No parque Tangua

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Passei a noite pesquisando e nada que encontrei me ajudou com as dúvidas que tinha. Todos os arquivos sobre andróides já existentes em nada ajudaram. Nenhum dos fabricados na China e Japão são iguais a mim, nada se parece com o que sou.

Resolvo então, entrar em contato com o professor. Calculo que se aqui são 22:30h no Canadá, mais precisamente em Toronto, devam ser 18:30h. E nesse horário o professor deve estar livre de suas tarefas, mas ainda é cedo para que esteja descansando. Então tento a ligação:

- Alister Walker, falando - diz ele no segundo toque - Eva, querida, como está?

- Oi, professor - respondo, não estranhando que ele já saiba que sou eu, porque deve ter meu número gravado, já que ele mesmo me deu o aparelho que uso.

- Tudo bem por aí, aconteceu alguma coisa?

- Não, na verdade queria tirar algumas dúvidas. Algumas delas seria preciso que estivesse aqui. Quando volta? - digo tentando não o preocupar.

- Ah, Eva, queria muito que hoje fosse o dia, mas alguns trâmites precisaram ficar para segunda feira. Mas diga, há algo que eu possa resolver daqui?

- Hum, acredito que sim. Seria possível eu dar uma olhada no projeto Eva-G1? Preciso olhar o sistema operacional. O Sr. Me permitiria?

- Claro, Eva, não há mais segredos entre nós, mas você pode conversar com Charlotte, se precisar.

- Professor, essa é uma das questões que a sua presença ajudaria aqui. - digo, mas assim que falo, percebo que isso pode preocupá-lo.

Ele ouvindo isso, faz um breve silêncio, que me parece já saber que algo está acontecendo.

- Entendo, então faça assim. Meu cofre está na sala, atrás da cabeceira de minha cama, vou te passar a senha, você abre, pega o projeto que está lá dentro, pesquise o que precisar e o recoloque no lugar, ok? - diz agora com a voz séria. - É importante que ninguém veja isso, nem saiba que você abriu o cofre. Nem Charlotte, entendeu?

- Sim, farei isso, não se preocupe. - respondo o tranquilizando.

Conversamos mais um pouco sobre os avanços com a vacina, com os alunos e sobre os pacientes, já quase todos reabilitados. Então nos despedimos e desligamos.

Vou a sua sala, e faço o que me pediu. Leio todo o projeto, vejo os cálculos e leio sobre o emplastro glicosado e grudento que fica em meu banheiro. O professor havia pedido para que eu o usasse sobre a pele do corpo todo e rosto, dizendo que era para o melhor funcionamento do sistema. Mas agora entendo que na verdade, este emplastro é uma forma de alimentação para o cérebro de Evangeline.

É claro, já que não me alimento, nem poderia, a glicose absorvida pele pele, alimenta a função cerebral. - penso.

Vejo o trabalho feito com células-tronco a respeito de minha pele, lábios, língua, pálpebras e orelha. É tudo humano, o que faz eu ter a sensação de frio, calor, dor e absorção de glicose para o cérebro e vitaminas.
É, Eva, você é quase humana.

Quando acabo de ler e gravar todo o relatório, algumas dúvidas foram tiradas. Eu o devolvo à seu lugar, e tranco o cofre.

Me sento ao computador do professor, pesquiso mais alguma coisa, mas sou interrompida com uma batida na porta.

Percebo então que já amanheceu. Será mesmo que os humanos conseguem se refazer com uma noite tão pequena de sono?

- Srta. Eva, está aí? - pergunta um homem com um vozeirão.

Vou até a porta, e quando abro, um segurança enorme me encara sorridente.

- Srta, me desculpe, mas interfonei à sua sala e não tinha ninguém, então subi pra ver se estava na sala do professor. - diz mais uma vez com voz de trovão.

Eva Em Busca Da Humanidade (Concluído e Será Revisado) #wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora