Cap. 27

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Começo a correr, ao lado de Drake, afim de conseguir chegar na pequena canoa que tinha no barco, usaríamos essa para tentar fugir dali e sobreviver, mas a vida não é assim tão fácil. O barco caia aos pedaços, partes dele já eram vistas pelo mar. Assim como alguns corpos. Parece que quanto mais eu corro, mais o barco começa a virar. Merda. Já é difícil correr. Me agarro numa coluna de madeira do barco, Drake se agarra em outra, e nosso querido barco, ou pelo menos, a metade que resta dele, começa a ficar em 90° do mar, afundando mais rápido. Acho que esse é o meu fim. Não vejo jeito nenhum de sobreviver. Eu já sinto a água próxima de mim. Eu vou morrer. -KATHERINE- grita alguém ao meu lado, Daniel. Ele pede para mim pular do barco, antes que ele afunde. Eu estou a um metro da água. Olho para Drake, que faz um sinal para mim e pula. Eu faço o mesmo. Caio na água e já começo a nadar até a canoa que estava um pouco longe. Olho para Daniel, ele está muito machucado, ele não sobreviverá. Procuro por Drake, nada. Eu paro de nadar e volto a procurá-lo. A correnteza é muito forte perto do lugar em que o barco afundou, ela me puxa para longe da canoa, e eu afundo. Em baixo da turva água consigo ver Drake, assim como eu, ele tenta se afastar da correnteza, mas não consegue. Ele é jogado contra uma rocha que havia no mar. A água em volta de seu corpo agora é vermelha.

Fico em choque com essa cena e simplesmente perco a vontade de viver. Não podia ser. Drake não pode morrer. Sinto dois braços me puxarem, e eu finalmente posso respirar. Olho para ver quem era: Aaron. Ele tenta me tirar da correnteza e me levar até a canoa, eu o ajudo, e conseguimos alcança-la. Por incrível que pareça, a canoa estava vazia. Eu subi nela, com um pouco de dificuldade, depois falei para Aaron subir também, ele negou, disse que iria procurar outros sobreviventes. Por mais que eu insistisse, ele foi.

Eu esperei por um bom tempo, mas nada de Aaron voltar. Eu olhava para o local do acidente já sem esperanças. Ele tinha morrido. Todos eles tinham.

Começo a chorar desesperadamente, já não ligava mais para onde as ondas me levavam, isso não era importante. Eu já havia perdido todos. Estava sozinha. Já não tinha mais razões para viver.

Quando eu parei de chorar, notei que já estava escurecendo, e que eu já estava num lugar completamente diferente do local do acidente. A pior parte, era que a fome já me atacava, e que minhas roupas molhadas me faziam sentir mais frio ainda. Provavelmente eu iria morrer. Se não fosse de fome, seria de frio. Procuro por alguma coisa na canoa, e de baixo de um pedaço de madeira que servia de banco, havia cinco caixas, nelas tinham comida, uma faca e um cobertor, ainda seco. Me enrolo no cobertor e tento dormir um pouco, ignorando a fome, ignorando a tristeza.

Abro meus olhos, minha barriga ronca. Já está de manhã, e o sol está nascendo. Vou até uma das cinco caixas, a procura de algo para comer. Pelo jeito, aquelas caixas foram colocadas lá ontem, quando alguém tentava fugir do barco, pois haviam algumas frutas e alimentos frescos.
Comi primeiro aqueles que logo estragariam, e guardei o resto. Eu não tinha ideia do que fazer o dia todo, então comecei a desenhar com a faca, na madeira do barco, enquanto riscava linhas aleatórias no banco improvisado da canoa, comecei a pensar nos meus amigos que morreram noite passada, pensei em Matt e em todas as pessoas que eu matei, que agora reconheço que aquelas mortes não adiantaram para nada, pois eu vou morrer e nem consegui chegar na Itália ainda.

Espero que Clarisse não passe pelos mesmos problemas que eu passei com o barco, espero que ela tenha uma viagem ótima e chegue a salvo na Itália. Espero que Matt consiga entender, ao menos, me perdoar, por eu tê-lo deixado na Grécia, sozinho, assim como eu estou agora.

A Quase SacrificadaOnde histórias criam vida. Descubra agora