O início da imunização

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A semana começou a todo vapor.
As vacinas voltaram lacradas e numeradas por lotes, e assim demos início à imunização dos profissionais da saúde, pois são os que mais teem contato com agentes patológicos da doença.

Fomos trabalhar com os 10 alunos da Universidade do Paraná que ajudaram na produção e os 20 funcionários do laboratório, direto para os quatro maiores hospitais de Curitiba. A estratégia é imunizar um a um dos funcionários da saúde e estes depois da incubação da vacina, trocarem um dia de seu turno no hospital, por um dia na imunização de funcionários em hospitais menores e centros de saúde, assim alcançaríamos todos os profissionais da cidade e depois do Estado.

Acreditamos que encontraríamos resistência ao plano, mas na verdade os profissionais estavam até felizes de nos ajudar, em troca de sair um pouco de seu setor de trabalho.

Conheci muita gente alegre e sorridente, que mesmo com a doença assolando suas famílias ou amigos, de alguma forma encontraram um jeito de olhar a situação com outra perspetiva. Percebi que os seres humanos são muitas vezes calorosos e solícitos uns com os outros.

Aprendi também palavras novas e gírias, como eles dizem, para lhe dar com pessoas diferentes. Completamente o oposto de estar no complexo onde as pessoas são impessoais e distantes uma das outras.

Fico pensando que deve ser por isso que Paul tem um jeito todo impulsivo e direto às vezes. Ele não vive num complexo impresarial como eu, e sim numa república universitária, com outros estudantes, numa faixa etária muito jovem. E eles devem agir daquele jeito também.
Ele esteve comigo nestes três dias de campanha, indo à hospitais e centros de saúde, muitas vezes fazendo bagunça e contando piadas entre as enfermeiras e claro, sendo assediado por elas.

Paul não tocou mais no assunto do qual falou comigo no Parque Tanguá, mas estamos mais próximos agora, já que sabemos um do outro e ele aprendeu a não me tocar. Mas sempre o vejo me olhando com expressão de cumplicidade no rosto.

Então na quinta feira, voltando das nossas visitas aos centros de saúde, me despeço de Paul e dos outros, e entro na empresa, e me deparo com o Professor acabando de desembarcar do carro que o trouxe do aeroporto.

- Eva, minha querida! Que saudades - disse colocando uma das malas no chão e me abraçando, num abraço que de tão apertado, teria me feito parar de respirar, se eu claro, tivesse pulmões.

- Oi, professor. Também senti sua falta. Como demorou! Resolveu tudo que precisava no Canadá? - digo me afastando um pouco dele para olhar seu rosto.

- Ah, sim, Eva. Te conto tudo depois, já que me informaram que tenho uma reunião agora com a diretoria. - diz pegando sua pasta e pedindo a um dos segurança que o ajude a levar suas malas.

- Também acabei de chegar e estarei na minha sala, vou preparar o relatório de hoje para o Sr. olhar mais tarde.

Enquanto eu seguia corredor adentro para minha sala, e via o professor seguir apressado para a sala de reuniões, percebi que estive tão concentrada com a campanha de imunização dos profissionais da saúde, que nem me dei conta que há dias não via nem falava com Nícolas, e era bem estranho pensar nisso agora que percebi. Passei quase todos os dias com ele no hospital, o ajudando em sua recuperação. E agora que está bem, não o vejo.

Na minha sala, começo a lançar os dados de toda a área coberta pela vacina e de todos os já imunizados, para o relatório do professor. Então percebo que em apenas quatro dias, cobrimos uma grande área e imunizamos muita gente.

Em apenas 4 dias! Nossa, era algo mesmo que poderia ter sido feito antes, já que a Cibernex tinha a vacina e o Governo estava ciente disso. - pendo - Porquê não fizeram isso antes? O que há por trás disso??

Eva Em Busca Da Humanidade (Concluído e Será Revisado) #wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora