Que gosto terá? Que gosto terá a desilusão? Que gosto terá a desilusão depois de ser deliberadamente experimentada? Que sensação trará? Que arrepio fará?
Sinto-me quase com um nómada à procura da tal terra prometida! À procura de algo, algo que desconheço! Procuro por algo que não sei, nem conheço, nem desconheço, nunca toquei.
Parece-me um pouco irônico...
E depois vêm aqueles momentos que eu não consigo controlar...
Negam-nos o conforto, negam-nos a alma, nega-nos o amor, nega-nos tudo, deixam-nos famintos.
Deixam-nos vazios, vazios tudo. Quase que a nossa sala antes toda mobilada e decorada, agora ñ passasse de um.espaço amplo e cheio de vazio.
É assim que me sinto, quase que imcompleto, com uma falta de oxigênio, esse oxigênio que me consumirá, e ñ eu a ele, deixando-o oxidado.
Um completo naco de carne morto.
Eu já chorei demais, já deixei cair demasiadas goticulas, o chão onde me encontro agora transforma-se no meu mar, onde eu como Atlântida me afundo e afogo.
Sou quase como um poeta, que escreve estas balelas e outras histórias sobre sereias e tritões. Esse poeta cego que caminha por águas escuras, que caminha com a pretensão de chegar à riqueza e ao sucesso, mas como qualquer ser humano encarrega-se e escorrega para o fracasso, para a normal morte, para esse declínio destinado aos mortais e ñ mortais.
Sinto o meu coração com falta de ti, com.essa necessidade. Doi-me, o meu bafeija de dor, morre de dor. Quando dizem que amor arde, sem se ver. Eu sinto esse arador, esse ardor que queima, que me deixa em completa cinza.
Sinto-o por simplesmente não te poder mesmo olhar de lés a lés, por não te poder tocar, por não me deixares ser o teu oposto.
O suicídio é a resposta, a mais doce e ternunrenta maneira de te chamar a atenção, para te fazer prestar atenção a mim, para te deixar sentir a dor, o medo, o fracasso todo que senti. Quero que sofras, que te capes pir mim, que sejas estéril. Quero que esveis em sangue.
O ângulo dos meus lábios inverte a tristeza, agora sinto rancor.
Amo-te....Suspiro, parece-me que me afogaram e que de um momento para o outro se me transpira sentimentos controversos.
Sinto-me quase que bipolar, meio serio, meio duro, meio nada, meio tudo, meio tudo e meio, meia ternura, meio amor. Meia fatia de maçã.
Vejo o teu olhar no escuro.Sinto-me preso. Sei que estás aí a um canto, a olhar, a mirar, a pensar sobre mim.
Sinto o teu corpo a aproximar, O meu coração a acelarar. Passam milhas e horas e permaneces aí estática, Estática na tua coxeira, estátua de ti própria. Sinto o teu arfar para o meu pescoço.A tua presença, as tuas perolas bouam no ar.Nunca abandonas, és a minha sobra, estás sempre no escuro, sentada a meu lado. Deitada a meu lado.Não falas nada, simplesmente estás.
Ñ sei se és imaginária.Eu sinto-te.A tua necessidade de te rires alto, de me fazeres chorar, de tu própria chorares
Larga-me...
Deixa-me...
Quero...eu quero ser outro, sei que estás a trás de mim a ler isto, mas faz isto por mim. Deixa-me viver e sobreviverLágrimas transpiram dos meus olhos. Oiço o ranger de algo que não range.Não venhas. Deixa-me...
Ñ me toques...
Deus, salva-me!
O relógio toca e estremece.Acordo, perdido no tempo e no espaço. Quase que deslocalizado. Sei que temos de fazer algo com o corpo.
E assim que disse que tinhamos de o comer, sei que não posso voltar atrás, sei que fui longe demais, sei que....
Tem de ser.
Tenho de pesquisar como cozinhar. Do que sei dizem que sabe a porco. Mas será que saberá mesmo?Fui à gaveta das facas, tirei duas e disse ao Yuri, temos de o cortar, ensacar e congelar. Não o vamos conseguir comer tudo hoje. Dizemos ao senhor que fomos comprar carne de porco. Os ossos dás ao cão.
E sim é verdade, ao longo da rua era possível ouvir conversas caninas ou talvez uma zagarata.
Hão de comer os ossos e alguma carne.
O Yuri acende o grelhador, enquanto eu começo por abrir o corpo, por tirar todos os órgãos ñ desejados. Retirar as partes de carne, levo horas. Bastantas horas.
Já é de noite cerrada, talvez quatro da manhã.
Já só existe alguns ossos, outros tivemos de os partir, cortar, arranjar algo com que os quebre. Ensacamos tudo.
São 7h da manhã. Deitamo-nos, arrumamos tudo, limpamos.
Subimos as escadas para a divisão, depois de roubar algo do frigorífico e comer um pouco de carne humana frita.
Simplesmente, sabe a porco. Mesmo porco, não há diferenças.------------------------------------------------------
Obrigado, Adão Gomes
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O Barulho do Silêncio #oscarliterario #escritoresdeouro
Mystery / ThrillerTudo começa com a morte, após a morte de seu pai, um rapaz entra em depressão, conhecendo uma rapariga ruiva, que o leva por caminhos, nunca navegados. Desde droga, prostituição, até matar, tudo por dinheiro, dinheiro é o que faz movimentar esta his...