sim eu sei, com 14 anos não era pra eu estar nessa série do ensino fundamental, mas já reprovei 1 vez e também como tinha dito, trabalhei na fazenda por 2 anos.

Logo minha mente volta ao meu quarto onde eu estava, era de manhã quase na hora da minha mãe bater com sua mão na porta pra me acordar como de costume. Levantei e comecei a trocar de roupa, colocando o uniforme fui interrompido com o previsto barulho da minha mãe pra me acordar.

- Já acordei, não precisa de escândalo - ela me vê em pé mas continua a bater com sua mão na porta

- Hoje vou sair mais tarde do trabalho, vou deixar a chave contigo quando chegar de tarde - confirmei balançando a cabeça

Geralmente tínhamos diálogos curtos porque éramos ocupados e ficávamos bastante tempo fora de casa. Eu já estava pronto pra ir na escola integral, estudar o dia todo é um saco, pelo menos não ficava parado.
Na escola tinha bastante alunos, pois era o ensino fundamental, e o último ano era do 9° Ano, todos tinham medo dos alunos que estudavam nesse ano porque eram maiores de idades e grandes.

Já era depois do almoço e como a escola iria até 5 da tarde, vi que uns alunos do 8° e 9° ano estavam fugindo da escola, pulando o muro. Achei estranho pois ainda tinha aula, fui mais de perto ver, até que um deles me viu, ele era loiro como eu de olhos claros com cor de mel e vestia uma roupa bem descolada, ele estava prestes a subir o muro e falou pra mim.

- Não conta pra ninguém - ele gritou na altura que eu ouvisse

- mas vocês vão? - perguntei assustado

- tomar uma bebida ali e passear, as aulas estão chatas - ele subindo no muro sendo o último e perguntou - quer ir com a gente?

Eu havia pensado antes de sair, mas não estava nem aí com a escola, nunca fui de faltar, só essa vez.

- Eu só tenho que pegar minha mochila ali - falei

- então vai, a gente vai te esperar

Eu fui discretamente pegar minha mochila no pátio em uma mesa do lado da parede, geralmente os alunos levam suas mochilas para o almoço e o intervalo depois do almoço. Logo voltei atrás da escola, joguei minha mochila do lado de fora e subi aquele muro com dificuldade, confesso que estava com medo daquela altura, mas consegui pular. Ao pegar a mochila não vi nenhum deles em volta, tudo bem, eles devem estar por perto, rodei o quarteirão todo e nada, até lembrar de uma praça que tinha a duas quadras a cima da escola. Fui pra lá com a última esperança de que eles estivessem, e estavam, consegui reconhecer pelo loiro que me chamou antes. Cheguei próximo a roda de uns 7 garotos.

- oi - chamei atenção deles

- iai, achei que você não teria coragem de vir - o loiro lembrou de mim e disse - chega aí, qual o seu nome?

- Nolan - fiquei muito vergonhoso no começo, todos olhavam pra mim, mas fui me soltando aos poucos

- eu me chamo Miguel - ele se apresentou e começou a falar os nomes do outros apontando - esse é o jão, gui, rafa, marcelo, fred e augusto, alguns são do 7° ano e 8° e a maioria inclusive eu do 9° ano - eu vi que eles não estavam só bebendo mas cheirando um pó e rindo muito - de qual série você é?

- 6° ano

No começo admito que eu estava com medo mas eu me enturmei rápido, consegui fazer amizades com todos da roda, eles me ofereceram uma batida de tequila eu nunca havia tomado, e não era ruim, era como se fosse uma mistura de suco com alguma bebida alcoólica, bebi pouco, não fiquei chegado com isso, estava curioso com o pó que eles tanto cheiravam

- E esse pó branco? - perguntei curioso

- quer um pouco? Só experimentando pra saber - Fred me ofereceu dando o saquinho com um canudo

Ao cheirar senti uma sensação boa, não era tão ruim, mas eu tinha consciência de que eu poderia viciar, não exagerei, fui aos poucos. Estávamos na Praça rindo, conversando, eles eram legais, me senti como se eu fosse de maior Também, já estava escurecendo e eu tive uma sensação de que esqueci algo.

- Que horas são? - perguntei

- Você quer a oração do Pai Nosso ou Ave Maria? - Gui brincou descontraído e alguns riram

- Quase 8 horas da noite - Miguel me falou sério

Logo lembrei que eu estava com a chave de casa e minha mãe chegaria depois das 6 da noite

- pessoal, eu tenho que ir! - peguei minhas coisas e saí

Atravessei a rua e Miguel veio atrás de mim

- Porque saiu tão rápido assim? - ele se preocupou

- Eu esqueci que estava com a chave de casa minha mãe pode estar do lado de fora - expliquei

- Tudo bem, você podia vir mais vezes com a gente, não é sempre que fazemos isso, geralmente só tomamos um tera, esse pó que o Rafa trouxe foi só hoje - Miguel me disse

- O que é tera? - comecei a rir

- Só suco de limão ou outra fruta, é um jeito mais fácil de falar - explicou

- Não sei se posso ficar faltando aula de tarde pra sair com vocês - mostrei dúvida

- Isso só foi pra descontrair, a aula estava chata ultimamente, mas a gente combina fim de semana - ele olhou nos meus olhos - eu gostei de você!

- Valeu, na escola a gente se vê, tenho que ir - olhei para aquele cabelo loiro bagunçado, ele levantou sua mão pra apertar com a minha e me deu um abraço, desde então aquele garoto Miguel seria meu melhor amigo, aliás seria mais que isso...

Cheguei em casa e vi minha mãe sentada na varanda me esperando do lado de fora, ela me viu e veio até mim

- Nolan, onde você estava? - ela me olhou fixamente e percebeu minha alteração na voz e no jeito, ela me empurrou para perto da luz e viu meu olho mais vermelho em volta

- Eu só saí com meus colegas pra tomar umas misturas

- Eu fiquei esperando você por 1 hora - ela gritou comigo como sempre - o que você bebeu?

- fica calma não foi nada demais...

Segredos Mortais [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora