Capítulo 24 - II

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JUDE HOLIE

Viajar! Puta que o pariu!

Não era segredo para mim mesma que estava ficando louca. O tesão me fazia ficar insana, como eu nunca tinha ficado. Diferente das outras vezes, eu sentia necessidade de assumir algo, ligar para a minha avó e me dizer apaixonada. E é aí que estava o problema, não era só tesão. Se fosse, pouco me importava de aparecer nua e descabelada, na frente da D. Charlotte, uma pessoa rica em elegância e dinheiro. Eu não ficaria fula da vida ao descobrir que o bonito viajou e nem me disse nada, mesmo sabendo que eu trabalho com ele e para ele. Eu ligaria o fodas e redigiria o meu texto tranquila. Mas eu nao estava tranquila, porque pela primeira vez, não era só tesão, ou amizade, era paixão, amor. Por isso eu fiquei nervosa na hora que eu soube que estava na casa da avó dele, começar com o pé esquerdo é uma tremenda bosta, principalmente para uma das pessoas mais importantes da vida dele. Pela primeira vez eu me senti suja por transar sem compromisso.

Estava acontecendo trocentas de primeiras vezes com Derick, e isso não era bom. Não se tratava apenas de um relacionamento comum, onde nos entendessemos e já marcamos a data do casamento. Era sobre eu ser de outro país, com data marcada para ir embora, e sobre Derick ter vários tormentos que o impedem de seguir as coisas corretamente. Por que óbvio, que me levar pra casa da sua avó não foi nada normal.

Raquel apareceu em um rompante pela porta, esbaforida e descabelada, parecia voltar de uma corrida desestressante, no entanto, o estresse ainda não tinha se esvaído.

–– Nossa, parece que você acabou de sair de uma foda louca. –– Comentei.

Raquel sentou na cama e me olhou demoradamente.

–– Antes fosse. –– Suspirou, derrotada. –– Meu orientador disse que preciso refazer grande parte do meu trabalho.

–– Pegou o pior?

–– Meu dia de ação de graças será passado em casa, fazendo minha conclusão do curso.

Olhei para baixo, sentindo uma pequena inveja me consumir. Eu daria qualquer coisa para fazer todo o meu trabalho em casa, com minha avó escutando “Queens” na cozinha, enquanto fazia o almoço para nós duas, porque no Brasil seria uma data normal. Fechei meus olhos e pude até sentir o cheiro do feijão cozido invadindo minhas narinas. Me questionei, naquele momento, se foi uma boa ideia eu ter vindo estudar em Minnesotta. Eu voltaria formada, mas com o coração quebrado.

–– E você, vai fazer o que? –– Perguntou, distraída, mal percebendo que me tirou dos meus pensamentos.

–– Vou para o ginásio, dar uma corrida.

–– E Derick? –– Levantei minha cabeça, a encarando. –– Vai passar com ele?

–– Eu não sei onde ele vai passar.

Raquel parou seus movimentos, cerrou os olhos e os instalou em mim.

–– Achei que vocês dois estavam um pouco mais sério.

–– Se você contar que ele me levou para dormir na casa da avó dele, onde ele mora.

–– Sério? –– Perguntou, parecendo horrorizada.

–– É tão ruim assim?

–– Não, isso é bom! Mas, ele te apresentou como?

Pensei em ontem, como a avó dele sorriu pra mim, parecendo que já me conhecia, ou como se aquela rotina de moças acordando em sua casa fosse normal. Derick não me apresentou, D. Charlotte parecia já me conhecer.

–– Ele não me apresentou, a avó dele parecia me conhecer.

–– Então ele comentou de você. –– Ela disse, animada.

Uma Amorosa VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora