025

496 34 14
                                    

21:12 PM

A noite chega mais rápido do que estava à espera. Tenho que apanhar o metro para chegar ao bar da Rebecca, por isso saio de casa mais de meia hora antes da minha hora de entrada ao serviço. O Harry esteve lá em casa esta tarde, quer dizer, esteve à porta porque eu não lha abri. Ficou a tocar e a bater à porta durante mais de quinze minutos, mas não respondi, por isso ele insistia em dizer-me para abrir a porta, gritava e berrava. Ligou-me e mandou-me inúmeras mensagens a pedir para o atender ou ligar-lhe. Ignorei tudo. Continuo sem acreditar que ele permitiu que eu estivesse drogada, que me tivesse sentido mal e ainda tem o descaramento de não mostra qualquer preocupação com isso. Provavelmente, ontem à noite, na floresta já assim o estava e foi por isso que me estava a sentir estranha. Se algo me tivesse acontecido a culpa ia ser dele e era ele que seria responsabilizado. Já devia saber que as saídas com o Harry acabam sempre mal para mim. Incrível. Ainda na sexta-feira o odiava, passei o fim-de-semana apaixonada e agora estou frustrada e desiludida. Que vida...

Quando chego ao bar este ainda não está aberto. O David e a Rebecca estão lá dentro a arrumar tudo para os clientes. Faltam cerca de 20 minutos para a hora de abertura.

- Boa noite. – Digo assim que chego.

- Olá, querida. Estás melhor?

- Sim. Muito obrigada por tudo Rebecca. – Sorrio-lhe genuinamente agradecida e ela sorri de volta.

- Seja bem-vinda novamente, dona Violett. – David aproxima-se para me cumprimentar.

- Oi David. Como estás?

- Estou bem. Ontem fui a jogo de futebol e a minha equipa ganhou. O que podia eu mais querer? – Faz-me rir pela forma como o diz. – E tu?

- Também estou bem. A viver os altos e baixos da vida.

- Hoje vai ser uma noite alta. Vai haver uma festa de estudantes da universidade de Desporto. – Diz. – Prepara-te para o sangue, o suor e a virilidade extrema. – Ri.

- Mas o espaço está reservado exclusivamente?

- Sim, hoje está reservado aos universitários do Desporto. Eles pagaram uma grande quantia pelo espaço e por um número de cervejas. Se a conta exceder, enviamos para a associação de estudantes.

- Oh.

- Hora de abrir, crianças. – Interrompe-nos. - A Amy chegou. Violett, ela vai ajudar-te esta noite. É a minha sobrinha.

- Ao trabalho. – Murmuro e afasto-me até ao pequeno palco. Preparo a guitarra e o material eletrónico enquanto esperamos que chegue alguém ao bar.

Pouco tempo depois ouve-se uma manada aproximar-se do interior do bar. No ar há confusão e vozes, graves e altas, quando os estudantes musculados entram no estabelecimento. Juntam algumas mesas e ficam lá todos de pé, pois são mesas de bar. Rapidamente começam a chamar pelas empregadas, ou seja, eu e a Amy. Tratamos de trazer dezenas de cervejas para as mesas. Meia hora depois o bar está a abarrotar de jovens bêbados e confusos. Para uma segunda-feira, hoje a noite vai ser lucrativa.

Quando arranjo um tempo livre, vou até ao palco e toco e canto para ninguém em especial pois ninguém está interessado na miúda imbecil em cima do palco a tocar como um idiota. Sou mesmo idiota!

- Olhem lá a gaja boa em cima do palco. – Alguém bêbado grita e de repente os olhares estão em mim e uma ainda maior confusão é gerada. – Não tiras a roupa tu?

- Não, não tiro a roupa. Eu só canto. – Digo ao microfone para que todos oiçam.

- Dou-te 20 dólares para tirares a blusa! – Alguém grita do fundo do bar e começo a sentir-me nervosa.

AddictionOnde histórias criam vida. Descubra agora