Ele sorriu e puxou minha nuca inesperadamente colando nossos lábios.
Tentei me soltar de seus braços, mas seu braço envolveu minha cintura me prendendo contra ele, enquanto a outra mão continuava segurando em minha nuca. Seus dentes prenderam meu lábio inferior e o puxou devagar, voltando a me beijar. Segundos depois separamos nossos lábios e ele sorriu, senti seu braço afrouxar em minha cintura e me distanciei imediatamente.
- Por que você fez isso? - Perguntei abraçando meu próprio corpo.
- Pela mesma razão que você deixou com que eu te beijasse: Desejo. - Ele tentou se aproximar de mim novamente, mas desviei.
- Eu estou com o Christian, você me fez traí-lo. - Falei com a consciência pesada.
- Não fale como se você não quisesse ter me beijado. - Ele rebateu.
- Eu tentei me soltar. - Falei me controlando para não xingá-lo.
- Tentou, mas não queria.
- Mamãe? - Caity entrou na cozinha com Pudim atrás.
- Oi, meu amor. - Acalmei minha voz.
- Tio, Justin? - Ela sorriu.
- Oi, pequena. - Ele sorriu também e caminhou até ela.
Ela ergueu seus bracinhos pra ele e ele a pegou no colo.
- Você veio blincar comigo? - Ela perguntou.
- Na verdade, eu vim brincar com a sua mãe, mas ela não quis. - Ele me olhou me fazendo bufar.
- A mamãe é chata, tio, mas eu blinco com você. - Ela afagou os cabelos dele carinhosamente.
- Tudo bem, quer brincar do que? - Justin pegou seu celular na mesa e guardou no bolso.
Quando eles saíram da cozinha, suspirei alto e olhei para baixo, onde Pudim me observava.
- O que foi? - Perguntei.
Ele balançou o rabo.
- Está com fome, né? - Sorri fraco.
Me agachei e o peguei no colo, caminhei até seu pote de ração, que estava quase vazio, e peguei uma boa quantidade com a caneca, saí da cozinha com ele ainda em meu colo e fui até a lavanderia.
- Você está sem água, Pudim. - Observei com dó.
Me agachei o soltando no chão e coloquei a ração em seu pote, peguei sua tijela de água e levei até a torneira do tanque que tinha ali, enchi e coloquei ao lado de seu pote de ração.
- Prontinho. - Afaguei sua cabecinha e ele rosnou. - Tá bom, tá bom.
Lembrei que havia colocado roupas para lavar, fui até a máquina e a abri, tirando as roupas dali e as colocando na secadora. Saí da lavanderia e fui até o quarto de Caity, onde ela estava sentada no chão, sobre o tapete, junto com Justin.
- Toma o chá, Titio. - Ela disse.
Ele fingiu tomar um chá imaginário na xícara de plástico.
- Estava uma delícia. - Disse.
- Quer mais, Tio? - Ela ofereceu.
- Não, obrigado, estou satisfeito.
Quem vê ele assim não imaginaria que ele fosse um homem tão manipulado e manipulador.
Ali, assim, ele parecia tão descontraído, tão despreocupado e tão.. meigo.
Ali, assim, ele parecia só um garotinho que cresceu rápido demais, que não teve tempo de brincar, pois passava as horas tentando impressionar seu pai.
Eu percebi muitas coisas enquanto estive trabalhando como sua secretária, tudo que não fosse relacionado á empresa, era feito ás escondidas, ou á portas trancadas.
- Mamãe, quer blincar? - Caity me tirou de meus devaneios.
- Não, meu amor, a mamãe está cansada. - Sorri fraco.
- Faz tempo que você não blinca comigo. - Ela choramingou.
- Mas o tio Justin está brincando com você.
- Mas eu queria você. - Ela abaixou o olhar me fazendo suspirar.
- Tudo bem. - Me sentei ao seu lado no chão e ela sorriu animada.
- Você e o tio Justin são meus filhinhos. - Ela disse calmamente.
- Somos? - Justin perguntou parecendo se divertir com a situação.
- Sim. - Ela sorriu.
Observei Caity ir até suas bonecas e pegar uma com cabelos loiros e que dormia, ela caminhou calmamente até mim e me entregou a boneca.
- Ela vai ser a sua bebe, tá, Mamãe? - Ela perguntou e assenti.
- E eu? - Justin perguntou. - Não ganho nada?
- Não, tio, puque você é menino. - Ela disse como se fosse óbvio.
- Tudo bem, então. - Ele deu de ombros.
Caity caminhou até suas loucinhas e pegou uma panelinha e uma colher, começou a mexer como se estivesse cozinhando.
- A comida tá quase pronta. - Ela disse séria.
- To com fome, Mamãe. - Imitei uma voz infantil, Justin apenas me observava.
- Tem que esperar, filhinha. - Ela disse.
- Mas eu to com fome. - Foi a vez de Justin.
- Eu vou chamar o papai de vocês. - Ela disse fazendo uma expressão brava.
- Chamar pra que? - Fiz beicinho.
- É.. ah, não sei. - Ela largou a panelinha com a colher.
Vi que era a hora de sair da brincadeira.
- Como assim, meu amor? - A puxei delicadamente para o meu colo.
- O que um papai faz, Mamãe? - Ela me olhou com os olhos marejados.
Eu sabia que um dia esse momento chegaria, ela sentia falta de ter um pai, minha bile foi a garganta e segurei a vontade de chorar, eu não gostava de ver Caity assim, com o olhar tão perdido e confuso, eram como se mil estacas atravessassem meu peito.
- Um Papai dá carinho, cuida, não deixa que nada de ruim aconteça com você.
- Então você é meu Papai? - Ela enrugou a testa.
- Não, Filha, eu sou sua Mamãe, mas posso ser seu Papai também. - Sorri.
- Eu posso ser seu Papai. - Justin se meteu.
Olhamos imediatamente pra ele.
- Como?
- Posso ser o Pai dela. - Ele deu de ombros.
- Justin, você..
- Eu quero. - Caity disse animada.
- Então vem aqui com seu novo Papai.
Justin abriu os braços para Caity e ela levantou correndo de meu colo, se jogando no dele. Eu queria brigar com ele, dizer que ele não podia iludir minha menina, mas ao ver ela assim, tão feliz, todas as palavras fugiam da minha boca e meu coração de mãe falava mais alto.
- Mamãe, podemos ter mais um cachorro? - Ela perguntou animada.
- Mas já temos o Pudim, Caitlyn.
- Eu tenho uma cadela, você quer conhece-la? - Justin perguntou.
- Você tem? Que legal, Tio.. quer dizer, Papai. - Ela exclamou.
- Tenho, ela se chama Esther. - Ele bateu o indicador da pontinha do nariz dela.
- Que raça ela é? - Perguntei.
- Yorkshire Terrier.
- Nossa! Achei que fosse um Pitbull. - Brinquei.
- Quem vê cara, não vê coração. - Ele piscou.
- Posso conhecer ela, Papai? - Ela abraçou o pescoço dele.
- Pode. - Ele me olhou.
- Mas amanhã, agora já está tarde. - Falei.
- Ah, Mamãe! - Ela reclamou.
Me levantei e ajeitei meu roupão.
- Agora você precisa comer alguma coisa. - Ignorei sua reclamação.
- Tá bom. - Ela disse.
Justin se levantou com cuidado, pois ela estava grudada em seu pescoço. Saímos do quarto e fomos para a cozinha em silêncio, passamos por Pudim roendo seu brinquedinho na sala.
- O que vão querer comer? - Perguntei.
- A gente pode comer lá em casa, tenho empregada e posso pedir pra ela cozinhar algo pra nós.
- Não precisa, Justin, está tarde, deixe-a dormir. - Falei com dó da moça.
- Podemos pedir uma pizza.
- Piza piza! - Caity disse animada.
- Tudo bem. - Cedi.
Justin tirou seu Iphone dourado do bolso e procurou, acho eu, o número de alguma Pizzaria.
- Essa Pizzaria é ótima. - Ele murmurou.
Caity afagava os cabelos dele enquanto o observava. Minha noite estava sendo louca, primeiro Justin aparece aqui com vinho, me beija e depois brinca com a minha filha, diz que vai ser o novo "Papai" dela e agora está pedindo um Pizza para comermos todos juntos, como uma família. Isso é estranho. Muito estranho. Mas inexplicamente bom.
Caminhei até a sala e peguei meu celular no sofá, que no exato momento tocou, ainda bem que Bettany havia me ensinado a atender. Passei o dedo na tela e atendi a ligação, logo colocando o celular na orelha.
- Alô? - Falei.
- Oi, Linda. - Reconheci a voz de Christian.
- Christian? Você está bem? Chegou bem? - O bombardeei de perguntas.
Ele soltou um risinho e suspirou.
- Cheguei bem, só estou um pouco cansado, apesar de ter dormido o vôo todo.
Fico feliz que ele não tenha dado importância para as tais aeromoças prestativas.
- Fico feliz que tenha chegado bem, mande um abraço para a sua filha e diz que estou ansiosa para conhece-los.
- Pode deixar, Linda, estou chegando na casa da minha mãe agora.
- Oh! Tudo bem, vá descansar.
- Está tudo bem por aí?
- Está sim, pedi uma pizza para comermos, Justin veio se juntar a nós.
- Justin? - Podia visualizar mentalmente ele franzindo a testa agora.
- Sim.
- Tudo bem, ele é meu amigo, não é nada demais.
Ah, Christian, se eu fosse você, não confiaria tanto nesse seu amigo.
- É. - Forcei uma risadinha.
- Tudo bem, meu amor, nos falamos amanhã, ok?
- Ok, Christian. - Suspirei.
- Mande um abraço para Christian e um beijo bem melecado na bochecha da minha Loirinha. - Sorri com seu carinho.
- Pode deixar que eu mando, agora vá descansar, durma bem.
- Vou dormir pensando em você. - Sorri mesmo ele não vendo.
- Eu também, agora vai lá, se não nós não paramos mais de falar. - Ouvi sua risada.
- Você tem razão, boa noite. - Desliguei a ligação.
Fui para a cozinha sorrindo de orelha a orelha, estava feliz por Christian estar com sua família, apesar de já sentir saudades.
- Essa felicidade toda é por que vamos comer pizza? - Justin perguntou.
- Não. - Ri. - Christian me ligou. - Expliquei.
Ele mudou sua expressão de brincalhão para sério no exato momento em que terminei minha frase.
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Angel
FanfictionSurpresa! Algo inevitável aconteceu, duas almas carentes se encontram, mas não sabem que se completam. Angel luta para criar a filha, Justin luta para conquistar a confiança de seu pai, ambos buscam o sucesso, mas de modos diferentes. Viva a moda! Q...