Narrador: Jó
Ela olha-me nos olhos e mergulha dentro de água como uma sereia, a sua maneira de estar no mundo fascina-me, atrai-me, excita-me, deixa-me contente, repleto de emoções que não controlo. Ela volta acima com o cabelo molhado deixando segregar um riso por entre o seu rosto imponente e lindo. Sai da água, eu sigo-a como um cordeiro ou um faminto à procura de alimento, ou simplesmente do seu perfume. Ela deita-se na toalha, eu ao lado dela, consigo sentir, ouvir a sua respiração, o seu corpo, todo o seu perfume natural, aquela atracção, química, que me deixa a transpirar por ela. Imagino-a nua, olhar directamente para mim com o seu olhar perturbante, olhos verdes como esmeraldas, devorando-me. Eu aproximo-me dela, consigo sentir o seu hálito, ela morde o lábio, o que me fascina, dou-lhe um beijo profundo, sinto a sua língua a percorrer toda a minha boca, coloco-me em cima dela, sinto a nossa pele a se contactar.
Até que se ouve um carro de policia a se dirigir perto da ravina com as sirenes em punho, eu assusto-me, continua-mos na nossa posição, ela olha para mim e depois para o meu pénis, olhando de seguida para uma ravina onde um policia gordo de bigode aparece com um ar frustrado, cansado, traz enormes manchas de suor na sua camisa, o que de certa forma lhe retira todo o seu respeito e autoridade. Caminha até à ponta da ravina, levanta um megafone que tem nas mãos e leva-o à boca dizendo:
-É o senhor Jó?
- É sim, porquê?
-Venho prende-lo por tentativa de homicídio do padre local!
Eu sinto-me perdido, onde é que eu me meti, eu já devi estar à espera disto, que isto acabasse mal, que fosse uma merda, já estou farto de tudo o que tive de passar e agora uma nova passada na lama. Ela olha para mim com cara de preocupada e segreda-me:
- Bate-me...e quando eu disser "ele, aquele parvalhão", tu viras-te de costas!
Eu não percebo porquê que ela me diz isto, sou vou piorar a minha situação com a policia, ela quer me enterrar vivo, será que foi ela que me denunciou, já não sei o que fazer, tudo parece uma amalgama de ideias que não compreendo, não em encontro a ranhura para fazer ou tentar fazer o puzzle que é esta rapariga. Mas sigo à risca tudo o que ela me pede.
Levanto a mão e como se fosse outra qualquer, ou mesmo uma amante do meu pai, uma galdéria, dou-lhe uma estalada na cara, ela geme alto, chamando a atenção do policia que está estupefacto com a situação, olho na sua direcção, dou-lhe um murro no olho, mordo-lhe, grito, ela grita comigo, chora, chama-me nomes, rebolamos pela areia e continuamos a nossa luta.
O policia dirigi-se à praia, desce a rampa de terra e corre na nossa direcção, empunha uma arma na mão, assim que a vejo afasto-me de Babilónia, ela levanta-se maltratada e corre para traz do policia, eu olho para a cara dela, ela está maçada, tocada, sinto mesmo longe a sua respiração.
O policia encara-me mas não o ouço, ainda estou repleto de pensamentos que me impedem ouvir, começo a ouvir. Ele está à minha frente, ela atrás dele, de lado para o mar:
- O senhor para além de tentativa de homicídio, está a agredir esta mulher!
Não respondo.
Ele dirige a palavra palavra para ela não se virando:
- Está tudo bem consigo, minha senhora?
- Esse homem, veio ter comigo à praia e começou a falar comigo e quis levar-me à força para a sua casa, como eu rejeitei ele começou a agredir-me,ele, esse parvalhão...
Não percebi o que ela disse mais, virei a cara, mas o meu olhar focou-a. Enquanto falava, ela estava a tirar o sutiã, mas porquê? O que estava ela a fazer, estava a gozar comigo, estava a gozar com toda esta situação, num segundo ela desata o sutiã, passa o fio do mesmo em volta do pescoço do policia, eu viro a cara, vejo a cara vermelha do policia, vejo as suas mamas a se movimentarem, ela puxa o fio do sutiã e sufoca o policia que passado cinco minutos está no chão, morto, sem respiração, inocente do que se estava a passar, sinto-me perturbado, o que estava ela a pensar quando decidiu fazer isto. levo as mãos à cara.
Ajoelho-me e vejo se o policia está com pulsação, olho para ela, que estava a colocar de novo o sutiã, com uma cara impávida e serena, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.
- Mas que merda esta Babilónia, o que estavas a pensar, matar um homem, já não estamos em mãos lençóis suficientes.
Ela não me responde.
- Fala comigo!
- Tinha de ser feito ou querias ir para a prisão?
Não repondo.
- Ajuda-me!
Segura-mos o corpo, subimos a rampa, colocando o corpo no porta bagagens do seu carro. Ela pede-me para entrar no carro no lado do condutor e ela ao meu lado. Ela grita:
- Leva esse carro, para a praia!
Ela olho para o lado, ela continua a encarar-me. Coloco o pé no acelerador e vejo-nos a deslizar no ar, aterrando na areia, com o carro todo despedaçado, bato com a cabeça no volante, ela no tablier, ambos temos sangue a escorrer-nos. Ela olha para mim com cara de aprovação e sorri-me. Saímos do carro da policia, colocamos o policia morto no lugar do condutor, ela corre para o seu carro na falésia, de onde joga uma pá, dirige-se de novo à praia, coloca a pá entre o acento e o acelerador, fecha a porta, liga o carro de fora, colocando a sua cabeça no interior do veiculo vê-se o carro a deslizar para dentro de água. Inspiro fundo, ela diz-me para irmos embora, pegamos nas coisas e corremos para o carro, avançamos e metemos-nos a estrada, onde desaparecemos.
Um morte, será está única, algo que me atormenta até chegarmos a casa.
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O Barulho do Silêncio #oscarliterario #escritoresdeouro
Mystery / ThrillerTudo começa com a morte, após a morte de seu pai, um rapaz entra em depressão, conhecendo uma rapariga ruiva, que o leva por caminhos, nunca navegados. Desde droga, prostituição, até matar, tudo por dinheiro, dinheiro é o que faz movimentar esta his...