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Levanto-me indignada e aproximo-me dela.

- Oiça Victoria, não sei nada sobre o Harry, literalmente nada. Não sei porque insiste ele em meter-se na minha vida, mas peço-lhe que não volte a repetir-se. Não quero ter nada a ver com ele. E isso significa que não quero fazer a entrevista amanhã. Desculpe, mas vai ter que arranjar outra pessoa.

- Violett, tu vais fazer a entrevista, não é uma opção. – Rosna.

- Ou o quê? A Victoria vai despedir-me se uma das suas estagiárias adoecer num dia de uma entrevista? Não me parece muito legal. – Testo a sua paciência e vejo-a a ficar furiosa debaixo de toda aquela maquilhagem cara. – Não seria muito ético nem profissional, se uma das revistas mais prestigiadas do mundo, não tivesse outro alguém que possa fazer a entrevista a uma entidade tão adorada do público feminino.

- Para de ser irreverente e senta-te. Temos que preparar a entrevista para amanhã, vai ser importantíssima.

- Não. – Recuso-me mostrando-me firme e zangada.

- Está bem, não faças. Mas escusas de aparecer aqui novamente. – Ameaça e sorri pensando que assim vou ceder, mas está redondamente enganada.

- Okay.

Viro costas, e oiço a sua indignação ao perceber que vou mesmo embora sem ceder. Avanço para fora do seu gabinete e quando chego à minha secretária, guardo as minhas coisas calmamente para sair daqui.

- Violett, o que estás a fazer? – Jace pergunta receoso vendo-me arrumar.

- A Victoria está furiosa! – Sasha surge apressada a correr nos seus saltos altos.

- O que aconteceu? – Eu sei que são meus amigos, mas simplesmente já não consigo aguentar as perguntas.

- Fui amavelmente convidada a deixar as instalações e não cá voltar novamente. – Declaro.

- O quê? – Ambos estão estupefactos. – Violett, tu precisas do dinheiro deste estágio para sobreviver.

- Vou arranjar outro emprego. Mas aqui, não fico mais. – Agarro na mala e na pasta e preparo-me para sair sem arrependimentos. – Agora tenho que ir, falamos mais tarde. – Digo, mas volto para trás para os abraçar. - Vai ficar tudo bem comigo, não se preocupem. – Sorrio antes de praticamente fugir do edifico deixando todos a olhar atónitos.

- Raios, raios, raios! – Exaspero sozinha enquanto caminho pelas ruas sem destino certo. - Porque é que tem tudo que ser tão complicado para mim? Preciso de ir à bruxa ou assim...

Ao fim de meia hora a andar sem rumo e a pensar no quão horrível a minha vida está neste momento, penso em ligar aos meus pais, mas desisto pois não quero desiludir e preocupá-los ao dizer que me despedi do meu único emprego que me pagava as contas e ainda contribuía lá em casa. Pelo caminho, vou passando em várias lojas e cafés que dizem precisar de empregados, vou deixando o meu contacto e a minha simpatia enquanto tento a minha sorte.

Já perto da hora de almoço, entro num pequeno café onde à entrada dizem que na compra de uma sandes e um sumo, oferecem um bolo. O preço é em conta por isso entro. Apesar de ser numa rua um pouco distante da avenida principal, o café é bastante agradável. Tem um pequeno sinto por cima da porta que faz barulho cada vez que alguém entra, algumas mesas e um balcão com apenas uma senhora atrás dele. Há algumas pessoas nas mesas, todas elas, sozinhas ou acompanhadas, estão a comer e isso dá-me ainda mais fome do que a que já tenho. Sento-me num banco perto do balcão e uma mulher, que deve ter por volta dos quarenta anos, apressa-se a atender-me.

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