BITCH | versão inédita

13.

— Até parece.

Tyler disse na linha com voz cansada e resmunguenta.

— Tyler! Por favor!

— Não Harry. Eu não vou ir à casa do seu namorado limpar a merda que você fez.

— Então me empresta seu carro.

— Você sabe onde está a chave. Só não me liga mais quando estou em um encontro. Ah, e não pega o Porsche.

— Pegar a BMW?

— BMW está comigo. Pega a moto.

— Que? A Harley?

— É. Meu irmão não gosta quando usam o carro dele e meu pai não quer que mexam nos carros dele também.

— Ok. Vou cuidar dela.

— Volte antes de o dia clarear.

— Só vou apagar a foto do celular do David e já volto. — digo descendo as escadas e saindo de casa correndo. — Tchau! Cuida da Nina.

— Pode deixar.

Quando Tyler desligou já estava em seu gramado. Ele morava uma casa de distância da minha. Nossas famílias eram incrivelmente bem de vida. Na verdade, meu pai é. Meu pai é um dos nomes mais importantes da Inglaterra. Dizer que meu pai nada no dinheiro é pouco. Porém, eu não nado. Meus pais se separam quando tinha sete anos. Meu pai para poupar escândalo da mídia causado pela discórdia que minha mãe sentia, comprou a casa na qual eu moro agora. Uma casa enorme localizando no bairro mais caro da cidade. Junto com casas de outras pessoas incrivelmente e igualmente ricas.

Vejo meu pai uma vez por ano no meu aniversário quando ele me da algo caro achando que vou perdoar ele por esquecer-se de mim durante o resto do ano. Eu nem ligo para ele na verdade. No aniversário desse ano ele me deu um Audi, que esta no concerto, porque eu bati em uma árvore quando estava voltando do treino de natação. Eu saí ileso. O acidente só causou eu ficar sem o carro por mais de um mês e meu pai lembrar-se de minha existência mais uma vez no ano.

A garagem da grande casa de Tyler sempre está aberta e as chaves ficam em um cofre, na qual eu sei a senha. Coloco e giro a chave da Harley no meu dedo e admiro a moto brilhante na minha frente. É tão bonita. Sempre gostei de moto, porém minha mãe não gosta da ideia de me ver andando em uma dessas "assassinas de pessoas".

Sem delongar mais do que já fiz. Dou início da guerra mais agonizante que um ser humano pode entrar. A batalha contra o tempo.

Casa de David ficava no subúrbio. Tem toda aquela atmosfera "criar filhos e os filhos criarem os filhos". Brinquedos jogados no jardim e aqueles sorrisos falsos de vizinhos. Tudo aquilo consegue me dar mais nojo do que eu sinto diariamente de mim.

Estaciono depois de vinte longos minutos na frente da casa iluminada de meu namorado. Já pensando no pior. David já olhou e estava fazendo picadinho de toda nossa história. Tiro o capacete e olho o quarto do segundo andar com luz e a janela aberta. O quarto do David.

Respiro fundo e subo a árvore que tem galhos longos que dão para a varanda que David tem no seu quarto. Não seria a primeira vez que eu escalei aquela árvore e invadiria o quarto do meu namorado. Fazia isso sempre que ele me chamava sem os pais dele saber. O que era ridículo, porque a mãe dele sempre acabava me vendo e me convidado para jantar com eles. Nos últimos dias sem meu carro, a família Bank ainda me oferece uma carona para casa.

A família Bank, é uma família tradicional que teve um filho gay. Eles me tratam bem, porque sabem que eu sou filho de um grande empresário. Só que não suportam o fato do filho ser gay. Na verdade já percebi milhares de vezes que a mãe de David tenta me juntar com a irmã dele. Deixando eu e Bels — irmã dele — desconfortáveis. O que leva David a chorar de noite, pois não suporta o fato de seus pais o odiarem.