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Era um daqueles dias chuvosos em Berlim onde não se podia fazer quase nada, coisa que Amélie já estava acostumada. Sabia que em poucos minutos sua mãe entraria em seu quarto ordenando que ela deitasse, pois poderia ter uma crise de falta de ar. Porém, ela se sentia livre e rebelde, não queria cumprir ordens que não lhe trariam uma mínima diversão, queria passear por aquele enorme palácio.

Suas damas chegaram cedo e ela já estava arrumada esperando por elas. Rachel, Leni e Annelie estavam receosas em desobedecer às ordens da kaiserin austríaca, mas sua filha pouco se importava com isso, afinal, já estava acostumada. Como não queria ter uma crise, vestiu um vestido com grandes camadas de anáguas, com mangas compridas e uma gola alta. Leni havia trançado seus longos cabelos, enquanto as outras distraiam Anika. Amélie gostava que as pessoas a subestimassem, pois nunca achavam que ela poderia fazer muitas coisas, principalmente trapaças.

Annelie e Rachel chegaram rindo, e no fundo ela já sabia que elas haviam conseguido realizar o problema com prontidão. Leni colocou um laço de fita na ponta da trança de Amélie delicadamente.

— Gostou Amélie? — perguntou sorridente.

— Claro. — sorriu de volta. — Então, conseguiram?

Annelie sentou-se na cama e começou a rir novamente, assim como Rachel.

— Alteza, Anika está dormindo como um anjo. — Rachel afirmou.

— Somente duas gotas? — Amélie começou a rir também ao citar seu remédio.

— Nada mais, nada menos. — Annelie riu.

— Perfeito! — levantou-se da cadeira. — Para onde podemos ir? Trabalhavam aqui antes?

— Sim. — Leni respondeu. — Em poucos dias que estamos com a senhorita, acho que gostaria de conhecer a biblioteca real e o belo jardim de inverno. A estufa seria um problema hoje, por causa da sua saúde, por Deus, não quero me meter mais em encrenca. — colocou a mão sobre o coração. — Só estou fazendo isso por realmente gosto da senhorita.

Amélie a abraçou rapidamente e apertou sua mão.

— Obrigada por fazer essa pobre garota feliz.

— Sempre as ordens. — Annelie retribuiu sorrindo.

— Biblioteca ou jardim?

— Biblioteca. — Amélie e Rachel responderam juntas.

— Ótimo! Vamos logo.

Saíram devagar do quarto, mas não conseguiam conter os risos. Abafaram os risos com as mãos, quando passaram em frente aos quartos da mãe e irmã de Amélie. Viraram em direção ao corredor do lado direito, o corredor do kaiser, onde era mais vazio e corriam menos risco de serem vistas. Fizeram o máximo de silêncio que podiam, mas uma porta foi aberta, e de lá saiu o kaiser conversando animadamente com seu camareiro. Quando ele as viu, ficou com uma expressão confusa, com certeza não entendia presença delas naquele corredor. Dispensou o camareiro com a mão, andando em direção a elas. Amélie ficou paralisada quando seus olhares se encontraram, sentiu algo dentro de si ficar feliz.

Na verdade, ela estava feliz em vê-lo.

— Bom dia, senhoritas. — fez um cumprimento com a cabeça. — Amélie. — pegou sua mão e beijou por alguns segundos.

— Bom dia majestade. — responderam as quatro.

— É meio confuso ter pessoas por esse corredor. Estão fugindo de alguma coisa? — arqueou as sobrancelhas.

Elas se olharam e riram.

— Heinz, eu estou fugindo da minha mãe, irmã, Anika, que é minha enfermeira, e qualquer pessoa que queira me trancar no quarto.

O destino de AmélieOnde histórias criam vida. Descubra agora