Cap. 26 - Cada gota do meu sangue

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***Olá, leitores! Vocês só estão lendo este capítulo HOJE porque a determinada (viciada rs) DanielleMTostes saiu comentando todos os outros capítulos postados  até então, na esperança de que eu postasse mais uma parte da história! :) Você conseguiu, Dani! Boa leitura e prepare seu coração, pois este é um dos capítulos mais emocionantes de todo o livro! ***

O tio de Alex estava distante demais para que eu o surpreendesse com um ataque, mas Kamao não. Apertei o punhal e meu coração disparou para o que viria a seguir. O garotinho fechou os olhos. Um movimento rápido e as risadinhas de Kamao cessaram.

O sangue em seu pescoço escorria. Kamao tentava tampar o ferimento com as mãos em um ato de desespero. Ele abriu a boca e tentou emitir seu som insuportável, mas o corte em sua garganta havia sido profundo.

− Corra! − gritei para a criança.

O garoto, amordaçado, porém livre de Kamao, correu em direção à saída. Virei-me para onde Lipônidas estava, mas não havia sinal dele ali. Voltando-me para observar o garoto, o vulto quase invisível de Lipônidas ressurgiu e agarrou o menino. Antes que eu piscasse, seus caninos afiados e compridos sugavam a vida do pobre garotinho. Eu havia falhado e ele morria.

Kamao me pegou desprevenida, atacando-me com seus dedos compridos e ossudos ao redor do meu pescoço e eu não tive escolha a não ser golpeá-lo novamente com a navalha. Dessa vez, atingi seu coração. Ele caiu no chão, fraco e imóvel. As pupilas brancas fitavam o teto enquanto ele dava seu último suspiro.

O corpo da criança era uma marionete nas mãos de Lipônidas. Ele largou o pobre menino e, em seguida, retirou do bolso um lenço branco para limpar os resquícios de sangue nos lábios. Sua frieza e serenidade eram assustadoras.

− Agora somos você e eu − sorriu, confiante.

Antes que eu respondesse, meu corpo foi lançado contra a parede atrás de mim. Eu mal podia enxergá-lo. Agucei minha visão e identifiquei um vulto se aproximar como um fantasma. Mais uma vez, meu corpo era arremessado. Lipônidas se adiantava aos meus movimentos.

Tentei criar meu escudo, mas ele me alcançava antes que tivesse tempo de projetá-lo. Um novo golpe me lançou em direção a algumas cabeças empalhadas, que caíram sobre mim.

Tentei me erguer, mas ele me chutou no estômago. Sua mão envolveu minha garganta como uma garra de aço. Ele me tirou do chão pelo pescoço e as pupilas vermelhas zombavam da minha defesa.

− Você é patética − insultou-me.

Subitamente, ele foi jogado para longe e meus olhos procuraram, ansiosos, pelo novo vulto rápido e astuto que me ajudava. Perdi o ar quando o identifiquei. Ele ainda usava o traje do baile e suas feições tensas me estudavam da cabeça aos pés, atentando para algum ferimento. A força do meu pai tinha me permitido ficar ilesa.

− Alex! − exclamei.

Suas mãos macias e trêmulas envolveram meu rosto. Ele encostou a testa na minha e respirou fundo, aliviado por eu estar viva. Eu não havia considerado em nenhum momento a dor que ele sentiria caso me encontrasse morta.

− Desculpe...− murmurei.

− Tudo bem − disse, apertando-me para perto de si.

− Como você soube? − perguntei, confusa por encontrá-lo ali.

− Você achou que eu fosse aproveitar o baile sem você? − sorriu. O sorriso que eu não via há muito tempo. O sorriso mais belo do mundo. − Eu voltei para o quarto e encontrei sua carta...

Golfinhos e Tubarões - O outro mundo (Tais Cortez)Onde histórias criam vida. Descubra agora