XVI

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Amélie chegou ao grande salão com Heinz. Apesar de ela ter insistindo para ele ir na frente, e posteriormente, ela iria; ele não aceitou. E como eles estavam ultrapassando algumas barreiras, e enfrentando algumas pessoas, resolveu usar o colar que ele havia dado de presente para ela.

Todo o momento ela tocava no colar em seu pescoço. Era de uma simplicidade tão linda, que considerava a joia mais linda e preciosa que possuía. Não sabia se realmente Heinz havia escolhido a joia, mas só pelo fato dele ter ido a seu quarto antes e ter entregado em suas mãos, antes de todo mundo, era a consideração mais linda que ele poderia ter tido por ela.

Quando chegaram à frente da porta que dava para o salão, onde seria a festa de natal, Heinz a soltou e ficou de frente para ela.

— Lembro-me que pediu para irmos com calma sobre nós, e também pelo que sentíamos.

Amélie sorriu e pendeu a cabeça para o lado.

— Sim, mas por que esse assunto agora?

Ela observou que ele estava nervoso, mas estava curiosa para saber do que se tratava. Colocou a mão no braço dele e afagou carinhosamente.

— Diga-me de uma vez o que tem vontade de falar.

— Quando fui comprar os presentes para as mulheres, inclusive o seu, resolvi comprar outra coisa. — enfiou a mão no bolso da calça, e puxou uma caixa de veludo azul marinho.

— Não me diga que... — sussurrou.

— Comprei um anel de noivado.

Amélie arregalou os olhos, e quase tropeçou na barra do próprio vestido.

— É o que estou pensando? — sussurrou quase gaguejando.

— Creio que sim.

— O que está planejando exatamente?

— Quero pedir sua mão em casamento para seu papa, diante da nossa família.

Amélie colocou a mão na cabeça com certa preocupação. Aquilo poderia ser uma grande decisão precipitada da parte dele. Ela poderia não ser a decisão acertada. Havia tantos fatores que impediam os dois de serem felizes. E um deles era sua doença. Corria um grande risco de não poder dar filhos para ele. Não poderia ser egoísta e pensar somente na própria felicidade, precisava pensar nele também.

— Heinz isso não é certo. Não é...

— Apresente-me bons argumentos para dizer que não é certo. — tremeu os lábios ao falar.

— Não sou a mulher que procura. Nada tenho nada para lhe oferecer. — Amélie colocou a mão nos ombros dele. — Tudo isso pode ser confusão do nosso lado sentimental, ou, não sei. Temos que seguir a razão nesse momento. Não tome decisões precipitadas pelo calor das emoções. E também você poderia arranjar muitos problemas por minha causa. Seu povo não vai querer uma pessoa doente como kaiserin.

— Amélie assuma que não sente nada por mim. Seria menos doloroso. — tirou as mãos dela do seu ombro.

— Heinz...

— Por favor, apenas pare. — colocou a caixa de veludo no bolso da calça novamente. — Fui um tolo em acreditar que me amava da mesma forma da qual eu a amo. Mas sentimentos são realmente traiçoeiros. — Heinz afastou-se dela, colocando os braços para trás. — Acho que tudo está acabado, certo?

— Heinz...

— Guardas, abram a porta.

Os guardas abriram a porta dupla, revelando um salão bastante iluminado. Amélie avistou sua mãe e sua tia conversando com seu pai e seus irmãos. Eugenie estava afastada conversando com Heidi e Adam, mas não tinham nenhuma expressão que revelasse que o assunto era divertido.

Quando Heinz entrou, todos pararam de conversar e fizeram uma reverência. Não pôde olhar o que aconteceu logo em seguida, pois os guardas fecharam a porta.

Amélie respirou fundo, e começou andar de um lado para o outro. Seria complicado ficar com ele no mesmo lugar depois daquela conversa tão constrangedora. Ela não estava machucando somente ele, mas a si também. Heinz poderia não entender, mas ela estava fazendo a melhor coisa para ele. Futuramente ele reconheceria que ela estava certa.

— Isso foi pior do que eu imaginava. — disse para si mesma.

Andou até a porta, e os guardas abriram a porta para ela.

— Obrigada. — sorriu em agradecimento e entrou.

Ao contrário do que aconteceu com Heinz, ninguém parou de fazer o que estava fazendo para recebê-la, com exceção do seu pai, que foi em sua direção com um largo sorriso no rosto. Alegrou-se ao vê-lo, o amava e o estimava demais.

— Demorou em vir. Sentiu-se mal?

— Sim, estou bem fisicamente. — direcionou seu olhar para Heinz. — Emocionalmente não.

— Aconteceu alguma coisa? Diga-me.

— Oh, papa, não é hora e nem momento para falarmos sobre esse assunto. Vamos aproveitar a noite.

— Como preferir. — seu pai deu um beijo em sua testa. — A mesa da ceia está magnifica! Mal posso esperar para comer.

— Meu querido, não fale dessa maneira. Parece que na Áustria não há comida. Modos, por favor. — sua mãe chegou com o semblante chateado. — Amélie. — olhou para ela de modo reprovador. — Está atrasada.

Amélie ignorou a mãe e saiu em direção às janelas. Estava completamente sem ânimo para começar outra discursão. Apesar de transparecer que estava bem, seu coração estava triste e infeliz. Ela tinha tudo nas mãos, mas precisava deixar tudo de lado em nome de um bem maior. Por mais que sua decisão a matasse por dentro.

— Tão pensativa e calada.

Amélie se virou, deparando-se com Adam.

— Oh, sim. É a melhor coisa que eu posso fazer hoje. — forçou um sorriso. — Aconselho não ficar perto de mim por muito tempo. Não estou no meu melhor estado de espírito, acho que posso infeccionar qualquer um.

— Parece que não é somente você. — olhou para o irmão e sorriu. — O humor das pessoas desse palácio não anda nos melhores momentos. Creio que seja uma grande epidemia.

— Fico mais tranquila que não seja somente eu.

— Minha mãe infernizou tanto minha vida, que perdi minha noiva. Acredita? — riu com ironia. — Pensei que ela suportaria tudo comigo, até mesmo a arquiduquesa Susi, mas infelizmente fui extremamente enganado. Na verdade, fui equivocado. Vou para a Áustria ficar com sua família.

— Gostaria de voltar.

— Mal conheceu a Alemanha, já quer voltar?

— Sim. Seria a melhor coisa que eu poderia fazer agora.

— Eu sabia que minha mãe...

— Antes o problema ser sua mama. — riu da sugestão de Adam.

Uma nota de violino ecoou pelo salão. Posteriormente, toda a orquestra começou a tocar. Ela não havia percebido que havia uma no recinto, mas não era de se espantar, sua tia gostava que as coisas fossem perfeitas, por mais que fossem poucas pessoas.

— Soube que podemos dançar até onze horas. — Adam disse de repente.

— Isso é um convite? — ofereceu a mão para ele.

— Arquiduquesa esperta.

Sempre.

O destino de AmélieOnde histórias criam vida. Descubra agora