Capítulo 24 - I

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DERICK BENSON

–– Senhor, estamos decolando, precisa desligar o computador.

Olhei para cima, deparando-me com a comissária de Bordo sorrindo alegremente pra mim. Tentei um sorriso, mas saiu uma careta.

–– Ok! Já irei desliga-lo. Obrigada!

Com um aceno, ela seguiu para outra poltrona, avisando aos outros passageiros que já decolaríamos. Voltei minha atenção para meu notebook, perdendo-me nas palavras traduzidas.

“Eu nao sou nada pra você, enquanto você está sendo tudo pra mim.”

Desde quando eu deixei Jude em seu dormitório, sem beijo, abraços, ou qualquer despedida, eu não tinha parado de pensar sobre isso. Gravei suas palavras ditas, as escrevi no Google tradutor e a partir do momento que eu pude ler, fiquei fascinado, meu coração batendo forte, rasgando meu peito, para logo depois lembrar que para Jude, eu era um composto de água com areia, que a afunda cada vez mais. Eu não sabia o que pensar sobre isso, era um Puta quebra cabeça a mente daquela mulher, chegar até ela era praticamente impossível. Como que eu iria conquistá-la a ponto de dizer toda a verdade e ela ainda ficar comigo? Estava doido, realmente aloprado, não podia contar que eu, primeiramente, fiquei com ela por interesse (claro que misturado com tesão), em me vingar do meu irmão nem fudendo. Era perigo eu sair da conversa sem pau.

Fechei meu computador, me recostando na confortável poltrona. Nem chance de dizer que eu viajaria para Seattle hoje, eu tive. Uma grande MERDA isso!

Não demorei muito para chegar. Seattle chovia, o que não era nenhuma novidade, porém não fazia tanto frio como Minesotta. Segui direto para o hotel. No caminho consultei meu celular diversas vezes, ele funcionava perfeitamente, mas não tinha nenhuma mensagem de Jude. Tranquei meus dentes, experimentando a sensação de solidão. Eu lidava muito bem com a minha própria presença, somente, no entanto, essas noites com Jude tem me feito repensar nessa ideia. Há muito tempo eu não dormia com ninguém, e Jude era um ótimo cobertor de orelha.

Cara, como a vida é sacana, eu pensei: hoje em dia as mulheres transam duas vezes vezes e ja quer ser apresentada para a família como namorada, e quando eu faço com Jude, a Diaba fica Puta comigo. Eu, sinceramente, não entendo como esse caralho acontece. Eu gostaria muito de dar uma dentro. Lógico que não falo dentro de Jude, com o maior prazer, dessa iguaria eu já estou ficando excelente. O que se torna trágico também, vejam bem, eu só sei dar dentro, mete estoca, e pronto. Apesar de fundo, e completamente fascinante, eu ainda sinto que nado raso demais, enquanto eu quero afundar. Me sinto um barco, quando quero ser submarino.

Já no quarto, desistindo de toda a espera, decido mandar uma mensagem pra Emma. Ela é a única pessoa que me fará entender, pelo menos um pouco, a Jude. Claro que tem Raquel também, mas ela é uma louca voyer, que eu não tenho muita intimidade. Imagina a situação, eu chegando pra menina e perguntando: “E aí, como eu posso me afundar, além do literal, em Jude.” É trágico, apesar de cômico.

Deri: “Já estou instalado em meu quarto, alguma novidade na revista?”

Não demorou mais que dois minutos para minha irmã responder. Eu ainda descobriria como que ela consegue trabalhar e ainda ficar de butuca no telefone. Sério!

Emma: Depende do que você quer saber. No geral está tudo tranquilo. Teria algo em específico?

Sabe aquela pedrinha chata que entra em seu sapato no meio da Times Square e não tem como você tirar na hora? Essa era Emma nos dias bons. Eu a amava, mas porra, que MERDA que ela era.

Deri: Sim, me fale de Jude.

Com Emma é assim, na lata, porque se não é difícil pegar no tranco.

Emma: Claro! Ela veio, descobriu que você viajou e não deixou nenhum serviço acumulado, então ela voltou para a faculdade. Compensando algumas horas, ela disse. Ps: por que a vovó já sabe dela? Vocês assumiram relacionamento Sério? Não achei no Facebook.

