Ele podia afirmar para qualquer um, que o sorriso de Amélie era o mais belo e sincero de toda Alemanha. Ela estava presente em seus pensamentos desde que se encontraram no corredor do seu quarto. Já havia acordado pensando nela, mas vê-la aumentou ainda mais a vontade de estar perto dela.
Aquele dia no gabinete estava entediante, queria sair dali. Os relatórios não estavam lhe dando sossego, e outros países também não. Seu maxilar estava cerrado ao ler um relatório falando da situação delicada em que se encontrava com a Espanha. Ele prometeu a si mesmo que evitaria derramamento de sangue em seu governo, mas o rei espanhol estava frustrando suas promessas. Esperava que Jaime III soubesse com quem estava se metendo, e estivesse ciente das escolhas precipitadas que estava tomando. Lembrou-se do que Manfred lhe disse; o rei espanhol ainda era um jovem inconsequente.
Sabia como era subir ao trono tão precocemente, todas as coisas que tinha que resolver e ouvir. As opiniões divergentes que tinha com seus ministros, discussões calorosas, mas jamais deixou ser levado por ideias que não lhe agradasse e não achasse certo. Seu pai havia lhe ensinado que a paciência é uma dádiva quando temos que lidar com várias pessoas de pensamentos diferentes, e que deveria ter sempre pulso forte, pois sempre teria aquele que iria querer ter mais autoridade do que o próprio soberano. E aparentemente era isso que acontecia com Jaime.
— Vossa majestade, — disse seu secretário. — Sua alteza imperial, o arquiduque Adam.
— Mande-o entrar. — levantou a cabeça e deixou o relatório em cima da mesa.
Adam entrou no gabinete com uma expressão atormentada. Seu corpo inteiro tremia e estava muito pálido. Heinz logo se levantou da poltrona e foi em direção ao irmão mais novo.
— O que aconteceu meu irmão? — Heinz perguntou preocupado.
— Aquela mulher que eu chamo de mãe. — respirou fundo. — Cumpriu o que vinha dizendo.
Heinz sabia que aquilo não deveria ser algo bom, pelo tom de voz do irmão.
— O que arquiduquesa fez?
— Ela conseguiu o que queria Heinz. Separou-me de minha noiva, não sei como. Recebi a carta de Emmeline agora há pouco. Ela está a caminho da França! Desde quando a família dela tem algum parentesco com alguém da França? — segurou o ombro do irmão e começou a sacudir freneticamente. — E ela também disse que não me amava, que tudo não passou de uma paixão passageira. Que não queria mais me ver, pois não queria que eu tornasse as coisas mais difíceis. Por que, Heinz? Por quê? — soltou o irmão. — Estou farto disso tudo. Farto da nossa mãe se meter em nossas vidas como se fôssemos marionetes dela. Acho que ela tem prazer em nos infernizar!
— Não posso nem pedir para que mantenha a calma. — colocou as mãos para trás. — Muitas vezes a arquiduquesa passa dos limites. Eu não poso controlar ela o tempo todo, na verdade eu raramente consigo controlar nossa mãe.
— Ela parece um demônio de saia. — começou a ficar mais calmo.
— Adam, apesar de tudo, ela é nossa mãe. — repreendeu Heinz. — Vou conversar com ela...
— Proíbo determinantemente você falar alguma coisa com ela. Preciso de um tempo dessa corte alemã. — olhou em direção a janela.
— O que está querendo dizer com isso?
— Enviei uma carta para o kaiser da Áustria pedindo para eu ficar lá. Em breve terei respostas, assim espero. Como ele é nosso tio postiço, tenho uma vaga certeza que ele não me negará esse favor.
— Certamente ele vai gostar da sua ida a Viena. Gostaria de pedir para que não fosse, mas se assim você deseja meu irmão, só peço que Deus o abençoe onde você estiver.
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O destino de Amélie
Historical FictionAmélie nasceu com uma doença nos pulmões. Sua infância foi sempre acompanhada de médicos, sem poder aproveitar muito o que a vida poderia oferecer. Com o passar do tempo, desenvolveu um humor único e ferino, principalmente quando percebia o olhar de...