Amélie chegou ao grande salão com Heinz. Apesar de ela ter insistindo para ele ir na frente, e posteriormente, ela iria; ele não aceitou. E como eles estavam ultrapassando algumas barreiras, e enfrentando algumas pessoas, resolveu usar o colar que ele havia dado de presente para ela.
Todo o momento ela tocava no colar em seu pescoço. Era de uma simplicidade tão linda, que considerava a joia mais linda e preciosa que possuía. Não sabia se realmente Heinz havia escolhido a joia, mas só pelo fato dele ter ido a seu quarto antes e ter entregado em suas mãos, antes de todo mundo, era a consideração mais linda que ele poderia ter tido por ela.
Quando chegaram à frente da porta que dava para o salão, onde seria a festa de natal, Heinz a soltou e ficou de frente para ela.
— Lembro-me que pediu para irmos com calma sobre nós, e também pelo que sentíamos.
Amélie sorriu e pendeu a cabeça para o lado.
— Sim, mas por que esse assunto agora?
Ela observou que ele estava nervoso, mas estava curiosa para saber do que se tratava. Colocou a mão no braço dele e afagou carinhosamente.
— Diga-me de uma vez o que tem vontade de falar.
— Quando fui comprar os presentes para as mulheres, inclusive o seu, resolvi comprar outra coisa. — enfiou a mão no bolso da calça, e puxou uma caixa de veludo azul marinho.
— Não me diga que... — sussurrou.
— Comprei um anel de noivado.
Amélie arregalou os olhos, e quase tropeçou na barra do próprio vestido.
— É o que estou pensando? — sussurrou quase gaguejando.
— Creio que sim.
— O que está planejando exatamente?
— Quero pedir sua mão em casamento para seu papa, diante da nossa família.
Amélie colocou a mão na cabeça com certa preocupação. Aquilo poderia ser uma grande decisão precipitada da parte dele. Ela poderia não ser a decisão acertada. Havia tantos fatores que impediam os dois de serem felizes. E um deles era sua doença. Corria um grande risco de não poder dar filhos para ele. Não poderia ser egoísta e pensar somente na própria felicidade, precisava pensar nele também.
— Heinz isso não é certo. Não é...
— Apresente-me bons argumentos para dizer que não é certo. — tremeu os lábios ao falar.
— Não sou a mulher que procura. Nada tenho nada para lhe oferecer. — Amélie colocou a mão nos ombros dele. — Tudo isso pode ser confusão do nosso lado sentimental, ou, não sei. Temos que seguir a razão nesse momento. Não tome decisões precipitadas pelo calor das emoções. E também você poderia arranjar muitos problemas por minha causa. Seu povo não vai querer uma pessoa doente como kaiserin.
— Amélie assuma que não sente nada por mim. Seria menos doloroso. — tirou as mãos dela do seu ombro.
— Heinz...
— Por favor, apenas pare. — colocou a caixa de veludo no bolso da calça novamente. — Fui um tolo em acreditar que me amava da mesma forma da qual eu a amo. Mas sentimentos são realmente traiçoeiros. — Heinz afastou-se dela, colocando os braços para trás. — Acho que tudo está acabado, certo?
— Heinz...
— Guardas, abram a porta.
Os guardas abriram a porta dupla, revelando um salão bastante iluminado. Amélie avistou sua mãe e sua tia conversando com seu pai e seus irmãos. Eugenie estava afastada conversando com Heidi e Adam, mas não tinham nenhuma expressão que revelasse que o assunto era divertido.
Quando Heinz entrou, todos pararam de conversar e fizeram uma reverência. Não pôde olhar o que aconteceu logo em seguida, pois os guardas fecharam a porta.
Amélie respirou fundo, e começou andar de um lado para o outro. Seria complicado ficar com ele no mesmo lugar depois daquela conversa tão constrangedora. Ela não estava machucando somente ele, mas a si também. Heinz poderia não entender, mas ela estava fazendo a melhor coisa para ele. Futuramente ele reconheceria que ela estava certa.
— Isso foi pior do que eu imaginava. — disse para si mesma.
Andou até a porta, e os guardas abriram a porta para ela.
— Obrigada. — sorriu em agradecimento e entrou.
Ao contrário do que aconteceu com Heinz, ninguém parou de fazer o que estava fazendo para recebê-la, com exceção do seu pai, que foi em sua direção com um largo sorriso no rosto. Alegrou-se ao vê-lo, o amava e o estimava demais.
— Demorou em vir. Sentiu-se mal?
— Sim, estou bem fisicamente. — direcionou seu olhar para Heinz. — Emocionalmente não.
— Aconteceu alguma coisa? Diga-me.
— Oh, papa, não é hora e nem momento para falarmos sobre esse assunto. Vamos aproveitar a noite.
— Como preferir. — seu pai deu um beijo em sua testa. — A mesa da ceia está magnifica! Mal posso esperar para comer.
— Meu querido, não fale dessa maneira. Parece que na Áustria não há comida. Modos, por favor. — sua mãe chegou com o semblante chateado. — Amélie. — olhou para ela de modo reprovador. — Está atrasada.
Amélie ignorou a mãe e saiu em direção às janelas. Estava completamente sem ânimo para começar outra discursão. Apesar de transparecer que estava bem, seu coração estava triste e infeliz. Ela tinha tudo nas mãos, mas precisava deixar tudo de lado em nome de um bem maior. Por mais que sua decisão a matasse por dentro.
— Tão pensativa e calada.
Amélie se virou, deparando-se com Adam.
— Oh, sim. É a melhor coisa que eu posso fazer hoje. — forçou um sorriso. — Aconselho não ficar perto de mim por muito tempo. Não estou no meu melhor estado de espírito, acho que posso infeccionar qualquer um.
— Parece que não é somente você. — olhou para o irmão e sorriu. — O humor das pessoas desse palácio não anda nos melhores momentos. Creio que seja uma grande epidemia.
— Fico mais tranquila que não seja somente eu.
— Minha mãe infernizou tanto minha vida, que perdi minha noiva. Acredita? — riu com ironia. — Pensei que ela suportaria tudo comigo, até mesmo a arquiduquesa Susi, mas infelizmente fui extremamente enganado. Na verdade, fui equivocado. Vou para a Áustria ficar com sua família.
— Gostaria de voltar.
— Mal conheceu a Alemanha, já quer voltar?
— Sim. Seria a melhor coisa que eu poderia fazer agora.
— Eu sabia que minha mãe...
— Antes o problema ser sua mama. — riu da sugestão de Adam.
Uma nota de violino ecoou pelo salão. Posteriormente, toda a orquestra começou a tocar. Ela não havia percebido que havia uma no recinto, mas não era de se espantar, sua tia gostava que as coisas fossem perfeitas, por mais que fossem poucas pessoas.
— Soube que podemos dançar até onze horas. — Adam disse de repente.
— Isso é um convite? — ofereceu a mão para ele.
— Arquiduquesa esperta.
— Sempre.
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O destino de Amélie
Historical FictionAmélie nasceu com uma doença nos pulmões. Sua infância foi sempre acompanhada de médicos, sem poder aproveitar muito o que a vida poderia oferecer. Com o passar do tempo, desenvolveu um humor único e ferino, principalmente quando percebia o olhar de...