— Eu não sei o que está acontecendo com você! – Escutei pela milionésima vez naquele mesmo dia, minha irmã chiando atrás de mim. – O que te deu? – Porra! Não eram nem nove da manhã e eu tinha acabado de chegar.
Fechei meus olhos, apoiando o rosto nos braços, meu cotovelo na mesa. O aquecedor da sala estava ligado e eu já estava sentindo um calor infernal. Tirei meu terno, perguntando-me realmente o que tinha me dado. Eu nunca deixei que um tesão interferisse assim, de forma tão real e decepcionante, no meu trabalho. Então, por mais que eu cavuque a minha cabeça em busca de resposta, tudo que eu posso fazer é olhar para minha irmã, depois de colocar o blazer no encosto da minha cadeira, e dizer:
— Não me deu nada. – Dei de ombros, indiferente.
Liguei a torre do meu computador tentando permanecer impassível. Eu sei que qualquer brecha que eu der, Emma vai cair matando em cima do assunto que não estou tão confortável em dizer. Além de que ela é minha melhor amiga, minha irmã não lida muito bem com as mulheres que me cercam desde... Bem, desde a última vez que todos nos enganamos.
— Conta outra. – Rolou os olhos, impaciente. Isso era tão Emma. – você sabe que fazem três dias que fez a entrevista, e até hoje não se decidiu por qual estagiária escolher, quando está mais do que óbvio, só de olhar para o currículo, que Jude Holie era a melhor.
Sim; de fato era de longe a melhor que tinha vindo aqui na revista. O resto das entrevistadas só não beirou a calamidade por qual motivo eu não sei, por que sim, era um caralho quando a mulher vinha ao seu alcance sem precisar até estender a mão. Eu, particularmente, nunca apreciei tal ato. Claro que às vezes nos contentamos com uma boa noite de sexo louco e depravado. Mas, me deixa dizer uma coisa para vocês, mulheres, os homens gostam e apreciam a conquista, um peito em nossa palma de mão beijada, não tem nem um terço do impacto do que aquele que sonhamos cobertos com chantili. Essas conseguem nos enlaçar os pés, apertar as bolas e "Deus me livre!" nos levar ao altar, já as outras, nem o nosso nome verdadeiro sabem.
Não me julguem, é a vida.
— Emma, minha irmãnzinha...
Emma me interrompeu, colocando as duas mãos espalmadas em cima da minha mesa e encarando-me no olho, como só ela sabe fazer. Se ela não fosse minha irmã, aquela pequenina que eu tinha visto crescer, me sentiria intimidado.
— Não vem com essa, Derick Benson, detesto quando você vem com esses seus jogos. Não sou uma de suas vadias.
— Eu não tenho vadias, pelo amor de Deus, Emma! – Rolei os olhos. – Eu vou me decidir hoje e te comunico para poder ligar para a "vencedora".
— Ah, que bom. – Se levantou, arrumando o terninho super caro que vestia. Um sorriso debochado despontou os seus lábios na medida que sabia que tinha me vencido. Era uma pentelha. – Espero, por bem da revista, que você contrate Jude Holie. Gostei dela.
— Não sabia que você era Bissexual, mana. – Brinquei.
— Vai se fuder. – Virou as costas, arrumando as madeixas atrás das costas. Fez uma parada abrupta antes de chegar na porta e, se virando, me encarou. – ah propósito... – Começou com a voz super fina, eu sabia que ela iria pedir algo, era sempre assim. – Eu tenho uma apresentação de balé na escola de Beau hoje, preciso sair mais cedo.
Abriu a porta e como uma questão de mágica, eu não via mais a minha irmã. Joguei-me na cadeira, minhas costas confortavelmente no encosto macio da cadeira. Isso era um absurdo, Emma sempre jogava a bomba e saia correndo. A sua cabeça de amendoim não a deixava pensar em mais de uma coisa ao mesmo tempo, e isso nos levava a lidar com imprevistos. Mas, não podia reclamar, ela sempre fazia o seu serviço bem, apesar de lidar muito com a familiaridade, eu não podia negar.
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Uma Amorosa Vingança
RomancePetulante! Eu não posso contar quantas vezes eu já ouvi isso em minha vida. Minha avó é a primeira a dizer, mas ela não conta, principalmente quando ela abre aquele imenso sorriso em minha direção. Não vejo isso como defeito, eu não abaixo a cabeça...