Life story

161 8 0
                                    


    Angel Blanc POV:

- Angel, sinto muito, mas você está demitida.
"Mais um emprego" - pensei arrumando meus óculos fundo de garrafa.
Motivos? Não transei com o marido dela e ele fez minha caveira, dizendo que eu não fazia nada direito.
- Tudo bem. - Suspirei.
- Está aqui seu pagamento. - Dona Trish me entregou um envelope.
- Obrigada.
Me despedi de Christian, seu filho de 3 anos, e segui em direção á creche de Caitlyn, minha filha.
- Mamãe? - Minha bebê de 3 anos me olhou confusa ao me ver parada na porta de sua sala.
- Oi, meu amor, vamos pra casa, está bem? - Sorri amável.
Ela assentiu e correu até mim.
Me despedi de sua professora, e minha melhor amiga, com um sorriso envergonhado e ela sorriu de volta, percebendo que eu acabara de perder mais um emprego.
- Mamãe, comi brigadeiro, a tia Betty me deu. - Disse animada.
- Que legal, Caity. - Beijei sua bochecha corada.
Agora deixe eu contar um pouco sobre minha vida.
Aos 15 anos conheci Noah, ele estudava na mesma turma que eu, era lindo, olhos castanhos e um cabelo tão negro que me fez ter vontade de bagunçá-los logo na primeira vez que o vi, começamos a nos conhecer e namoramos por alguns meses, até que aos 16 anos descobri que estava grávida, ele não me quis mais, meus pais me expulsaram de casa e eu tive que me virar, graças a Deus consegui completar meus estudos, Betty me ajudou bastante, moramos juntas em uma pequena casa de 4 cômodos que alugamos num bairro de classe baixa em Los Angeles. Caitlyn se parece muito comigo e isso me ajudou ao esquecer Noah.
Hoje, aos 20 anos, sou muito mais madura que uma mulher de 40.
Ao abrir a porta de casa, coloquei Caitlyn no chão e ela logo correu para o sofá, onde Pudim estava dormindo. Deixe-me explicar: Pudim é o nosso cachorro a 3 meses, Caitlyn ama pudim e não quis outro nome, a não ser esse.
- PUDIM! - Ela gritou ao pegar o animal no colo e o abracá-lo.
- Filha, cuidado pra não machucá-lo. - Adverti.
Peguei uma xícara no armário da cozinha e me servi com o pouco de café que tinha na cafeteira, me sentei na mesa e deixei com que as lágrimas escorressem por meu rosto.
- Mamãe! - Ouvi Caity me chamando.
Antes que eu levantasse, ela correu até a cozinha, mas parou antes mesmo de chegar até mim.
- Tá cholando, mamãe?
- Não, caiu um cisco no óculos da mamãe, aí machucou meu olho, coisa boba.
- Mamãe, eu sei que você tá cholando, mas Caity tá aqui com você. - Ela se aproximou de mim e a peguei no colo.
- Eu sei disso, meu amor. - A abracei forte enquanto ela acariciava meu cabelo.
Ela começou a distribuir vários beijos em meu rosto e eu ri com seu desespero de me acalmar.
- Pronto! Já estou melhor. - Ela riu.
- Te amo, Mamãe.
- Também te amo, Caltlyn. - Limpei meus olhos. - Agora me conta por que estava me chamando.
- É que o Pudim fez pipi na sala.
- Tudo bem, eu limpo.
- E eu esfreguei a cara dele no pipi, pra ele não fazer mais isso, puque é feio. - Não contive a risada.
- Meu Deus, Caitlyn! Não se pode fazer isso.
A coloquei no chão e me levantei para pegar um pano, sequei a sujeira que Pudim havia feito e fui dar banho em minha filha porquinha.
- Não me molha, Caitlyn. - Falei brava.
- Eu não gosto de banho. - Disse emburrada.
Revirei os olhos.
- Pára de manha.
Terminei o banho dela, com muito custo, a sequei e a vesti com um vestido soltinho, penteei seus cabelos claros e ondulados e passei seu perfume.
- Doeu?
Ela fez um bico enorme, ainda emburrada.
- Ia fazer pudim, mas já que você está emburrada, acredito que queira ficar aqui no quarto.
- Não, Mamãe! Já to bem. - Ela forçou um sorriso e dei risada.
- Pilantrinha.
Ela era meu maior tesouro e nem tinha consciência disso.
Após preparar o pudim e colocar em dois pratos sobre a mesa, ouvi batidas na porta, ajeitei meu óculos e olhei para Caity que estava entretida em sua sobremesa.
- Mamãe já volta.
Ela assentiu, fui atender a porta e me deparei com o dono da casa, Mathew.
- Boa tarde, Senhor.
- Boa tarde, senhorita Angel, precisamos conversar.
- Hm, ok. - Saí de casa e fechei a porta.
- Gostaria que fosse lá dentro. - Disse levantando uma sobrancelha.
- Garanto que se for importante, não importa o lugar. - Cruzei os braços.
- Touché, senhorita Angel.
- Diga, não posso deixar minha filha sozinha.
- Vou ser direto: Te dou 1 mês pra ficar na minha casa, vou vendê-la e tenho certeza que você e sua amiga não tem condição de comprar.
- Por favor, senhor Mathew, você sabe que eu não tenho pra onde ir.
- Existem outras casas para alugar aqui em Los Angeles.
- Mas não perto da creche da Caity.
- Sinto muito, meu prazo está dado, passar bem, senhorita Blanc.
E ele se foi, me deixando destruída, é muita notícia ruim pra um dia só.
Respirei fundo, não deixando com que as lágrimas escorressem por meu rosto, não poderia ser fraca na frente de Caitlyn. Entrei em casa e fui para a cozinha, vi Caity dando pudim para Pudim.
- Ora ora ora, se não peguei no flagra! - Ri.
Ela me olhou assustada.
- Não tem problema, mas ele não pode comer doces, se não ele pode morrer.
Ela assentiu ainda com os olhos arregalados, sorri e beijei sua testa.
Me sentei na mesa e comi um pouco do doce, fingindo não ver as vezes que ela molhava o dedo com pudim e dava para o cachorro.
Algumas horas depois, estou deitada com Caity no sofá, estou lendo um livro pra ela, que está sonolenta e não demora para pegar no sono, a levo para o quarto e volto para o aconchego do sofá, onde me desmancho em lágrimas. Escuto a porta ser aberta e Betty entra.
- Boa noite. - Falo fungando.
- Acho que não é tão boa, né, amiga?
Nego fechando os olhos para que as lágrimas escorram ainda mais em meu rosto.
- Fui demitida e Mathew veio pedir a casa, temos 1 mês.
Ela respirou fundo e se sentou ao meu lado.
- Posso vender meu carro e..
- Não! Eu vou me virar, Betty, obrigada.
- Por que não liga pra sua mãe?
- Não! - Me sobressaltei.
- Ok, retiro o que eu disse. - Ela levantou as mãos em rendição.
Bufei.
- Amanhã vou sair cedo pra procurar emprego.
- Tudo bem, pode deixar que eu levo a Caitlyn pra creche.
- Obrigada, Bettany. - A abracei. - Por tudo.
- Irmãs pra sempre, certo? - Ela beijou minha bochecha.
- Sempre! - Funguei.
- Vai dar tudo certo. - Ela se soltou do abraço e se levantou.
Sorri mais aliviada.
- Vai lá tomar banho, você deve estar exausta.
Ela se espreguiçou.
- Totalmente destruída.
É, Betty, eu também.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora