21. Corre, Sam!

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Samuel carregava um saco de lixo para a parte externa do pronto-socorro; usava luvas e uma máscara hospitalar. Quando voltava pelo corredor, surpreendeu-se ao ver Elias se aproximando, pálido.

— Elias? — retirou a máscara.

— Eles estão aí fora, Sam — disse em tom de urgência.

— Eles quem?

— Os caras da boate. Estão esperando você lá fora!

Samuel sentiu o impacto da notícia pelo corpo todo. Todos os sintomas do medo se manifestando.

— Como eles me acharam?

— Não sei! Eu vim falar com você sobre o que houve ontem, quando reconheci o com cara de índio esperando em um carro.

— Eles te viram?

— Não. Eu dei a volta a tempo e entrei pela urgência. Corre daqui, Sam, eu vou chamar a polícia — disse já pegando o celular. — Sai pelos fundos do hospital, rápido!

Samuel obedeceu. Correu em direção à área de depósito de lixo hospitalar e então para o portão de ferro, trancado com ferrolho. Destrancou o mesmo e ganhou a rua.

Parou sobre a calçada perguntando-se para onde ir.

Quando percebeu a aproximação do homem tatuado até o pescoço, este já estava perto demais. Samuel disparou em direção a um beco, com o homem em sua cola, poucos metros de alcança-lo; atravessou a rua movimentada de carros, quase sendo atropelado por um deles e seguiu rua abaixo, sem olhar para trás, desviando-se de algumas pessoas e chocando o ombro contra outras, quase as derrubando. Dobrou a esquina, para uma rua com vários carros estacionados no meio-fio, ainda pela calçada. Ao tentar atravessar a próxima rua, uma Land Rover negra parou bruscamente em sua frente, forçando sua parada. Samuel se desequilibrou e antes que conseguisse mudar de direção, sentiu um par de mãos o imobilizar com brutalidade por trás.

A porta traseira daLand Roverabriu, revelando Pajé em seu interior.

— Traz ele pro carro! — fez sinal com a mão.

O tatuado segurava Samuel com firmeza, prendendo seus braços às costas e forçando sua cabeça para baixo. Empurrou-o em direção ao carro, mas parou de repente, puxando-o para trás.

— CUIDADO!

O barulho dos metais se colidindo foi ensurdecedor. O veículo recém-chegado acabara de se chocar em alta velocidade contra o canto traseiro da Land Rover, fazendo-a dar um giro que forçou o segurança a soltar Samuel, na urgência de evitar que fosse atingido pelo carro. Samuel jogou-se ao chão, mas logo se pôs em pé.

—CORRE, SAM! — disse Elias dentro de seu carro, com o para-choque contra a parede do muro, a testa ensanguentada.

O tatuado se jogou para agarrar Samuel, que conseguiu correr a tempo.

As portas da Land Rover eram abertas e delas saíam um careca, que estava ao volante, Adão e Pajé, este também ferido, todos armados;

Elias tentou dar ré no carro;

Samuel atravessou a rua.

Disparos.

Vidros sendo estilhaçados.

Uma buzina ruidosa, barulho de pneus em atrito contra o asfalto, tudo ao mesmo tempo, e um segundo depois o impacto às costas de Samuel, próximo demais dele;

Ele não se virou para ver o corpo do tatuado atropelado pela van.

Nem os bandidos retornando ao Land Rover.

Arlequim [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora