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A luz penetra  o quarto frio lentamente, iluminando-o. Pouco passa das cinco da manhã e os primeiros raios de sol nascem no horizonte indicando-me que o dia vai começar em breve. Levo as mãos à cara e esfrego os olhos tentando despertar-me mais um pouco, depois de puxar o meu cabelo, inclino a cabeça para trás e solto um suspiro pesado e cansado.

Observo a mulher nua, adormecida ao meu lado. Os seus cabelos longos e escuros estão espalhados pela almofada branca e ela está agarrada às mantas que deixam um pouco de um seio descoberto, embora uma das suas bonitas pernas esteja também destapada. Os lábios vermelhos e, a pele muito branca e pálida, faz-me querer que está gelada, o que venho a confirmar quando aproximo os meus lábios da sua testa. Afasto cuidadosamente alguns cabelos da frente dos seus olhos e observo os seus delicados e belos traços faciais que parecem ter sido esculpidos ao pormenor. O meu polegar delineia lentamente a sua boca tão beijável. Ela parece diferente? Ontem à noite estava nervosa e inconsolável e agora, nesta posição tão angelical e sossegada, nem parece a mesma pessoa.

Pergunto-me se foi errado ter feito sexo com ela. Não é como se fosse algo muito especial. Sei que lhe causei dor e como era a sua primeira vez, tudo era terreno novo para si, mas não acho que devesse esperar mais. Ela tem que saber o que anda a perder. Os pequenos prazeres da vida são pecado.

Cubro-a melhor com cuidado e levanto-me silenciosamente em busca do meu equipamento de desporto. Depois de vestido e já num dos meus carros desportivos, faço o caminho até ao ginásio da empresa, contra o vento frio que nasce com os primeiros raios de sol.

No edifício, pouso o meu saco e deixo o telemóvel dentro do mesmo, enquanto me coloco na passadeira fixa para aquecer, vejo a vida cosmopolita iniciar-se aos meus pés. Minutos depois, já esquecido de que estou a correr percebo que o treino de hoje não vai render qualquer coisa porque não me consigo concentrar. As minhas mãos puxam a t-shirt para fora do corpo atirando-a para o chão polido. Busco dentro do meu saco umas luvas de boxe e aperto-as nos meus pulsos com força.

Observo o saco de boxe balançar uns segundos e deixo a minha cabeça cair para trás quando imagens do corpo nu de Violett invadem a minha mente poluída. Atinjo o saco com o primeiro murro tentando ignorar a imagem provocadora na minha cabeça. Vejo-me a sentir as suas pernas presas à minha cintura e a maneira que ofega enquanto entro dentro dela. Volto a atingir o meu alvo, desta vez com mais força. Os meus dedos percorrem cada centímetro da sua pele branca e suave enquanto ela me pede para parar excitando-me ainda mais. Deixo os meus punhos soquearem com força e vontade o saco, que não para de se mexer e me força a acompanhar o seu movimento continuo para que consiga de vez retirar estas imagens maliciosas da Violett da minha cabeça.

- Perturbado como sempre.

Louis entra no ginásio e pousa as suas coisas perto das minhas antes de se colocar na passadeira, tal como eu fiz para aquecer. Não lhe respondo e continuo a acertar no saco violentamente. Não sei quando tempo passa, mas quando volto a olhar para ele, já está encharcado em suor a levantar pesos. O meu olhar percorre a janela mostrando que deve passar pouco das seis da manhã. Por segundos tenho um vislumbre da silhueta de Violett observando a cidade, logo me desperto e saio de perto do saco de boxe para pegar na minha toalha que acumula todo o suor do treino.

- Alguém teve uma noite dura ontem. – Louis ri enquanto limpo o suor. Viro-me para ele afastando os cabelos da testa. – Quem te fez essas marcas tão lindas, Harry? – Olhando para a parede de espelho, vejo os arranhões vermelhos nas minhas costas e quero sorrir, mas mantenho-me sério. – Nova amiga? – Um olhar basta para que ele levante as mãos em forma de rendição. – Não leve a mal, senhor resmungão.

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