VI

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Heinz era muito bonito, Amélie nunca negaria isso a ninguém. E ele não a olhava com pena, e sim, como uma pessoa normal. Ela tinha certeza que sua tia havia dito tudo para ele, mas com certeza ele não se importava.

Notou que o sorriso dele era irônico, e nunca chegava a ser perto de qualquer felicidade. Amélie sempre teve o defeito de observar demais as pessoas e seus comportamentos. Ele se virou, olhou bem em seus olhos e sorriu. Ela não pôde evitar, sorriu também. Sua tia Susi olhava para ela e o filho com um olhar suspeito, Amélie fez uma careta, e sua mãe a olhou feio por isso. Eugenie conversava alegremente com a rainha da Hungria, gostaria de saber o que falavam, mas Amélie nunca tomou interesse pela língua húngara.

Começou a andar pelo salão e observar as pessoas, mas todas falavam em línguas diferentes, e ela só sabia alemão, francês e inglês. Sua mãe sempre insistiu para que ela aprendesse mais, porém, ela nunca teve muita paciência para estudar, principalmente quando tinha passado por uma crise insuportável nos pulmões.

O embaixador francês conversava com o rei Louis sobre os impostos da França, e o rei concordava com tudo que o outro homem dizia. Amélie sabia que ele não estava concordando com nada, só estava sendo educado e conveniente. Apostava que ele não queria falar de política, e sim, se divertir. Como ela não estava fazendo nada de interessante aproximou-se dos dois e fez uma reverência.

Votre majesté. — deu uma pausa e falou novamente. — Ambassadeur.

Votre altesse impériale. — o rei beijou a mão de Amélie. — Eu sei falar alemão, não precisa se preocupar.

— Eu também, votre altesse impériale. — o embaixador também beijou sua mão.

— Acho o francês uma língua formidável, por isso quis conversar.

— Uma jovem tão linda querendo conversar com dois velhos? — Louis riu. — Você é mesmo interessante. Você é a arquiduquesa da Áustria não é mesmo?

— Exatamente. Mas, me chame de doentinha da Áustria.

— Já ouvi boatos sobre seus pulmões, mas não é algo que deva ser tão falado. — o embaixador sorriu. — Deveriam manter a etiqueta.

— Deveria saber que as cortes nunca mantêm a etiqueta. — disse como se fosse um segredo. — As pessoas falam demais. Eu acredito que saibam mais da minha vida do que eu mesma.

Rei Louis e o embaixador Jean caíram em uma profunda gargalhada. Pessoas que estavam por perto começaram a olhar para eles com um olhar de desaprovação pela risada alta demais. Mas eles não pareceram se importar com os olhares, e muito menos Amélie. Heinz surgiu perto deles com um olhar curioso sobre eles.

— Vossa majestade, Amélie é uma ótima pessoa. — Jean riu. — Ela é sua prima não é mesmo?

— Ela é sim. — fechou a expressão. — Por quê?

— Porque ela é bastante divertida. — o rei respondeu pelo o embaixador.

— Acharam minha sinceridade divertida. — Amélie deu de ombros. — As pessoas estão tão acostumadas com mentiras, que esquecem que a sinceridade é boa muitas vezes.

— Você é tão jovem e tão sábia. — Louis sorriu.

— É a doença dos pulmões.

— Doença deixa as pessoas sábias? — Heinz pegou duas taças de champanhe, e entregou uma para ela.

— Depende das circunstâncias. As minhas são simplesmente insuportáveis. Eu não posso fazer nada, que me proíbem de imediato.

— Sua família se preocupa com você, alteza. — Jean disse.

O destino de AmélieOnde histórias criam vida. Descubra agora