Capítulo 11:

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Arapiraca. 

Sexta Feira, 13 de março de 2009.

Entre 10h10min e 10h50min.

O calor era insuportável do lado de fora do carro que estava preso no engarrafamento da Rua Governador Luiz Cavalcante, gerado pelo isolamento do centro da cidade a pedido dos assaltantes. Os carros enfileirados já chegavam próximo da Associação Atlética Banco do Brasil, um clube de classe médio-alta da cidade, conhecido como AABB, localizado no bairro Novo Horizonte.

Impaciente com a demora o motorista desliga o motor do veículo, baixa os vidros e coloca a mão para o lado de fora. O sol forte do verão na capital do agreste levou apenas alguns segundos para esquentar a pele do Homem que mais furioso ainda desceu do carro para olhar até onde ia à fila enorme que se estendia pela sua frente. A visão não era nada agradável. Até onde conseguia enxergar existia um carro parado. Não fazia a mínima idéia do que seria capaz por tamanho congestionamento. Sem agüentar mais, ele fechou o carro, alarmou-o e saiu andando para ver até onde iria aquilo.

Depois de andar aproximadamente 1 km ele avista o motivo daquele imenso e irritante engarrafamento. Uma barreira montada por alguns policiais paralisava tudo.

O suor que escorria pelo seu rosto só não foi mais incomodo do que a notícia que ele recebeu de um amontoado de pessoas que se formava próximo aos policiais. O banco Real estava sendo assaltado por uma quadrilha que ameaçava explodi-lo ou fazer uma chacina com os reféns caso a policia não fizesse o que pediam. Boquiaberto com o porte da notícia, ele voltou correndo o máximo que pôde para o carro. Antes mesmo de chegar, apertou o botão desativando o alarme para não perder mais tempo. Os vidros foram baixando automaticamente quando ele pôs a mão pela janela e pegou o celular que estava no banco do passageiro. Discou um número rápido e passou a notícia que recebera há pouco.

– Mandem alguém imediatamente aqui para Arapiraca. Precisamos cobrir essa matéria.

A pessoa do outro lado da linha só percebeu que era uma notícia séria quando ele falou novamente.

– Como assim não tem ninguém disponível? Meu querido, o banco Real de Arapiraca esta no meio de um atentado. Coisa de cinema. – Falou ele enquanto desligava o telefone esperando por alguém da empresa onde trabalhava.

Antes mesmo que colocasse o telefone no bolso, o aparelho começou a vibrar indicando que alguém ligava.

– Alô?

– Sr.Walter Amorim?

– Sim, eu mesmo.

– Aqui é do Banco do Brasil. Infelizmente nossa entrevista com o senhor sobre o assalto ocorrido aqui no mês passado terá que ser cancelada. Nossa agência não esta funcionando por motivo de segurança. Parece até brincadeira, mas um banco vizinho ao nosso, esta sobre ameaça de terrorista. O centro da cidade foi fechado e nós fomos impedidos de sair até que tudo seja resolvido. O senhor fala com Poliana, e o banco do Brasil Agradece a atenção. Obrigado.

Ao desligar, Walter jogou o telefone pela janela que caiu novamente no banco do passageiro próximo a um crachá que possuía sua foto e o emblema da empresa onde trabalhava. Só assim ele percebeu que não sairia dali nem tão cedo e que perderia provavelmente o almoço marcado com sua noiva na cidade de Maceió já que seu carro estava preso naquela fila gigantesca.

No centro da cidade, o Banco Real estava tendo o seu pior dia desde que abrira aquela filial em Arapiraca.

O capitão Alberto Félix olhava apavorado e ao mesmo tempo furioso para a máscara de freira do líder da quadrilha que sorria por baixo sem que percebessem. Aquele disparo que fez mais duas vítimas foi um banho de água fria na tentativa de libertação dos prisioneiros. Alberto agora não sabia o que fazer.

– Entregue - me o dinheiro capitão. – Ordenou o terrorista.

– Você acha mesmo que vai sair daqui ileso depois de tudo o que esta fazendo? – respondeu Alberto.

– Capitão... Nós dois sabemos que vocês não estão preparados para tamanha ocasião. Se eu cheguei até aqui nesse nível, não foi a toa.

– Você esta enganado. Não sairá daqui ileso. Quando menos esperar te deixarei sem saída.

– Isso é um desafio? Adoro desafios. Tenho um melhor para você. Se o senhor cumprir com tudo o que peço, aposto que sairei daqui pela porta da frente e que o senhor não me pegará. Aliás, nem a mim, nem aos meus companheiros. Caso contrário esse banco vai virar pó. Seria uma das maiores tragédias do país.

– Isso é uma piada?

– Não mesmo. Era pra ser um desafio, mas na verdade é uma promessa. A propósito... Tenho outro pedido ao senhor. Preciso que o senhor me traga o gerente do banco Itaú. Tenho negócios a tratar com ele. São exatamente 10h25min, se 10h50min ele não estiver aqui receio que o número de reféns cairá de trinta e cinco para trinta.

O capitão Alberto Félix pôs a sacola com o dinheiro no chão e virou-se partindo do lugar onde negociavam sem dar mais nenhuma palavra.

O segundo capitão, Willian, apressou o passo até chegar a Alberto.

– O que houve capitão?

– Eu preciso descobrir o motivo dele ficar ganhando tempo. Não tem lógica ele me pedir cinco milhões de reais se esta assaltando um banco. E o que ele quer com o gerente do banco Itaú? Traga-me esse gerente até aqui custe o que custar, Willian. Será a última vez que faço o que esse desgraçado me pede.

– Sim senhor. – Respondeu Willian enquanto se virava e saia para buscar o gerente do banco Itaú.

10h40min. Na Rua 15 de novembro, próximo ao posto Ipiranga, um ônibus da empresa Real Alagoas Viação Ltda. estacionava para o embarque de um passageiro. Enquanto a porta do ônibus se fechava o motorista tirava sua passagem.

– Qual o destino?

– Maceió.    

Tempo é dinheiro - Uma herança de John DillingerOnde histórias criam vida. Descubra agora