Cap. 28

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Já tinha escurecido novamente. Eu não aguentava mais ficar sozinha. A solidão me deixava louca, a falta de pessoas ao meu redor me incomodava, eu só queria achar alguém, qualquer pessoa. Olho para a minha comida: uma das cestas já estava vazia, outra, pela metade. Chovia bastante aqui, então eu conseguia pegar água, usando o cesto vazio.

Encosto minha cabeça na superfície da canoa, fecho meus olhos e tento dormir.

Abri meus olhos, eu estava na minha cama, na mansão, ainda na Grécia. Como eu tinha voltado lá? Será que estou sonhando? Me levantei da cama, comecei a andar pelo palácio, ele estava estranho, como se fosse abandonado. Meu quarto, estava normal. Do jeito que eu lembrava dele, mas quando eu saia e andava pelos corredores da mansão, tudo estava sujo, velho, quebrado. Quando me dou conta, estou no museu que incendiei com Drake antes de fugir. Ele está inteiro desmoronado. Há vários quadros no chão, todos eles, queimados. Passo minha mão num deles, e de repente, não estou mais no museu, estou em outra sala, esta é inteiramente preta. A única coisa que vejo é uma porta, ela está bem longe de mim, e está cercada por velas, são elas que me permitem enxergar alguma coisa. Caminho até a porta, e quando chego na sua frente,
observo-a  melhor. É uma porta de madeira escura, nela está escrito os números 11, 1, 20, escritos a dourado. Encostei minha mão na maçaneta, também dourada, e a girei. Estava trancada. Olho para meus pés e vejo uma carta ao seu lado. Abro-a. Só vejo números. Que merda é essa? Leio os números em voz alta:
" 13, 15, 18, 20, 15, 19.
5, 12, 5, 19   5, 19, 20, 1, 15
20, 15, 4, 15, 19  
13, 15, 18, 20, 15, 19. 

5   5  19, 21, 1   3, 21, 12, 16, 1.

3, 21, 12, 16, 1, 4, 1!
13, 15, 18, 18, 1!
13, 15, 18, 18, 1!"

Eu não sei como, mas acho uma solução bem rápido. Cada um desses números representam uma letra do alfabeto. Rapidamente, traduzo a mensagem:
"Mortos.
Eles estão todos mortos.
E é sua culpa.

Culpada!
Morra!
Morra!"
Um calafrio percorre meu corpo quando solto essas palavras. Ouço o som da tranca da porta abrindo. Olho para os números dourados da porta:
"Kat" é isso que está escrito. Outro calafrio. Abro a porta. O que vejo dentro da sala me faz pensar que a pior decisão da minha vida foi abrir aquela porta. Eu vejo várias cadeiras enfileiradas, como numa sala de aula, mas ao invés de alunos, encontro minha mãe, Hayley, meu pai, Drake, Aaron, Lucy, Daniel, e alguns guardas. Aquelas pessoas. São todas as pessoas que eu matei, ou me culpo por terem morrido. Isso é horrível. Começo a chorar e corro até a porta por onde entrei, mas ela não existe mais. Eu apenas quero acordar, mas não consigo. Não consigo sair desse pesadelo. Abaixo minha cabeça e fico assim por um tempo, chorando. Até que eu ouço uma voz, não sei de quem é, mas ela pede ajuda. Levanto minha cabeça e não vejo nada, mas olho para minha roupa, e vejo que, de um segundo para o outro, estou encharcada. Escuto um trovão e desperto.

Tudo aquilo não tinha passado de um pesadelo, apenas um terrível pesadelo. Abro meus olhos. Estava chovendo muito forte, e minha roupa estava encharcada. Olho para os lados, para ver se não havia ninguém no mar, nada. Acho que os gritos foram no meu sonho. Cubro todo meu meu corpo com o cobertor e fico lá, pensando no meu pesadelo. Lembrando de cada uma daquelas pessoas que eu matei ou me culpo pela morte. Fico assim até a chuva passar. Mas ela demora, e eu estou encharcada e com frio, mas ao menos, estou viva.

A Quase SacrificadaOnde histórias criam vida. Descubra agora