Capítulo 27

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DERICK BENSON

O ar condicionado estava ligado e eu ainda suava. Demorei muito tempo para conseguir colocar todo o quarto em ordem. Jude tinha me indicado um dos melhores hotéis da região, acontece que não foi o suficiente. O quarto não estava uma bagunça, longe disso. Mas tive a necessidade de deixa-lo com meu jeito. Estava bastante nervoso, e não conseguia controlar o ímpeto. Sentia que ficaria ali até domingo a noite, e nem a cor do céu de Santa Catarina eu conseguiria ver.

Já eram seis da tarde aqui no Brasil e nenhum sinal de Jude. Já tinha mandado várias mensagens sem retorno e ligava pela quarta vez para seu telefone. Estava distraído, contando quantos papéis de recado tem na escrivaninha quando o telefone vibrou, indicando que ela atendeu a chamada.

–– Alô!

Primeira constatação que eu tive: Não era a Jude, ou a cidade a fazia ter uma voz completamente diferente.

Segunda: O que raios é "Alô"?

Estava quase me arrependendo de ter vindo junto com ela para o Brasil, quando a pessoa falou novamente:

–– Quem é?

Outra bosta que eu não entendia. Estava tudo uma maravilha!

–– Quero falar com a Jude!

Não era presunção achar que todo mundo falava inglês, era uma língua universal e me dava bem por onde ia com ela.

–– Bah, ela no banho.

A pessoa falou, ou tentou.

Apertei o telefone em minhas mãos enquanto suavam. Olhei para baixo, buscando o fio para desenrolar, mas o telefone era sem fio. Respirei fundo uma, duas, três vezes e de nada adiantou para passar o nervosismo.

Jude estava no banho e um homem atendeu o seu celular. Ok! Estava ficando cada vez melhor.

–– Helo?

–– Quem está falando? –– Perguntei de maneira mais ríspida do que queria, mas tinha saído sem eu me dar conta.

–– Rubens. –– Respondeu a pessoa de imediato.

Já tinha ouvido falar desse nome, mas não estava ligando à pessoa. Fechei meus olhos, coçando a cabeça. Não sabia o que fazer e detestava isso.

–– O que você está fazendo aqui, Guri! –– Ouvi a voz de Jude ao longe. Era divertida e jovial, como costumava ser. Quando ela não estava nervosa, claro!

–– Procurando meu presente, óbvio! –– O cara gargalhou.

Eu não estava conseguindo entender nada de nada que eles falavam.

–– Náo tem nada aqui. Sai fora! –– Voltou a falar.

Era como se fosse um programa de rádio em outra língua que não era a sua. Isso era bastante desagradável. Eu estava mofando no telefone e o cara parecia que tinha esquecido de mim.

–– Oh, me esqueci. Tem um gringo na linha querendo falar com você.

Ouvi uma exclamação, seguida do baque de uma porta se fechando. As línguas podiam ser como os barulhos. Universal! Seria muito mais fácil a socialização mundial.

–– Derick? –– Disse assustada.

Dessa vez era Jude, e junto com sua voz eu respirei normalmente novamente. Ou quase, por que ela ainda não tinha me explicado como um homem atendia o seu celular enquanto ela estava no banho.

Uma Amorosa VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora