Angel POV:
- Merda! O que sua mãe está fazendo aqui?
- Eu não sei, mas já vou descobrir. - Me levantei da cadeira e caminhei apressada até minha mãe.
Ouvi uma pessoa atrás de mim, provavelmente Bettany.
- Mãe? - Falei simplesmente, ao me aproximar.
- Oh! Olá, Angel. - Ela me analisou dos pés á cabeça.
- O que você quer aqui? - Perguntei.
- Soube que estava morando aqui e precisamos conversar. - Empinou o queixo, falando em um tom superior.
- Não quero conversar com você.
- Miranda, o que te fez achar que tem o direito de aparecer na vida de Angel após quase 5 anos? - Bettany disse, em um tom indignado.
- O que te faz achar que tem o direito de se meter no assunto? - Minha mãe perguntou.
- Ela viveu comigo o tempo todo em que você não esteve presente, em que você disse que não me considerava mais sua filha e simplesmente me jogou pra fora de casa! Então acho que ela tem sim todo o direito de se meter. - Falei irritada.
- Abaixe o tom, Angel. - Ordenou.
- Acho que você não tem mais direitos sobre mim. - A confrontei.
- O que está havendo aqui? - Ouvi a voz de Justin.
- Ora ora ora, Justin Bieber. - Vi um sorriso se formar nos lábios de minha mãe.
- Quem é você? - Ele perguntou levantando uma de suas sobrancelhas.
- Miranda Roseline Blanc, mãe de Angel. - Ela estendeu a mão para que Justin apertasse, o que ele não o fez.
- Vá embora. - Justin segurou em minha mão, puxando-me para trás de si.
- Preciso conversar com minha filha. - Recolheu sua mão.
- Agora sou sua filha?- Perguntei ironicamente, me posicionando ao lado de Justin.
- Angel.. - Ela suspirou. - É importante.
E então vi sua armadura de mulher de ferro cair, seus olhos pareciam suplicantes, franzi minha testa e olhei brevemente para Justin.
- Vamos até meu apartamento. - Falei.
- Angel.. - Justin começou a dizer.
- Está tudo bem, eu não irei demorar. - Lhe dei um selinho rápido.
- Quer que eu vá com você? - Bettany perguntou.
- Não, fique aqui com Caity. - Falei e ela assentiu contrariada.
Olhei para minha mãe e andei em sua frente, senti seu salto fino bater no piso a cada passo e fomos para o elevador, ao entrarmos, apertei o botão de meu andar. O silêncio estava me torturando, mas não passaria por cima de meu orgulho e falaria com ela, antes dela me dizer o que veio fazer aqui após anos sem dar sinal de vida.
A porta do elevador se abriu e me dirigi até a porta de meu apartamento, peguei a chave da casa embaixo do tapete e abri a fechadura. Ao entrarmos, caminhei até o sofá, vendo seu olhar analisar o apartamento.
- É um belo lugar. - Concluiu.
- Obrigada. - Agradeci e ela se sentou ao meu lado, pousando as mãos, com as unhas sempre bem feitas, sobre as pernas.
- Vou direto ao assunto. - Ela suspirou, parecendo escolher bem as palavras.
- Fico feliz com isso.
- Eu vim até aqui por mando de seu pai. - Ela me olhou. - Ele está doente, muito doente. - Ela suspirou. - É leocemia.
Meu coração se apertou ao ouvir aquelas palavras.
- Mas ele sempre foi um homem saudável. - Franzi o cenho, confusa.
- Eu sei, pra nós também foi uma grande surpresa. - Seus olhos me olhavam perdidos. - Ele pediu para que eu procurasse você, disse que precisa passar um tempo com a filha e a neta antes de partir. - Ela comprimiu os lábios.
Por um instante achei que iria vê-la chorar, mas conheço minha mãe e sei que ela nunca faria isso na frente de alguém.
- Vocês ainda moram aqui em Los Angeles? - Perguntei.
- Na mesma cidade, mesmo bairro e mesma casa.
- Eu irei vê-lo amanhã, Caity estará exausta hoje e eu também estou.
- Ah, sim, a semana de moda de Paris. - Vi um leve sorriso se formar no canto de seus lábios pintados de marrom.
- Sim. - Suspirei.
- Bem, preciso ir, seu pai precisa tomar os remédios. - Ela se levantou.
- Tudo bem. - Me levantei em seguida.
Caminhei até a porta e a abri, dando espaço para que minha mãe passasse.
- Bom, tchau, até logo. - Falei um pouco sem jeito.
Eu não sabia o que dizer.
- Até logo. - Fez um gesto com a cabeça.
Eu já estava fechando a porta, quando ouvi sua voz.
- Angel?
- Sim?
- Você vai mesmo, não é? - Perguntou.
- Irei. - E então ela ajeitou a bolsa no ombro e virou as costas.
Fechei a porta e dei um longo suspiro, eu estava exausta, meu corpo pedia por descanso. Caminhei até a cozinha e enchi um copo com água, bebi calmamente, pensando em meu pai, ele era um homem tão saudável, sempre cuidou da saúde, lembro que corria quase todas as manhãs, não bebia e não fumava. Não entendo como está tão doente.
Terminei de beber minha água e voltei para a festa o mais rápido possível, ao entrar no salão, vi Caity no colo de Christian, ele e Justin conversavam normalmente e isso realmente me aliviou muito. Não queria ser a causa do término de uma amizade de anos.
Caminhei até eles e me sentei ao lado de Justin, Caity veio para o meu colo e encostou a cabeça em meu peito. Segurei a mão que Justin me estendeu e apertei de leve, mostrando que estava tudo bem.
- Comeu bastante, meu amor? - Perguntei para Caity.
- Sim, mamãe. - Ela levantou a cabeça me olhando. - A tia Betty me deu brigadeiro.
- Sério? A mamãe também quer. - Fiz beicinho.
- Tia Betty! - Ela gritou.
- Caitlyn! - A repreendi.
- Ué, você não queria também? - Ela perguntou como se fosse óbvio.
- O que foi? - Bettany se aproximou da mesa, acariciando a barriga.
- A mamãe quer brigadeiro. - Disse.
- E você faz um escândalo desse pra pedir brigadeiro pra sua mãe, Caitlyn? - Bettany disse fingindo estar brava.
- Sim. - Caity encolheu os ombros e dei risada.
Abracei minha filha enchendo seu rosto de beijos, enquanto ouvia suas gargalhadas.
Justin e Christian nos observavam com um sorriso divertido no rosto.
- Aqui. - Betty voltou com um pratinho com bolo e brigadeiros, trouxe também um copo de coca e um potinho com pudim de morango.
E eu nem havia visto ela sair daqui.
- Obrigada. - Agradeci e ajeitei Caity em meu colo.
Peguei o garfinho e comecei a comer o bolo, estava realmente maravilhoso. Ele havia sido feito por Buddy Valastro, o cake boss. Era um bolo de chocolate com frutas vermelhas no recheio.
Caity ficava mexendo na barra de seu vestido floral, estava com sono, balancei minhas pernas a ninando, enquanto comia, Justin mantinha uma conversa sobre carros com Christian, de vez enquando me olhando. Ao terminar, limpei minha boca com o guardanapo, algumas pessoas vieram se despedir, todas deram um beijinho na bochecha de Caity, que estava sonolenta em meu colo.
- Amiga, estou indo para a casa de Ryan, depois precisamos conversar. - Bettany disse.
- Tudo bem. - Sorri fraco, a tranquilizando.
- Qualquer coisa, me liga! - Beijou minha bochecha e a testa de Caity.
- Está tudo bem, Betty. - Falei e ela assentiu, cedendo.
Ela logo se retirou e Justin se levantou.
- Vamos para o seu apartamento, Caity está com sono. - Disse.
- Sim, e preciso dar um banho nela antes que durma. - Falei e Justin pegou Caity no colo.
Ela estava ficando pesada.
Christian nos olhava em silêncio.
- Você pode ficar no meu apartamento, a chave reserva está no vaso. - Justin disse para ele.
- Tudo bem, dude. - Ele assentiu. - Vou roubar mais alguns brigadeiros e vou pra lá. - Ele disse.
Provavelmente nunca havia comido o doce brasileiro, Betty conseguiu encontrar um Buffet que sabia fazer.
Justin ajeitou Caity em seu colo e me levantei, me despedi de Christian com um sorriso leve e um gesto de cabeça e acompanhei Justin para fora do salão. Fomos para o elevador e apertei o botão de meu andar, não demorou muito para que chegássemos ao apartamento, dei um banho rápido em Caity e a vesti com um pijama lilás, logo a coloquei na cama e fui para o meu quarto, Justin me esperava na cama.
- Banho de banheira? Já a preparei. - Sorriu.
Apenas assenti, o agradecendo mentalmente. Fui para o banheiro com Justin logo atrás e tiramos as roupas, ele entrou na banheira e entrei em seguida, fiz um coque no cabelo e encostei minhas costas em seu peito.
- Quer me contar o que aconteceu? - Perguntou e beijou meu ombro, logo começando a massageá-lo.
- Meu pai está com leocemia e pediu para que minha mãe viesse me procurar, acho que quer se redimir. - Suspirei de olhos fechados, sentindo suas mãos firmes.
- Você irá lá? - Perguntou.
- Vou, por mais que eles tenham errado, ainda são meus pais.
- Eu sei que você está sofrendo, meu amor. - Justin disse.
- Estou, mas minha mãe é daquelas pessoas que aumentam as coisas, então prefiro vê-lo, antes de me lamentar, talvez eu possa fazer algo por ele. - Falei.
- Tenho orgulho de você. - Ele parou a massagem e beijou minha nuca. - Eu te amo.
- Eu também te amo, Justin. - Sorri me sentindo mais relaxada.
Ficamos mais algum tempo ali, apenas aproveitando um ao outro. Voltamos para o quarto, nos vestimos com roupas confortáveis e ficamos vendo filmes a noite toda, até nossos olhos se fecharem sem percebermos.
[...]
Quando Justin parou o carro em frente á casa em que morei a maior parte da minha vida, confesso que meu coração palpitou e um frio na barriga apareceu. Desci do carro e abri a porta de trás, pegando Caity da cadeirinha, a coloquei no chão e segurei em sua mão. Justin desceu também e ativou o alarme. Ao entrarmos pelo portão, sentia minha ansiedade aumentar a cada passo, parei em frente á porta e apertei a campainha, não demorou muito para que minha mãe viesse atender a porta.
- Achei que não viria. - Disse surpresa.
- Eu disse que viria. - Falei.
Ela deu espaço para que passássemos e ao entrarmos, ela fechou a porta.
- Ele está no quarto, acabou de acordar, então ainda está um pouco lento. - Minha mãe explicou.
- Tudo bem. - Suspirei. - Justin, espere aqui com Caity. - Ele assentiu a pegando no colo.
- Você sabe o caminho. - Minha mãe disse.
Apenas assenti e olhei para a escada no meio da sala, caminhei até lá, subindo rapidamente, tendo algumas lembranças a cada passo. Ao chegar no topo da escada, segui em direção ao corredor, entrei na segunda porta á direita e me deparei com meu pai, pálido, careca e magro sobre a cama. Não segurei as lágrimas quando ele me olhou, coloquei a mão na boca tentando abafar um soluço.
- Pai..
- Angel.. - Sua voz estava rouca e fraca, diferente da voz de que eu me lembrava, grossa e forte.
Me aproximei da cama e me sentei, não sabendo como reagir, mas ele esticou seus braços e deitei meu tronco sobre ele, o abraçando. Meu choro era alto, eu sentia falta dele, sentia falta das noites em que ele me colocou pra dormir e dos dias que ele me levava para a escola, fechei meus olhos tentando me lembrar do homem forte e saudável, de seus cabelos negros e suas bochechas coradas.
- Filha, eu sinto muito, por tudo. - Sua voz rouca me despertou.
Levantei meu tronco o olhando.
- Eu sofri a cada dia, sua mãe não deixou eu te procurar e eu me arrependo por ter escutado ela. - Ele acariciou meu rosto limpando minhas lágrimas. - Você está tão linda, minha filha.
- Está tudo bem, pai, esqueça o que aconteceu. - Respirei fundo, controlando o choro.
Eu poderia simplesmente xingá-lo e julgá-lo por tudo que eu tive que passar, mas eu simplesmente não conseguia, meu coração implorava para que eu esquecesse tudo e o ajudasse. E era isso que eu faria.
- Cadê minha neta? - Perguntou tentando se sentar.
O ajudei e ajeitei sua coberta.
- Está lá embaixo com o Justin.
- Oh, sim! - Ele sorriu.
- Vou buscá-la. - Me levantei.
- Ei, espera.
Ele esticou o corpo e apertou um botão ao lado da cama.
- Campainha. - Sorriu.
Seu sorriso continuava o mesmo.
Não demorou muito para Justin entrasse no quarto com Caity.
- Ela é linda. - Meu pai disse com um sorriso nos lábios.
Justin colocou Caity no chão.
- Não, Papai. - Ela choramingou querendo voltar para seu colo.
- Vá lá, filha, é o vovô. - Ele se agachou na frente dela e acariciou sua bochecha.
- Mas ele tá dodói. - Ela olhou rapidamente para o meu pai e voltou á olhar para Justin.
- Ele precisa de um abraço pra curar. - Ele disse.
Ela se virou e olhou para meu pai, a chamei com a mão e ela se aproximou, a coloquei no colo de meu pai.
- Tá dodói? - Ela perguntou para o meu pai e ele assentiu a olhando encantado. - Vai sarar, pede pra mamãe beijar, sempre sara. - Ela sorriu e rimos.
- Se você me dar um abraço, pode sarar também. - Meu pai disse.
- Será? - Ela perguntou e ele assentiu.
E então ela a abraçou, vi minha mãe na porta do quarto, sorrindo. Caity conseguia encantar todos á sua volta.
- Hm, que abraço gostoso. - Meu pai disse.
- Sarou? - Perguntou.
- Ainda não, acho que preciso de muitos abraços. - Meu pai disse prolongando o "muitos".
Ela riu.
- Você tá se aproveitando, né? Bobinho. - Ela sorriu sapeca, nos fazendo rir.
Eu faria o que fosse possível para ajudar meu pai.
- Papai, quero sorvete. - Caity disse de repente.
Justin me olhou e assenti.
Ajudei Caity a descer da cama e ela foi em direção á Justin.
- Podem ir, ficarei um pouco com meu pai.
- Tudo bem, qualquer coisa me liga. - Ele se aproximou e beijou minha testa.
- Pode deixar.
E então saiu, olhei para meu pai e ele sorria.
- Vocês dois..
- Eu o amo, papai. - Sorri e deitei a cabeça em seu peito, sentindo seus braços magros me abraçarem.
Justin POV:
Desci as escadas com Caity enchendo meu rosto de beijos, saímos da casa e entrei no carro, deixando Caity em meu colo, enquanto dirigia á sorveteria mais próxima. Angel estava tão feliz com seu pai, que eu também estava feliz. Ao chegarmos no estabelecimento, fui até o balcão e pedi um sorvete de chocolate para mim, Caity pediu de flocos, falei para que colocassem bastante calda de chocolate, caminhei até uma mesa, após pagarmos, e me sentei, ajeitando Caity em meu colo.
- Papai, eu ganhei um montão de presentes, depois você pode me ajudar a abrir? - Perguntou.
- Claro, filha. - Beijei o topo de sua cabeça.
- A mamãe me deu um vestido e um montão de barbies. - Contava.
Eu a ouvia atentamente, Caity não era uma criança bagunceira, se fosse outra criança, estaria correndo pela sorveteria. Não demorou muito para que nossos sorvetes chegassem, Caity tomou sozinha, enquanto eu a observava.
Ela tomava cuidado para não se sujar, sorri vendo a cena. Ao terminarmos, limpei suas mãozinhas e boca com um guardanapo.
- Temos que voltar para buscar a mamãe. - Falei e ela assentiu.
A coloquei no chão e me levantei, segurei em sua mão e logo saímos da sorveteria, desativei o alarme do carro e entrei, ajeitando Caity em meu colo.
- Papai? - Ela chamou quando estava prestes a ligar o carro.
- Hm? - A olhei.
- Obrigada pelo sorvete, eu amo você. - Ela disse e sorri a abraçando com força, ouvindo sua risadinha abafada.
- Eu também te amo, Caity.

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Angel
FanfictionSurpresa! Algo inevitável aconteceu, duas almas carentes se encontram, mas não sabem que se completam. Angel luta para criar a filha, Justin luta para conquistar a confiança de seu pai, ambos buscam o sucesso, mas de modos diferentes. Viva a moda! Q...