"Pain, you know you're right"
Luiz Antônio percebeu que algo estava muito errado quando o carro pegou uma estrada de terra. Para onde o barbudo o estava levando? Ficou em silêncio, maldizendo o momento em que entrou naquele veículo; ninguém sabia que ele estava ali. Olhou hesitante para o motorista, tentando esconder o medo que sentia, cada vez mais evidente. Com aquela barba cor de cobre, olhos e porte, lembrava fácil a imagem caricata de um viking. Olhos famintos, avermelhados e fundos.
— Para onde estamos indo?
Não houve resposta.
— Para onde estamos indo? — repetiu mais alto.
O carro parou, causando uma cortina de poeira.
— Desce do carro.
Luiz Antônio sentiu o corpo inteiro estremecer.
— Mas...
— Desce do carro.
Ele obedeceu. Saiu do carro, com o primeiro ímpeto de sair dali correndo. Mas não se atreveu. Olhou ao redor, para os morros e árvores dos dois lados da estrada.
— Por que me trouxe aqui?
— Onde você viu o homem da foto?
— Calma aí — Luiz Antônio tentou impor a voz para demonstrar que ele estava no controle. — Eu digo o que quiser saber, mas vamos acertar o preço.
Leônidas deu um passo em direção a ele, os olhos frios ameaçadores fixos nos seus.
— Onde você viu o homem da foto?
— Eu não vou fa...
Como um leão, Leônidas atacou, agarrando seu cabelo pela nuca e batendo com violência sua cabeça contra o capô do carro.
— Onde você viu o homem da foto?
— Se me machucar nunca vai saber! — clamou em desespero.
O soco no estômago de baixo pra cima o fez perder o ar por alguns segundos. Leônidas largou seu cabelo para que pudesse cair no chão com as mãos na barriga. Luiz Antônio arreganhava a boca à procura de oxigênio. Tinha que pensar rápido. Leônidas estava desarmado, e apesar do porte físico, nada atlético, mas avantajado, era um cinquentão. Podia arriscar revidar.
—Levanta, seu monte de merda.
— Por que está fazendo isso? Eu... eu quero ajudar.
— Você quer explorar a dor de um pai que perdeu o filho, seu lixo. Eu tenho dinheiro, poderia pagar. Mas não vou dar um centavo. E você vai falar.
Luiz Antônio pôs-se em pé rapidamente, dando alguns passos para trás, levantando poeira. Leônidas ficou onde estava, fitando-o com nojo. O jovem tinha certeza de que ele o mataria.
Deu um giro. Correu, para o outro lado da estrada, em direção a um morro.
Estouro.
A carne da coxa sendo atravessada em uma fração de segundos.
A queda. Cara no chão. Então o grito.
Leônidas aproximou-se com a pistola esfumaçando na mão.
— Eu falo! Eu falo! Por favor, não atira!
— E quanto vai cobrar?
— Nada! Nada! Só quero ir embora. Não atira, por favor! — deu um grito de dor, apertando a coxa para estancar o sangramento. A bala com certeza acertara seu fêmur.
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Arlequim [completo]
Romance"Saiba, agora, de uma vez por todas, quem é Ariel, a mulher que mais amou você nessa vida, e como nasceu Arlequim, o monstro que mais amou você nessa vida. E que por você quase deixou de existir..." Se o amor é puro e divino, o que acontece se você...