Capítulo Dezoito - I

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DERICK BENSON

Você é um idiota, Benson! Pensei. Balancei minha cabeça, o movimento fez com que alguns fios do meu cabelo se desprendesse do coque. Eu deveria mesmo corta-lo, virar homem, como meu pai sempre diz. Fechar a minha revista, e dar adeus a vida de mulherzinha que eu levava. Revirei meus olhos, imaginando o que ele me diria assim que descobrisse que sua prima não trabalhava mais para mim. Sorri um pouquinho, tendo a mínima glória de poder ordenar no meu império, pode ser feminino, mas era meu e estava galgando passo a passo. A verdade é que Dracke nunca quis que eu entrasse para o ramo editorial, em sua cabeça, depois da minha faculdade de Inglês, eu entraria para o direito, e seguiria com ele e Stephan.

Não foi o que aconteceu, papai!

Bom, se eu for parar para analisar os fatos, se eu tivesse entrado no escritório do meu pai, muitas coisas não aconteceriam em minha vida. Ou, eu acho que sim, já que Stephan não teria tempo para comer a minha ex-noiva, passando-me para trás, sem que eu pudesse sequer sonhar. Consequentemente, eu não conheceria Jude. Não! Por mais que eu esteja com um misto de sentimentos pela minha garota brasileira, pensar na hipótese de sequer conhecê-la, estava fora de cogitação.

Eu disse minha garota? Porra, cara! A quem está tentando enganar?

Respirei fundo, escutando somente o barulho do meu aquecedor no quarto. Encarei-me no espelho, observando as minhas olheiras das noites mal dormidas, juntamente com meus olhos vermelhos. Eu estava estranho e nem me reconhecia.

Arrumei minha gravata alinhadamente com o meu terno, colocando um blaser por cima logo depois. Minesotta quase nevava, e nem tinha chegado o inverno ainda. Eu precisava me apressar para chegar na revista, minha hora já tinha passado.

–– Oh, querido! Eu achei que já tivesse saído. –– Murmurou minha avó da porta.

Virei em sua direção.

–– Me atrasei, mãe. Fiquei trabalhando em um texto ontem até tarde, não consegui me levantar na hora. –– Menti. A verdade, era que eu tinha passado a noite rolando de um lado para o outro, perguntando-me se o compromisso de Jude seria com Stephan.

Ela era mesmo capaz de transar com dois caras em apenas um dia? Maldição!

Com dois passos cheguei em minha cama, pegando a minha vasile marrom, que combinava com o terno, averiguando se eu não tinha esquecido nada para trás.

–– Hum? É você mesmo, querido? –– Segurou no batente da porta, impedindo a minha saída. –– Eu pensei que tinha um neto dedicado a sua revista, em casa. Parece que me enganei. –– Abriu um sorriso torto, seus olhos não acompanharam o movimento.

–– Mãe, não seja dramática. Isso é tudo muito trabalho, um dia ou, outro isso acontece. –– Revirei meus olhos.

Inclinei meu corpo levemente para frente, depositando um beijo em sua bochecha.

–– Sim, Deri. –– Confirmou, o que eu ainda não sabia, olhando-me afetuosamente, as mãos no meu rosto. Me senti reconfortado. Mesmo Charlotte não sabendo do martírio em que eu passava, ela me entendia. –– Um dia ou outro isso acontece, mas já não estamos falando do seu atraso para a revista, certo?

Ou ela sabia muito mais do que eu, e se fingia de sonsa, como tinha costume. Era sempre assim; as mães e avós sempre conheciam seus filhos e netos, não era?

Senti um aperto em meu peito. Respirei fundo, mas parecia faltar ar para eu respirar.

–– Ora, mãe! De onde tirou essa ideia? Quem mais me atrasaria para a revista? –– Disfarcei.

Uma Amorosa VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora