Capítulo Três

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JUDE

Sempre achei super sem educação deixar uma pessoa esperando. No entanto, não adiantou todas as minhas convicções de que eu chegaria no horário certo, hoje, quando eu não pude separar vinte minutos do meu tempo para uma eventualidade, acontece o inevitável. Eu poderia matar Rachel somente com a minha força de pensamento, com a raiva que eu sinto nesse momento, eu explodiria Marte daqui da Terra. É até bom que não estejamos perto uma da outra. Ela pode ser minha melhor amiga, mas nada justifica ficar duas horas me arrumando, se eu não a deixei prender meu cabelo, era somente uma maquiagem básica com apenas um terninho discreto. Porém, não existe tempo válido para minha amiga, ela sempre enrola. Incrível.

Trombar com o bonitão cabeludo no meio da rua também não foi premeditado, claro que não, mas sim um tremendo azar. Puts, logo hoje que já estava um pouquinho além do meu tempo, tinha que acontecer essa merda? É difícil conformar, pensar que vou perder uma grande chance numa revista em ascensão no mercado Americano hoje em dia é de deixar cair, livremente, os cabelos. Mas Deus sempre é bom, atrasando também o meu futuro chefe. Sim, por que o otimismo me bateu novamente ao saber que não era única infratora da ética de relacionamentos profissionais.

O que é? Eu fiz o meu dever de casa, não podem me julgar por isso.

É a primeira vez na minha vida que eu consigo cogitar um atraso uma coisa boa, sem ficar com raiva. Fico puta toda vez que uma pessoa marca comigo e se atrasa, mas hoje é diferente e parece que tudo sopra ao meu favor. Ou não.

Quando nossa vida muda de uma hora para outra, não percebemos que aquilo está tomando uma grande proporção, até que você está lá em cima da roda gigante, vivendo altas aventuras, ou desventuras, não importa. Naquele momento você não sabe que vai cair de cara no chão. Fala sério, ninguém fica pensando se isso ou aquilo irá mata-lo ou não. E eu não falo somente de matéria, mas também de espírito e coração.

Eu deveria saber que Derick Benson seria uma avalanche na minha vida; minha nuca arrepiou, sentindo o friozinho do perigo chegando perto, meu coração palpitou, e aquelas tais borboletas que eu nunca imaginei sentir, estavam lá, dando borboletagens dentro do meu estômago. Eu quase coloquei tudo que comi, e o que não comi, para fora. Deveria saber, ele emanava tesão de longe, um puta tesão. Mas, no entanto, eu só fui chegando cada vez mais próxima, mais próxima, até que não tinha mais nenhum meio de correr.

Com a porta encostada caminhei lentamente, averiguando a postura do homem na minha a minha frente. Comecei pelo exótico cumprimento do seu cabelo, provavelmente batia em seus ombros, mas não dava para saber, estavam presos em um perfeito desarrumado coque. A blusa que outrora estava toda coberta de café, do peito até a barriga, já havia sido trocada, fazendo-me sentir uma completa diferentona, com a minha manchada de café. Não era todo mundo que podia manter um guarda roupa no serviço. Fala sério.

Pisquei meus olhos, não que eles estivessem embaçados, eu morria de medo de estar tendo uma visão. Eu não sabia qualificar se era ruim ou bom o gostosão do cabelão ser meu provável chefe. Eu tinha derramado um montante de café em um Deus de ébano e nem para pegar telefone, e agora, bem... O cara estava na minha frente me comendo com os olhos.

Eu sei muito bem o que eles querem quando me olham assim. Provavelmente é o mesmo olhar que eu tenho lançado sobre ele desde o momento que o vi. Uma lástima um tesão correspondido não poder ser solucionado, não agora pelo menos.

Eu só podia estar batendo palmas com a perequita lá embaixo, não era possível, fiquei louca pelo homem assim que o vi. Isso não era normal, nem para eu que tinha acabado de terminar um relacionamento. É, pois é, todo mundo sabe que mulher recém-solteira esfrega o fundo da calcinha no nariz dos homens gostosos, eu não sou diferente.

Uma Amorosa VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora