Capítulo ( 6 )

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Ano 1924

Por um breve momento Adriel cerrou os olhos, pensando na noite trepidante e galopante que ele acabara de ter numa das muitas festas que os humanos mais abastados tinham por hábito fazer, como forma de se afirmarem perante a alta sociedade

Carroças passavam por Adriel, enquanto ele andava no calçamento de pedra com um copo de sua bebida preferida na mão. As pequenas partículas de sangue em sua larga camisa branca, fez com que ele soltasse um suspiro ruidoso e sufocante. Cada pescoço que ele havia mordido essa madrugada, lembrava a garganta perfeita daquela jovem, ele ainda não entendia como ela era igual a jovem da antiga tribo...

O absinto preferido de Adriel quase bastou para remover de sua mente aqueles olhos verdes esmeralda, quase.

Até que ele voltou a cerrar novamente os olhos, e mais uma vez foi atormentado por aquele olhar que o fazia sentir-se desarmado, todo o ceticismo que ele tinha sobre sentimentos, cairá por terra, todo. Como um meteoro a colidir em alta velocidade contra a terra, provocando um enorme estrondo! Aqueles olhos de cor esmeralda eram demasiado hipnotizantes para ele.

A forma como ela entrou pelo enorme salão, o jeito com que ela cabia em seu vestido bege. O olhar que ela lançou para seu noivo... a cumplicidade entre ambos... ele queria queimar a terra só para destruir aquele que se atrevia a tocar nela.

Sua presença era inesquecível. Ela tinha algo único, sua presença era escura como a lua mas transmitia uma luz capaz de iluminar qualquer ser vivo ou morto.

Ela brilhava, era como se ela tivesse sido feita única e exclusivamente pra ele. E todos aqueles anos em que ele se sentiu amaldiçoado, sem rumo sumiram perante aquela jovem

Ele pensou nos momentos em seguiu os passos da jovem pelas calçadas, ou como invadia seu quarto para observar seu sono...

Depois de semanas hipnotizado por seu aroma a morango, seu sorriso contagiante, ele só conseguiu sentir-se abençoado por presenciar tamanha beleza. Seu sorriso doce contagiou todos a sua volta, inclusive ele.

Ela sorriu em sua direção e ele pôde jurar que tudo a sua volta sumiu, ele só conseguia enxergar aqueles olhos verdes, enquanto ela caminhava a passos lentos e calmos em sua direção, ele só conseguia pensar no quanto sua presença o abalava.

O quanto ela lhe lembrava Yanara...

Ainda agora, enquanto ele vagava pela cidade, sem rumo, aquele sorriso inebriante, aquela voz doce e melodiosa, aqueles olhos verdes que tanto reluziam perante as luzes dos candelabros, invadiam cada pensamento seu.

Droga, ele estava tramado!

Ele se viciou nela, e sentia uma necessidade cada vez maior por ela, maior do que pelo próprio sangue humano.

**

A queda de uma árvore na estrada, devido ao enorme vento, fez com que chegássemos atrasadas na escola.

O Corvette do meu pai foi até ao estacionamento da escola com a marcha em ponto morto.

- Talvez assim vocês passem despercebidas pela secretaria- meu pai disse. Retirando o iphone do bolso de sua jaqueta.

Peguei minha mochila preta.

- Tenham um bom dia de aulas meninas- meu pai disse enquanto discava algo em seu celular.

Corri pela porta na chuva. Podia muito bem ser tanto nove da noite quanto nove horas da manhã, de tão escuro que o céu estava. O tempo aqui sempre estava estranho.

Lágrima NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora