XXIX

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Aquela cigana tinha razão em suas palavras, bastava apenas a criança nascer para concluir sua certeza. Depois de alguns meses Amélie começou a ficar diferente, estressada, algumas vezes falava coisas que o magoavam bastante. Porém, o seu amor era paciente e verdadeiro, amava ela demais para deixar qualquer pequena crise destruir tudo que haviam construído.

A porta secreta do seu gabinete foi aberta, depois de alguns segundos Amélie passou por ela. Sua expressão estava serena, mas seus olhos denunciavam uma preocupação; e não era somente ela que estava preocupada, ele estava ainda mais.

Meine Liebe. — andou até ela e beijou sua bochecha.

— Heinz. — apertou a mão dele. — Precisamos conversar.

— Agora? — gostaria de conversar acima de tudo com ela, mas ainda tinha uma reunião naquela manhã em poucos minutos.

— Por favor, não devemos deixar essa conversa para depois.

Heinz tocou a campainha em cima da sua mesa para chamar seu secretário para comunicar que cancelaria todas as reuniões do dia. Qualquer coisa que saísse daquela conversa, poderia ser benéfica ou maléfica; implorava para Deus que fosse benéfica.

Richard chegou rapidamente e fez uma reverência para os dois imediatamente. Depois ficou em uma posição impecável.

— Cancele todas as minhas reuniões de hoje. Comunique que sinto muito por isso, que amanhã o dia será aberto para todas as reuniões possíveis. E, você, está liberado das suas funções.

— Sim, majestade. Com sua licença.

— Concedida.

Richard saiu rapidamente do gabinete, deixando ele a sós com Amélie, que já estava sentada em uma poltrona. Heinz aproximou-se dela e sentou-se depois de alguns segundos.

— Estive pensando em nós dois mais cedo.

— Prossiga.

— Estamos errando de muitas formas. Na verdade, a maior culpa é minha, assumo. Eu irrito, grito, magoo você tantas vezes, e não me diz absolutamente nada. As mulheres me disseram que na gravidez as mulheres ficam alteradas, mas eu não queria ficar assim. Eu sinto sua falta, Heinz. Você sempre está distante, eu sei que a culpa não é sua. Mesmo assim, fico me sentindo sozinha nesse enorme palácio. Quando tenho minhas crises, é um dos poucos momentos que tenho você inteiramente para mim. — começou a chorar. — Eu não queria estar chorando, mas é inevitável. Perdoe-me, eu amo você. Não há outra pessoa que se compare a você, ou que seja tão paciente. Obrigada, meu querido.

Refletiu em todas as palavras dela com carinho. Jamais ficaria aborrecido com ela por muito tempo, algumas vezes ficava magoado, mas passava rapidamente. Evitava falar com Amélie às vezes para não haver discussões, porque odiava vê-la chorar, e muitas vezes acabava passando mal.

— Não chore. — passou o polegar pelos olhos dela. — Ficaremos bem.

— Sou muito imatura.

— Todos nós somos.

— Não, veja como está agindo diante dessa situação. Deveria estar jogando em cima de mim todas as coisas cruéis que eu disse de uns meses para cá.

— Apenas estou agindo com a razão. Não me disse coisas cruéis, apenas estava ressaltando o seu incômodo para mim. Reconheço que não sou o marido mais presente que possa ter, porém, a culpa não é minha. Tento de todas as formas ficar mais tempo com você, mas os problemas apenas aumentam a cada dia.

— Não se preocupe mais com isso. Farei de tudo para que possamos ficar bem. — colocou a mão sobre a barriga. — Oh, ele chutou! — disse animada, pegando a mão dele e colocando em sua mão. — Veja como é animado nossa criança.

O destino de AmélieOnde histórias criam vida. Descubra agora