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11:16 PM

- Violett... – Sou capaz de reconhecer a sua voz em qualquer lugar. Saio do apartamento para o ver sentado ao lado da minha porta com um péssimo ar.

- Harry! – Ajoelho-me ao seu lado, preocupada com a sua situação. – O que aconteceu? – Seguro o seu rosto e consigo ver um pequeno corte aberto na maçã do rosto esquerda e outro na sobrancelha direita. O seu hálito tresanda a álcool. Boa, está bêbado e andou a lutar!

- Tu estás bem?

- Sim. – Encaro-o confusa. – Eu estou bem. Tu é que não estás nada bem. – Digo segurando o seu rosto para o analisar melhor. – Vem, eu ajudo-te.

- Violett, eles magoaram-te? - Murmura enquanto eu tento levantar o seu corpo do chão. Coloco os meus braços à sua volta e ele caminha cambaleante segurado a mim. - Estás bem?

- O quê? Eles quem? De que estás a falar? Claro que estou!

Entramos em casa e fecho a porta com um pé fazendo com que ela bata com demasiada força e faça barulho no prédio. Caminho com Harry para o sofá e sento-o lá. Todo ele se encosta e fecha os olhos. Abano-o e bato-lhe no rosto para que não adormeça.

- Não durmas! – Digo alto. – Vou só buscar água. – Apressadamente, vou até à cozinha e trago um copo cheio de água gelada. – Toma, bebe. – Ele tenta agarrar no copo, mas parece não ter uma boa noção de onde ele está. – Esquece. – Coloco o copo na sua boca e ele bebe rapidamente.

- Desculpa. – Murmura, fecho os olhos e abano a cabeça em desaprovação. Nem acredito que depois de tudo, ele teve a lata de aparecer aqui completamente bêbado.

- Não, Harry, não desculpo. – Falo. – Quanto é que bebeste?

- Nada. Não bebi nada. – A sua voz é lenta e preguiçosa, ainda mais do que o habitual. Neste estado fica sem qualquer pose de senhor importante, é apenas um jovem bêbado.

- Mentiroso! Estás podre de bêbado! Não me mintas, detesto mentiras. – Aviso afastando-me e passando as mãos pelo cabelo chateada. E agora? Ele está magoado.

- Peço muitas desculpas. – Suspiro e aproximo-me novamente. Seguro no seu queixo e toco com cuidado nos cortes, ele arfa de dor.

- O que andaste-te a fazer, Harry? – Murmuro vendo a profundidade das feridas e a sua pele que começa a ficar roxa nalguns locais específicos. Subitamente, a sua postura muda e ele fica rígido, mesmo bêbado, continua a ser intimidante.

- Não te metas nisto. – Avisa-me rude e olho-o chocada.

- Estás a gozar comigo? – Grito. – Vieste para minha casa em busca de ajuda e agora dizes-me para não me meter? Tens um grave problema de bipolaridade.

- Esquece o que eu digo. Estou bêbado. – Agarra no meu pulso e puxa-me para o espaço entre as suas pernas.

- Que novidade... – Reviro os olhos.

- Beija-me, Violett. Por favor beija-me. – Pede ao fim de uns segundos de silêncio. Olho para ele e vejo-o fixo nos meus lábios. Não!

- Não.

- Por favor, Violett. É por tua causa que estou assim. – Solto-me do seu aperto ofendido. – Eu gosto tanto de ti e tu só me dás para trás. - Ele está bêbado, muito bêbado. Não o podes levar a sério, Violett.

- Sabes que mais Harry, acho que já chega por hoje. – Digo e desilusão surge no seu olhar quando me afasto mais.

Vou até à cozinha e trago outro copo de água e uns comprimidos para a ressaca, para que tome amanhã quando acordar. Quando chego novamente ao sofá, está quase adormecido. Descalço-lhe os sapatos e tiro-lhe o blazer, que coloco no sofá ao lado. Desaperto-lhe os botões da camisa e tiro o cinto. O que é definitivamente estranho de fazer, diga-se de passagem. Empurro-o para que se deite no sofá e vou buscar uma manta, com que o tapo.

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