Depois de alguns dias, eu e minha tia tivemos de ir a uma conferência no juiz para determinar minha guarda definitiva. Era um lugar como nos filmes onde tinha bancos atrás para as pessoas sentarem, e parecia que minha tia não estava muito bem quanto aquele momento. O juiz estava em seu lugar e com uma cara de raiva, lá em cima, em sua cadeira, com seu martelo todo de madeira, e nós estávamos sentados nos primeiros bancos um pouco próximos dele. Algumas pessoas chegaram e sentaram nos bancos de trás, acho que uns eram advogados mas outra eu suspeitei, havia uma, parecia ser uma menina jovem, bonita de cabelo grande e liso com um homem que era bem mais velho que ela, poderia ser o pai.
Em seguida, o juiz bateu seu martelo, não sabia o que significava, ele começou a falar questionando minha tia com várias e várias perguntas, acho que era pior do que um interrogatório, eram perguntas mais do tipo "quanto tempo você está com esse menino?", "você era próximo dos pais dele?", "já teve filhos?", e bla bla bla, não intendia bem o que ela respondia; Eu já sabia de sua história passada, bem passada: ela abortou um bebê nos seus 8 meses aponto de nascer, e eu ouvi ela dizendo essa parte de sua história pro juiz, claro, ela não podia mentir, ou deixar algo relacionado passar em branco, ela queria muito a minha guarda.
Depois de aproximadamente uns 36 minutos, ele bateu seu martelo declarando minha guarda temporária. Eu não tinha entendido. E ele falou:
- Vamos marcar outra conferência para os avós do Aidan, e até lá, você terá a guarda temporária! - o juiz apontou seu martelo pra minha tia, batendo ele três vezes, e ninguém mais falou nada desde então
Não havia acabado, ela iria assinar muitos papéis, e enquanto isso o juiz se retirou de seu lugar indo embora, porque estava dando a hora do almoço, fiquei esperando ela assinar aqueles papéis chatos, olhei pra trás e não vi mais ninguém sentado nos bancos e olhei para ela e a vi chorando
- Tia o que foi? - olhei fixamente para seu rosto que estava lacrimejando olhando para os papéis
- Aidan, vou ser sincera, talvez você não terá minha guarda - ela para de mexer nos papéis, olha pra mim e coloca sua mão na minha orelha - eu queria muito você como um filho pra mim, esse é o meu maior desejo!
- Mas eu quero morar com você tia, ele não manda em mim
- Fica calmo, vamos esperar ele decidir...
O Juiz logo se sentou em seu lugar novamente, nos viu e disse:
- Parabéns, a guarda do Aidan é sua! Próxima conferência cancelada por direitos próprios.
Eu e minha tia ficamos sem entender a mudança de ideia do juiz de um minuto pro outro, mas não falamos nada, apenas sorrimos um para o outro, eu olhei para trás e lá estava aquela garota novamente mas sem a pessoa que estava junto.
Isso tudo foi muito estranho, juiz que é juiz, já é decidido. Eu simplesmente deixei quieto, não sabia o que fazer. Depois de minha tia ter assinado os papéis, fomos no refeitório do lugar beber um pouco de água após todo aquele extress de quem ficaria com minha guarda, estávamos bebendo água e aquela garota novamente apareceu e me falou:
- Oi Aidan - deu um sorriso
- Quem é você garota? - minha tia entrou no assunto e logo perguntou de cara
- Desculpa, eu não me apresentei, mas eu já ia falar meu nome - ela disse - sou Ariele
Eu não precisei me apresentar pois ela já sabia meu nome então perguntei
- Como sabe meu nome Ariele?
- Eu estava no tribunal sentada bem atrás de vocês e ouvi seu nome várias vezes - disse pegando um pouco de água também
- E quem era aquele ho...
Logo minha tia me interrompeu e fez sua pergunta sem nem mesmo eu terminar a minha
- E o que você está fazendo aqui? Você é parente, advogada, o que? - a questionou com seriedade na voz
- Parente? Advogada? ainda não - ouvi um riso em sua voz junto com as palavras, bebeu sua água e continuou - eu só vim aqui porque eu tive curiosidade pois sou fanática nisso, vou fazer direito no futuro e pelo o que eu sei, pessoas podem visitar aqui com uma autorização
Por segundos achei que minha tia responderia no mesmo tipo, mas ela deu de ombros e não respondeu nada, eu queria fazer uma pergunta pra ela mas eu já estava de saída com minha tia que sempre ficava apresada pra sair e entrar nos lugares.
Chegamos em casa morrendo de fome, e eu pensei em fazer lasanha de almoço, não era difícil, eu já fazia com minha mãe antigamente aos domingos. Toda vez que eu lembrava da minha mãe, sempre me dava um frio na barriga, pior ainda com fome, e não gostava da sensação de maneira nenhuma. Minha tia tipicamente sempre ligava pra minha avó contando as coisas boas do dia, eu estava na cozinha pensando nos ingredientes quando minha tia gritou perguntando- Aidan, você quer fazer o almoço hoje? - ela veio pra cozinha com o celular na orelha esperando minha resposta
- Já estou fazendo, uma deliciosa lasanha - meu estômago roncou enquanto eu pegava uma panela e uma forma
- Só não faz bagunça, o que sujar, limpa! - depois ela foi continuar conversando com a mãe dela, minha avó na sala
Eu e meus inventos de comidas, acho que vou me dar bem nisso, fiz todos os procedimentos e etapas da lasanha e coloquei pra assar e esperei, enquanto isso minha tia veio ver como estava a cozinha dela, e me perguntou sobre o juiz
- Você também achou estranho o juiz ter mudado de palavra assim do nada? - escorou-se na mesa de mármore
- Achei, ainda mais aquela menina que uma hora estava lá dentro no fundo do tribunal e depois desaparece e aparece de novo
- Isso eu não percebi, eu fiquei concentrada o tempo todo no juiz e suas perguntas - ela riu
- Ah pois é - concordei com um sorriso não convincente
- Mas agora que bom que eu sou sua mãe verdadeira - veio em minha direção e arrumou os cabelos que batiam perto do meu olho
- É - fiquei meio sem graça
Eu fui conferir a lasanha se estava no ponto, e senti um cheiro maravilhoso ao abrir a porta do fogão, nessa parte a minha tia me ajudou que foi tirar a lasanha com cuidado, e desde ali almoçamos e assistimos um pouco de tv.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segredos Mortais [COMPLETO]
Mistério / SuspenseQuando eu tinha apenas 11 anos de idade, presenciei a pior tragédia de minha vida, meus pais foram assassinados brutalmente por psicopatas. Depois disso, eu tive de lidar sozinho com toda a minha perda. Para onde eu iria? O que eu tinha de fazer naq...