XXVI

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O belo vestido branco serviu perfeitamente no corpo de Amélie. Um belo colar de diamantes foi colocado em seu pescoço, assim como uma coroa em sua cabeça. Estava nervosa, seu corpo todo tremia. Rachel colocou os sapatos nos pés dela, Leni arrumava o longo véu, enquanto Annelie observava o buquê de flores que o jardineiro tinha enviado mais cedo. Outras empregadas também estavam no quarto, andavam de um lado para o outro apressadas.

— Amélie, parece um anjo. — Rachel sorriu. — Mal vejo a hora de vê-la entrando naquela igreja.

— Estou com medo de gaguejar. — começou a rir.

— Um sorriso, finalmente. — comentou Leni.

Naquela manhã ensolarada, acordou feliz, mas quando se lembrou que não veria seu irmão no altar da igreja junto a sua família, ficou triste. Não tinha um só dia em que não se lembrasse dele, e tudo piorava quando via Adam. As lembranças das palavras do seu irmão a atormentava, mesmo que ela tivesse queimado a carta, tudo continuava gravado em sua mente.

— Não deveria ficar pensando em seu irmão, Amélie. Não eram próximos, sei que era seu irmão, que antes de morrer quis fazer a coisa certa, pedindo desculpas. Posso estar sendo insensível, mas eu acho que essa é a verdade. Por mais que muitos não digam a você. — Leni cruzou os braços. — Se quiser me demitir, entenderei.

Aquelas palavras incomodaram sim, mas não faria algo com ela por sua sinceridade. Admirou a coragem da dama, provavelmente nenhuma outra pessoa falaria com ela daquela forma mesmo, como Leni tinha afirmado.

— Não vou fazer nada com você. — apenas disse isso, para não prolongar o assunto desagradável. — A propósito, Eugenie veio?

— Chegou está manhã, alteza. — respondeu uma empregada.

— Obrigada.

— Se eu fosse ela, teria vergonha. — Rachel sentou-se na poltrona com os braços cruzados. — Quero nem olhar no rosto dela novamente. Criei uma completa aversão por aquela mulher.

— Ela não irá fazer nada hoje. — Amélie passou a mão pelo vestido.

— Não confie tanto em sua irmã. Creio que ela seja capaz de jogar alguma coisa em você para manchar o vestido. — Anika colocou as mãos na cintura. — A menina vai se casar, se tornar uma mulher.

— Pensei que eu já fosse mulher. — franziu o cenho.

— Entendeu-me, Amélie. — Anika revirou os olhos. — Acho que podemos ir para a carruagem.

Amélie deu um pequeno sorriso para ela, e levantou o vestido para poder andar melhor. Eram tantas coisas debaixo daquele vestido, que provavelmente precisaria de ajuda para andar até o altar. A joias também pesavam, principalmente os brincos. Desejou poder se casar com um vestido simples, em uma capela, apenas com a família e amigos, uma coisa simples, sem nenhum luxo. Isso espantaria a todos, mas para ela, seria uma dádiva.

Ajudaram-na a subir na carruagem que a esperava. Sentou-se com certo desconforto, mas conseguiu se adaptar rapidamente no assento com todo aquele vestido. Olhou pela janela duas damas e sua enfermeira indo para outra carruagem apressadas. E quando iria chamá-las, a carruagem começou a andar para fora dos portões.

Por todos os lados, haviam pessoas com bandeiras da Alemanha e da Áustria. Estavam felizes, gritavam por ela com entusiasmo. Amélie tentou ao máximo recompensá-los acenando e sorrindo para cada um que pudesse. Era lindo observar o quão as pessoas estavam felizes por ela e Heinz, sentia-se amada.

Quando chegou em frente a catedral de Berlim, o cocheiro abriu a porta da carruagem e a ajudou descer. Seu pai surgiu do seu lado tão rapidamente, que levou um susto, fazendo-o rir. Ele beijou sua testa e ofereceu seu braço.

— Como está se sentindo minha querida filha?

— Nervosa. — sorriu. — Mas vai passar.

— Olha, não vai passar. Diversas pessoas, de diversos países, estão nessa catedral esperando por você. Todos os olhos estarão sobre você, cada movimento que fazer, estarão observando.

— Agora o senhor me deixou com medo. — engoliu em seco.

— Vamos?

— Sim.

As portas foram abertas assim que pousaram os pés diante delas. Um coro começou a cantar enquanto eles caminhavam em direção ao altar. Amélie evitou qualquer tipo de contato visual, poderia acabar fazendo alguma coisa errada, e não poderia errar de forma alguma. Seu pai deu um aperto em sua mão, como se quisesse tranquiliza-la de alguma forma. Apenas sorriu em resposta, mantendo uma postura perfeita.

Heinz esperava no altar com uma expressão séria, mas seus olhos estavam divertidos esperando por ela; poderia perceber pelo brilho dos olhos dele. Queria acelerar os passos, mas como seu pai havia lhe alertado no lado de fora: todos estavam a observando. Manteve-se calma e continuou ao lado do seu pai, até ser entregue para ele e o arcebispo começar a cerimônia.

Amélie começou a ficar irritada com a demora da cerimônia, agoniada para sair daquela catedral, trocar de vestido, comer alguma coisa. Todas aquelas palavras do arcebispo estavam deixando ela com uma enorme dor de cabeça

— Heinz Joseph Bastian Vincent Hohenlohe-Langenburg, você aceita esta mulher como sua legítima esposa, para viver com ela, conforme os mandamentos de Deus, em sagrado matrimônio? Promete amá-la e respeitá-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença? E, renunciando a todas as outras, ser-lhe fiel, por todos os dias de sua vida? — aquela fala fez Amélie sair do seu devaneio.

— Aceito. — respondeu sério.

— Amélie Kirsten Anke von Battenberg, você aceita este homem como seu legítimo esposo, para viver com ele, conforme os mandamentos de Deus, em sagrado matrimônio? Promete amá-lo e respeitá-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença? E, renunciando a todos os outros, ser-lhe fiel, por todos os dias de sua vida?

— Aceito.

Uma criança trouxe as alianças diante deles. O arcebispo colocou a mão direita de Heinz sobre a dela e mandou repetir mais palavras.

— Eu, Heinz Joseph Bastian Vincent Hohenlohe-Langenburg, te recebo, Amélie Kirsten Anke von Battenberg, como minha legítima esposa. — colocou a aliança em seu dedo anelar.

Amélie também colocou sua mão direita sobre a dele e começou a repetir as palavras do arcebispo.

— Eu, Amélie Kirsten Anke von Battenberg, te recebo, Heinz Joseph Bastian Vincent Hohenlohe-Langenburg, como meu legítimo esposo. — e colocou a aliança no dedo dela.

— Eu vos declaro marido e mulher.

Amélie queria pular de alegria por aquela longa cerimônia ter acabado, mas apenas deu um pequeno sorriso em direção a Heinz. Segurou o braço dele e começaram a caminhar para fora da catedral.

— Fiquei feliz em ter acabado.

— Percebi que estava distraída durante uma grande parte da cerimônia.

— Apenas me sinto cansada. E, não posso negar a você, estava meio irritada.

Amélie notou o primeiro sorriso de Heinz.

— Eu também estava.

— Sua seriedade está me assustando.

— Preciso ser assim em público. — afagou a mão dela. — Vamos comemorar nosso casamento com os convidados, depois podemos viajar para Wurtzburgo.

— Estou ansiosa por isso.

— Também estou.

Estava finalmente casada com aquele que amava.

Unidos até que a morte os separasse.

O destino de AmélieOnde histórias criam vida. Descubra agora