Depois da apresentação de Amélie, Heinz voltou para seu gabinete para ler os relatórios. Ainda estava com as notas do piano em sua mente, era impressionante a maneira como ela havia tocado. Ele estava hipnotizado. Sorriu consigo mesmo, começou assobiar pelos corredores.
— Heinz! — sua irmã chamou. — Espere um minuto.
Ele se virou para trás, deparando-se com sua irmã chorando. Ele nunca havia a visto chorar daquela maneira. Andou rápido em sua direção, abraçando-a com delicadeza. Afagou suas costas com carinho, dando beijos nos cabelos da irmã. Ele sentiu a respiração dela ficar mais calma, afastou-se dela devagar, colocando suas mãos na face avermelhada de Heidi.
— Eu deixei você risonha. — limpou uma lágrima no rosto da irmã. — O que aconteceu nesse pouco tempo?
— Sabe que nunca fui boa com instrumentos. — soluçou.
— Isso nunca foi problema. — sorriu para ela.
— Sabe que para mama é. — colocou a mão na do irmão. — Ela me humilhou para todos.
— Nossa mãe fez isso? — perguntou espantado.
— Não sei por que se espanta. — virou o rosto.
— O que me deixa espantado é ela ter feito isso na frente dos convidados. — tirou as mãos do rosto de Heidi.
— Ela estava muito irritada, assim como nossa tia.
— Tia Magda irritada? O que colocaram nas comidas e bebidas?
— Amélie é a resposta. Você sabe que elas queriam impressionar você. Elas sabiam que Eugenie não era boa com o piano, mas insistiram.
— Isso tudo por causa do talento dela? Santo Deus! Isso é inadmissível! Vou falar com a arquiduquesa agora!
— Você tem mais coisas com que se preocupar. — deu seu melhor sorriso. — Pode ficar tranquilo.
Heinz ficou indeciso se acatava a decisão da irmã.
— Está bem. — cedeu.
— Ótimo.
— Mais tarde converso com ela.
— Heinz...
— Está decidido. — beijou a bochecha da irmã. — Vejo você no jantar.
— Acho difícil você comparecer, mas manterei as esperanças.
— Vou tentar. — sorriu com certo cansaço.
— Não pode descansar pelo menos um dia? — arqueou a sobrancelha.
— Descansei no meu aniversário, não foi uma boa ideia. Você precisava ver a grande pilha de relatórios que eu tinha que ler hoje.
— Acho melhor você ir.
— Também acho.
Heidi sorriu para Heinz.
— Eu amo você, não sei o que faria sem você.
— Você tem o Adam também.
— Você sabe que não é a mesma coisa. — revirou os olhos.
— Eu sei. Você me ama mais. — riu.
— Não seja convencido, Liebe.
— Com uma condição. — riu. — Daria a honra de passear comigo, ou ficar comigo no gabinete o dia inteiro me distraindo?
Heidi ficou espantada, ficou em silêncio por uns instantes até responder aquela proposta inesperada.
— Seria pedir muito ter os dois?
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O destino de Amélie
Historical FictionAmélie nasceu com uma doença nos pulmões. Sua infância foi sempre acompanhada de médicos, sem poder aproveitar muito o que a vida poderia oferecer. Com o passar do tempo, desenvolveu um humor único e ferino, principalmente quando percebia o olhar de...