Cap. 7

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Para mim, era como se já havia passado um mês, mas apenas uma semana se passou desde o dia em que eu contei a Drake que estava grávida, meus dias, pareciam ter o dobro de horas comparado com a que realmente tinham, hoje já era dia 22 de setembro, eu estava indo para a sala onde ficava John, ele iria me contar algumas "novidades", e é claro que estava louca para saber a provável data da minha morte.

Chegando lá, John pediu para eu me sentar, começou a falar, e eu fiquei olhando para ele com cara de bosta, até ele ( finalmente) dizer que a "cerimônia " seria no dia 24 de dezembro. Nossa! Que emoção!! Agora eu sei a data da minha morte! E sabe o que mais eu sei?! Eu sei que MEU NAMORADO vai me matar! Como sou sortuda!! ( que Merda de vida a minha, não?)

Um milhão de coisas se passam pela minha mente enquanto fazia o caminho de volta ao meu quarto, mas quando toco a maçaneta da porta sinto uma ponta de preocupação em meu corpo  - Tenho 3 meses. 3 meses de vida...- disse, assim que entrei no quarto. Drake veio me dar um abraço mas eu neguei, então ele sentou na cama, e me sentei ao lado dele - dia 24, né? 24 de dezembro. - concordo com a cabeça, ele volta a falar - Na verdade você tem 3 meses e mais alguns dias, né? - olho para ele com uma cara mortal, ele ri, por que ele está rindo? Sua namorada tem apenas três meses de vida, ela está grávida, e é ele que vai me matar, por que ele está rindo? Eu me levanto e vou até a porta, trancando-a, me dirijo até a janela, pego minha pequena faca, e quando vou sair sinto a mão de Drake em meu ombro olho para trás - vou deixar você sair, mas você promete que vai voltar? - aceno com a cabeça e ele solta meu ombro, e eu saio. Finalmente, estou livre.

Caminho lentamente, com a faca em minha mão, quando entro na floresta, começo a finca-la numa árvore qualquer, isso me ajuda a liberar minha raiva então fico fazendo isso até a árvore ficar cheia das marcas de minha faca, então sentei, encostando meu corpo em seu tronco, comecei a chorar, eu poderia simplesmente fugir dali, me cortar como fiz com a árvore, ou eu podia simplesmente enfiar a faca no meu peito, a dor seria menor, e eu não teria tempo de me arrepender.

Peguei a faca, encostei a ponta da lâmina sobre meu peito, fechei meus olhos, as lágrimas ainda corriam em minhas bochechas, eu iria morrer de qualquer jeito, por que não eu mesma fazer esse serviço, e poupar Drake desse esforço? Aperto mais a faca contra meu peito, sinto a ponta da lâmina perfurar o tecido e tocar em minha pele - Desculpe-me Drake, eu te amo - Disse, como quase um sussurro, e pressiono mais a faca em meu peito.

Minhas mãos tremem, cada vez mais, até eu soltar a faca, eu não consigo, não sou capaz de fazer isso. Levanto- me da árvore, logo me apoiando nela, já não estou mais chorando, pois não tenho mais lágrimas para isso, não sei quanto tempo se passou, não sei se já tenho que voltar para a mansão, mesmo assim decido ir até o morro.

Em passos lentos, e de vez em quando, me apoiando em árvores, consigo chegar no meu destino, sento na ponta do morro, deixando minhas pernas balançarem no ar, eu olho para o horizonte, vejo a floresta, a mansão e a cidade, onde costumava morar a quase um ano atrás, antes de Ace tirar meu nome naquele estupido pedaço de pergaminho, um pedaço de pergaminho que mudou minha vida.

Me ponho a pensar no que aconteceria se Ace tivesse tirado outro papel. Eu não teria conhecido Drake, não estaria grávida, eu seria livre, não teria vomitado em ninguém, eu seria... normal, uma garota qualquer no meio de tantas outras...

Ouço um galho se quebrando, segundos depois vozes... eu acho que são vozes... parecem como sussurros, chiados... Não posso ser vista fora da mansão, isso causaria muitos problemas para mim e para Drake, não importa o que seja, não quero ficar aqui para ver... preciso me esconder. Rapidamente, olho para baixo, estou a 11 metros do chão, lá em baixo há uma pinha de folhas, elas podem amortecer minha queda... se eu tiver coragem de pular talvez eu sobreviva...

Outro galho se quebra. - Foda-se - digo, e logo depois pulo, mesmo sendo apenas por alguns segundos, sinto o vento em todo meu corpo, meus cabelos voam, a sensação de liberdade é incrível, mas logo isso acaba, pois eu encontro o chão, eu estava certa, as folhas amorteceram minha queda, por incrível que pareça, estou viva!

Por mais que tenha sobrevivido, acho que me machuquei um pouco, sinto dores em algumas partes do corpo, principalmente na região um pouco a baixo do meu fígado, a dor é grande como se... lentamente, procuro encontrar com minha mão o meu machucado, estou deitada de barriga para baixo, então percorro minha mão pelas minhas costas, até achar um pedaço de ferro abaixo da minha caixa torácica, o tecido que cobre minhas costas está molhado, minhas vestes, que antes eram brancas, agora estão consumidas pelo vermelho do meu sangue, quando eu cai, no meio das folhas havia um pedaço de ferro, parecido com uma estaca, que perfurou minha barriga. A dor aumenta quando penso no que aconteceu, como ainda estou viva? Por que eu não morri?

A dor toma conta do meu corpo e meus olhos lacrimejam por causa da dela, minha visão fica escura, não enxergo mais nada, logo  não sinto mais nada. A dor me fez desmaiar.

A Quase SacrificadaOnde histórias criam vida. Descubra agora