A pedrinha está cortando o meu mindinho nesse momento. Porém, não tenho muito tempo para me incomodar, porque eu tenho uma faca no meu pau, sinto-o estrangulando, enquanto eu penso no porque Jude foi embora da revista. Bato na mesma tecla por vários minutos, deitado na cama, a roupa ainda de viagem, e nao consigo chegar a à conclusão nenhuma, se não perguntar a Emma. É meio que um tiro no pé, muita bosta, mas espero que ajude.

Deri: Ela me intitulou como areia movediça, depois de dizer que estou sendo tudo pra ela.

Eu não tenho tempo de fechar os olhos no curto tempo de envio da minha mensagem, para a chegada da de Emma.

Emma: Meu dia ficou bem melhor agora, apesar de ficar decepcionada pela MERDA que você fez.

Deri: Ta aí, o que eu fiz?

Emma: Não sei, Deri, mas se prepara porque foi pouca bosta não. Ps: Assumiu algo ou não?

Deri: Não. A gente nem conversa sobre isso, Emma.

Emma: Pelo menos você já sabe qual pode ser o ponto de partida da sua MERDA.

Sim, claro que eu sei, um grande e belo nada na minha cara. Fecho a tela de conversa com Emma, porque a maldita nao me ajudou em nada, além de me confundir ainda mais. Por que as mulheres são sempre uma incógnita? Cadete, que difícil!

O aplicativo de passagens aéreas quase pisca pra mim, e é nesse momento que eu tenho uma excelente ideia. Posso não saber no que estou errado, mas já arranjei uma bela maneira de me desculpar.

(...)

Esses eventos são sempre uma quantidade exorbitante de gente exibida tentando fazer propaganda da sua empresa, eu estou entre eles. Porém, alguns são extremamente chatos e bajuladores, vulgo lambedores de bunda alheia, e não é no meio desses que você pode me achar, logo, eu fico praticamente sozinho no meio da multidão. Converso, conto piada para os que conheço, e para os novos me apresento. Sou bom com pessoas, quero dizer, sou bom em ficar apenas dez minutos conversando com uma pessoa, de resto eu já fico extremamente entediado com a falta de assunto.

Ao longo dos anos eu fui me aprimorando, eu sei escrever, criar e redigir texto, meu trabalho sempre foi atrás dos computadores, sozinho. O espelho já foi palco de grandes apresentações minhas, no início eu me cagava todo. Lembro até hoje no dia que fui apresentar meu Pitch, de cara encontrei com Erick, principal investidor. Eu quase podia sentir o cheiro da MERDA subindo. Trabalhei por anos a minha imagem, continuei detesto network. Já tinha conseguido triplicar o dinheiro que Erick investiu na revista, mas eu o mantinha para fazer esse serviço. Apesar de não aparecer nos papéis, Erick era ótimo com pessoas e indicava somente os melhores para Emma.

Acabava de virar uma taça, procurando a próxima vítima, doido para dar o fora, quando vi Alexis vindo em minha direção. Respirei fundo, me perguntando o que tinha feito de tão louco para merecer isso, eu estava quase agradecendo por não ter visto ela em todo lugar por onde andei em duas horas de festa, quando vejo a ameba de duas pernas sorrindo pra mim. Pior ainda foi constatar que ela não estava sozinha, para melhorar a minha noite, Belinda estava com ela.

O garçom passou por mim, no vulto eu consegui pegar duas taças de champanhe, virando-as em seguida.

–– Oi, Deri! Quanto tempo!

Senti o toque em meu braço, era leve como uma pluma. Não houve alteração em meu sistema, eu conhecia sua mão. Almejei elas em meu corpo durante muito tempo. Cacei na memória algo para dizer, quando desci meus olhos, mas não tinha nada. Era só… Belinda. Estava linda, os cabelos brilhavam em um ruivo natural bonito, o rosto levemente sardento que para mim tinha um charme angelical no passado.

–– Oi, Belinda! –– Sorri. Mas, já não era como eu sorria para ela. Na minha frente, estava uma pessoa linda, porém completamente sem sal pra mim. Me deparar com isso foi como um soco no peito, misturado com uma lufada de ar fresco.

Jude era uma pequena Diaba! Foi a constatação feliz, na qual eu cheguei.

Uma Amorosa VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora