O unico dia em que te amei

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Narrador 1:
Era uma vez, duas ou três, basicamente, aquele que vocês quiserem, não sei bem precisar no tempo, sei que o azul do mar refletia o azul do céu, o espirito marítimo estava calmo e emanava a peixe petrificado. Um homem, três léguas de praia, duzentas mil milhões de toneladas de areia, dez mil milhões de animais diferentes, mil espécies de corações nauseabundos... mil espíritos alentos, um homem cacheado de boas uvas, de bom vinho do: "Espirito santo, ámen", o Homem recorda estas palavras como sendo suas, obras miraculosas, mas não, não passa de um homem reles e sem escrúpulos, coração de pedra lavada em lava de amargura da vida. Olhos verdes, três pérolas do saber não saber. Chamam-lhe o Messias não por possuir uma beleza estrema, mas uma bondade aparente, meticulosidade e falsidade. Olha o mar como se fosse o seu Deus, o seu corpo e o seu sangue. Levanta-se três paços para a esquerda e duzentos até ao seu modesto Jaguar.

Mas esta história não começa aqui...

Começa há vinte anos atrás quando este homem tinha 18 anos, não era o homem que se pode esperar, com um futuro assim, mas era perseguidor da igreja, acreditava tanto em deus que não havia mais nada, até podia estar certo ou errado, mas no dia que o seu pai morreu nos seus braços deixou de ser o mesmo, já não cumprimentava as pessoas com antes, o seu olhar cingia-se num ponto único, já não queria ler a leitura, nem limpar, nem dar uma ajudinha no coro, morreu o homem antigo e nasceu um novo era muitas vezes esse o tema de conversa entre ele e sua mãe:

"Não podes viver com a esperança de que ele volte, ele não vai voltar."

"Eu é que vou ter com ele."

Voltando mais atrás quando tinha dezassete anos vivia uma vida descontraída tinha notas para entrar em medicina, percorria cada canto da igreja com uma vassoura, os seus pais sentiam – se orgulhosos daquilo que tinham criado, dava esperanças que traseira um futuro melhor. Mas no dia 23 de Setembro às 23:00 em ponto não mais o seu pai morreu de A.v.c. nos seus braços, ao som do sino da igreja a dar as vinte e três badaladas.

A seguir ao funeral, onde se encontrava bastante longe daqueles que choravam, engoliu em seco. E começou a correr, largou o chapéu de chuva, que o mantinha seguro e lançou-se por ruas estreitas, daquela pequena cidade, correndo, chorando, não se sentia humano, era com o pai que tinha vivido todos os momentos importantes da sua vida, tinha aprendido a fazer vela, a jogar futebol, a ser único para as outras pessoas, a ser ele próprio. Sentia –se perdido sem ele. Correndo por ruas, correu e cada momento que passava uma imagem do pai lhe saltava á cabeça estava farto de se sentir perdido de se sentir não amado, uma depressão era o que diria o médico se ele o consultasse.

Continuou a correr por praças, ruas de azulejos azuis, casa altas, outras baixas, até as casas tinham a sua desigualdade, percorrendo pedras mármore que plantavam o chão, bastou uma corrida para muda-lo e torna lo forte só por fora e não por dentro. Caiu bateu com o nariz no chão e partiu- o, mas levantou- se e continuou a correr, o pai tinha morrido ele só tinha partido o nariz nada que não se resolvesse, parou estava estafado encostou – se a uma casa, onde se sentou e fechou os olhos.

Já não chovia, ele encontrava-se á porta de uma casa todo roto e partido com alguns cêntimos á sua volta deixados por pessoas com caridade, embora que ele não necessitasse de moedas agora mas de um ombro para chorar, não sentia uma alimento a trespassa-lo há algumas horas, a sua barriga começava a cantar de desespero.

O homem levantou- se e decidiu bater à porta da casa onde se encontrava encostado, mas do outro lado ao abrir a porta só se depararam com um corpo desmaiado.

Algumas horas depois acordou com uma nova camisa preta aberta, sem os botões caçados, com umas calças novas, com o cabelo molhado e cheiro a perfume, como se nada tivesse acontecido, como se nunca o seu pai tivesse morrido, como se Deus lhe tivesse dado uma nova oportunidade para salva-lo. Voltou a abrir os olhos aquela não era a sua casa, nem de nenhum amigo, aquela não era a voz que costumava ouvir a cantar enquanto cozinhava, aquelas nem sequer eram suas roupas.

O Barulho do Silêncio #oscarliterario #escritoresdeouroDonde viven las historias. Descúbrelo ahora