19. Jeri, paraíso de sonhos perdidos

1.1K 184 76
                                    


Adão afastou o braço de sua esposa de cima do seu corpo e se levantou, caminhando de sunga até a cozinha de sua luxuosa casa. Tomou um copo com água, voltou para o quarto.

— Sentiu saudades, Adão?

Ele virou-se por instinto, com o susto que a voz lhe causara. A voz dela.

— Arlequim!

Ela estava encostada no enorme guarda-roupa, com uma pistola apontada para ele, escondida na sombra, a mão armada aparecendo na penumbra.

— Falemos mais baixo ou ela vai acabar acordando — apontou para a cama.

— Como entrou aqui?

— Esse é o menor dos seus problemas.

— Vamos conversar... Lá fora.

— Sim, claro. Você na frente.

A mulher remexeu-se sob os lençóis, mas não despertou. Os dois saíram do quarto, ele sempre sob a mira da pistola.

— Onde você estava, sua desgraçada?

— Pedi demissão.

— Não existe demissão. Temos um pacto! Você disse que restava mais um. E que só acabaria quando você morresse!

— Eu desisti do último. Estou indo embora.

— Não pode fazer isso! Eu preciso de você na boate!

— O que o Iguana dirá quando descobrir que você não tem como pagá-lo?

— Eu quase consegui o dinheiro. E é pra isso que preciso de você! Eu pago muito mais do que antes. Juro que encontro a vítima que você procura!

— Acho que ele não ficará contente quando perceber que você não tem nenhum centavo...

— Eu já disse que... — fitou-a descrente.

— Abra o cofre, Adão.

— Você é louca? Esse dinheiro é do Iguana!

— Esse dinheiro agora é meu. Meus direitos trabalhistas — sorriu com malícia.

— Não vou te dar um centavo, sua puta maldita!

— Antes de atirar em você vou matar sua esposa e seus filhos na sua frente.

Adão começou a tremer de ódio.

— Abre a porra do cofre, Adão.

Ele foi até um escritório, no mesmo andar. Afastou o tapete, revelando o cofre, abaixo da escrivaninha.

— Juro que vou matar você, sua vadia!

— Claro que vai.

Digitou a senha do cofre, logo retirava vários blocos de notas. Ariel jogou uma bolsa preta e ele a encheu. As veias apareciam no pescoço de Adão, tiritando de ira. Jogou a bolsa para ela.

— Gostei da sunga. Anda! — fez um sinal com a arma.

— Por que não me mata?

— Não teria graça te matar. Iguana vai fazer isso melhor que eu.

Adão foi levado até o próprio quarto e assim que entrou, ela trancou a porta.

Correu até o criado-mudo e pegou sua pistola.

— Amor? — disse a mulher despertando.

Ele deu um chute na porta. Dois. Três. Então atirou na fechadura, gritando, e deu mais um chute, a mulher em desespero em sua cama. Desceu as escadas possesso. O segurança estava caído, mas não havia sangue; devia ter lhe injetado alguma coisa.

Arlequim [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora