BITCH | versão inédita

15.

 — O que? Você espera que eu acredite?

Riu jogando o livro na minha cara.

— É sério Nina.

— Você quer mesmo que eu acredite que Louis Tomlinson veio até sua casa, do jeito que ele costumava fazer e te beijou? — arqueou a sobrancelha e segurou o riso. — Harry você tem se drogado?

— Eu? Não! Não mesmo. — bufei pegando livro que ela tinha jogado em mim. — Estou falando, ele veio. Fiquei a noite inteira sentindo o gosto dele em minha boca.

— Ok. — endireitou-se. — Talvez um sonho?

— Bem realista então.

— Certo cabeludo, digamos que o Louis veio até seu quarto, te beijou e te deixou sozinho como sempre. O que isso indica que ele quer te ferrar?

— Tudo! Ele quer que eu ache que ele está na minha, vai se aproximar e vai acabar com minha vida.

— Não quero te assustar, mas já assustando, não acho que Louis vai ser necessário para acabar com sua vida. Afinal, você vem acabando com ela todos os dias um pouco mais.

— Sempre bom saber que posso contar com minha cara amiga Anna.

— Não fala meu nome otário. Não atendo por esse nome há anos e você sabe.

— Qual é o grande problema disso afinal?

— Meu nome é um cu! Não tem uma merda de apelido decente para ele.

— Harry também não tem.

— Louis achou Hazzy e naquela época combinava com você.

Apenas ignorei. Nina riu e abaixou a cabeça para ler o livro. Minha melhor amiga estava tentando me ensinar física, porém abortamos a missão assim que vimos que não haveria jeito de eu aprender hoje. Estava sem cabeça.

Havia levado David ao aeroporto e esperei até o avião decolar. Fiquei pensando no que ele havia me dito minutos antes de partir.

— Faz sentindo. — sorriu de lado. — Você e o Louis. Digo, vocês eram melhores amigos. Essas coisas acontecem.

— Está tudo certo para você?

— Bem, você podia ter me contado a verdade sabe Harry. Eu não ia te julgar nem nada, até porque acredito na inocência do Louis e acho que ele é uma pessoa muito agradável.

— Você já conversou com ele?

— Na verdade conversei. Uns dias antes de acontecer o que aconteceu... — ficou um pouco desconfortável.

— O que?

— Ele era meu vizinho.

— Eu sei... — nem se quer passou na minha cabeça.

— Eu estava indo chamar a Madona para ir para casa e ele estava a acariciando. Madona já estava toda amigável com ele. Você sabe como ela é... Não gosta de todo mundo.

— Sua cadela me mordeu tão fundo que tive que ir ao médico!

— Foi porque é uma bicha fresca.

— Há-há. — forcei a risada roubando uma risada fraca dele. — Continue a história.

— Fui lá falar com ele. — deu de ombros. — A gente começou a conversar e ele me perguntou o que eu achava de você. Naquela época Harry, eu nem sequer cogitei que iria gostar de você.

— E como ele agiu?

— Ele sorriu feliz sabe. — David me olhou. — Tipo aquele sorriso que você dá quando o seu crush gosta de você.

— Você acha que ele ficou feliz... De saber que você não iria atrapalhar a relação que tínhamos?

— Tenho certeza. — David sorriu. — Já que não estamos mais juntos e eu sei que assim que eu voltar você já vai estar com outro. — tocou em meu braço. — Podemos ser sinceros um com o outro?

— Acho que sim.

— Você me traiu com quantas pessoas? Estou preocupado que meu chifre seja tão grande que eu não entre no avião.

— Que? Desculpa?

— Ah fala sério Harry. Posso ser ingênuo, porém sei que você me traia. Só que eu gostava de você muito.

— Você quer mesmo saber?

— Me diga se está proporcional a quantidade verdura que eu como ou de chocolate.

— Chocolate.

— Realmente não vou entrar no avião sem quebrar meus chifres. — ele riu.

— Desculpa.

— Tudo bem, não estamos mais juntos. — dá de ombros. — Contudo você vai precisar fazer algo para mim. Acho que eu mereço.

— O que?

— Você não vai deixar o Louis escapar. Não mais uma vez.

— Do que você está falando?

— Você sabe tanto como eu, que ele não fez o que dizem que ele fez. Você também sabe que você espera que um dia ele volte a ser seu melhor amigo e que recomecem do zero. Se ele voltou como dizem por ai que voltou, não perca essa chance de ser feliz.

Endireito-me na cadeira que ficava fora da área de embarque. Olho para os lados me sentindo incrivelmente exposto. Sentindo vários olhos curiosos me penetrando. Não gostava de me sentir assim.

— Eu e Louis não existimos mais.

— Você quer. — ele sorri. — Você pode mentir para mim Harry, sempre que quiser. Pode mentir para escola se estiver com vontade. Pode até mentir para seus melhores amigos. Só que você jamais vai poder mentir para si mesmo. Então para de tentar controlar tudo e se deixe levar por um amor que sempre esteve ai.

— Por que você acha tudo isso?

— Eu apenas sei. — mordeu os lábios, escondia algo.

— O que você sabe David?

Acabei sem resposta. O aviso para o embargue acabou cortando a fala dele antes mesmo de começar. Ele falou adeus para mim com um longo abraço e com um beijo no rosto. Antes de se perder para uma viagem de seis meses ele me disse:

— Não tente ser alguém que você não é para ser aceito. Tente achar a pessoa que te aceita do jeito que você é.

Assim David foi.

Jamais esquecerei seu sorriso doce e seu olhar de carinho. De seu jeito bondoso e sua vontade de cuidar de todos. Do seu gosto de menta e os lábios macios.

No final David era perfeito para mim, porém não era a o que completaria meu quebra cabeça.

E tenho certeza que não será última vez que veria David.

— Para de ser ridículo Simba. — me empurrou da cama.

— O que foi agora?

— Você precisa para de ficar olhando para o nada e pensando no passado. Você vive dizendo que não liga para isso, mas você só vive nisso.

— Nina você acha que é possível... Louis e eu...

— O que eu acho é que você vai repetir o ano. — falou séria. — Abra os olhos e olhe o mundo. Enquanto você está vivendo em lamentações o mundo está girando e te dando várias tapas na cara.

— Sabe Nina, preciso ir para casa. Estou com a cabeça cheia.

— Tudo bem. — Nina me olhou com pena. — Ei Simba, antes de ir. — ela se levantou e pegou o computador dela. — Você se lembra do Ethan?

— Ethan? — perguntei dando uma pausa na respiração e olhando para Nina que tinha uma expressão preocupada.

— Parece que Louis não foi a única pessoa que voltou da terra dos mortos para te assombrar.