Cap. 14 - A linha Quisley

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***Decidi postar um capítulo a mais hoje devido ao comentário ansioso da querida leitora Vania Sampaio. Querem mais de um capítulo por dia? COMENTEM!!! A história tem, ao todo, 27 capítulos!***


Decidi procurar uma rua mais deserta. Caso ele estivesse me seguindo, seria mais fácil identificá-lo. Depois de alguns minutos, não só a quantidade de pessoas, mas também as casas e árvores diminuíam. Um espaço estreito entre duas construções fechadas chamou minha atenção. Aproximei-me e parei a menos de um metro do que parecia ser um beco.

No chão havia uma linha branca riscada. Uma placa fincada em frente ao beco dizia "Linha Quisley, proibido ultrapassar". Lembrei-me das regras de Vitor, porém, intrigada sobre o que significava aquela delimitação, espiei casualmente dentro do beco, que parecia levar para um outro lado. Não havia iluminação e o ar dentro dele era úmido e frio.

Eu não queria entrar ali, mas a decisão me pareceu bastante lógica. Se Alex quisesse continuar me seguindo, ele teria de atravessar o beco e, assim, eu o confrontaria quando ele saísse pelo outro lado. Não pensei duas vezes antes de prosseguir.

Ignorei o medo que aumentava a cada passo, ciente de que estava em um local proibido e de que não sabia o que havia do outro lado. Minhas mãos suavam e meu coração batia acelerado. O nervosismo impedia que eu me concentrasse para aguçar meus sentidos e não dava para saber se havia algo ou alguém na outra saída.

Na metade do caminho, reparei em uma cavidade na parede esquerda do beco e analisei o tamanho dela, perguntando-me se serviria de esconderijo. Entrei sem dificuldade e respirei tranqüila ao confirmar que poderia esperar segura pelo momento em que Alex viria à minha procura.

Não tive que esperar muito. Mesmo sem minha audição aguçada, ouvi o som de passos se aproximarem da entrada do beco. Ao não me ver, Alex começou a correr freneticamente em direção ao outro lado.

Sai do buraco na parede e bloqueei a passagem. O choque do seu corpo contra o meu fez com que tombássemos e caíssemos no chão.

Colada ao seu corpo e mais próxima do que nunca, eu podia sentir sua respiração forte e ofegante abaixo de mim. Seu cheiro doce e inebriante confundia meus pensamentos e prejudicava meu raciocínio.

Inspirei todo o ar que meus pulmões eram capazes de armazenar com o intuito de absorver o máximo dele. Seus olhos negros eram penetrantes e seu corpo estava rígido como pedra. Encantada, admirei seu rosto e seus lábios próximos. Eu estava tentada a completar a aproximação...

– Você se importa? – perguntou. Havia sarcasmo e irritação na voz. Seus olhos escuros me lembraram de que qualquer contato fazia com que ele desejasse me matar.

– Desculpe – murmurei, constrangida, apoiando as mãos no chão e saindo de cima dele.

Alex se levantou, elegante, arisco e, como sempre, intrigante. Encarava-me com um olhar de censura, repreendendo minha aparição repentina. Revi mentalmente a cena e senti vontade de rir, mas seu ar sério me desencorajou. Não fazia sentido que ele estivesse zangado. Afinal, ele era o errado e minha língua não se conteve.

– Espere aí – apontei o dedo indicador para seu rosto. – foi você que me seguiu! – acusei-o. – Posso saber por que estava me seguindo?

– Não estava seguindo ninguém – seu ar de desdém me irritou. – Como você pode ver – ele fez referência a ambos os lados do beco – o caminho é livre para todos – sorriu, satisfeito com sua própria resposta.

Golfinhos e Tubarões - O outro mundo (Tais Cortez)Onde histórias criam vida. Descubra agora