Narradora: Babilónia
Eu sinto que ele está adormecido por uma depressão, deslizo sobre as escadas com os meus saltos.
Eu ando sempre perfeita, maquilhagem, roupa, tudo, chamar-me-iam uma deusa lá no céu, se morresse agora ou se ele existisse. Abro a porta do quarto, mordo o lábio, sei que podia ajudá-lo, mas a minha preguiça ultrapassa a minha vontade. Sento-me na cama, a minha irmã joga-se do armário e desliza pelo chão, até chegar aos meus pés.
Eu não quero que ele saiba dela, ela é tudo para mim, eu sinto a necessidade de estar com ela, de me aconselhar com ela, ser a irmã que ela nunca teve ou mesmo mãe. Ela sabe o que estou a pensar e fiz-me que não. Mas eu tenho de ajudá-lo, preciso dele a 100%. Levanto-me olho-lhe nos olhos e digo:
- É a primeira vez que me estou a apaixonar! Minto para ela, ou para mim mesma.
Ela não responde. Ela desaparece e deixa-me sozinha, eu preciso dele junto de mim, eu preciso de carinho. Posso ser esta carcaça que mata sem dó mas também preciso de um momento romântico onde sou tratada com uma rainha. Terei de lhe explicar um dia a minha irmã.
Ponho-me mais perfeita e chamo pelo Jó, ou aliás grito por ele, de modo a ecoar nos seus ouvidos a minha voz. Sinto o seu corpo a se levantar do sofá. Coloco-me rapidamente à frente da janela sentada na cama, como a tentar compreender a vida dos meus vizinhos, todos os jantares, a felicidade, brincadeira, harmonia, esquece-os e foco-me .Jó. Ouve-se o barulho da porta. Digo que pode entrar, ele abre a porta de soslaio, continuo de costas, o meu quarto está cheio de pôsteres de bandas de heavy metal, homens nus, mulheres nuas, o quarto está pintado de um vermelho garrido e perfeito. Deixando no ar uma atmosfera de cabaré.
Ele continua a olhar pela porta, eu reclamo para fechar a porta e se sentar. Ele senta-se do lado oposto da cama, virado para a porta. Continuo de costas para ele, sinto o ambiente pesado, uma atmosfera não respirável e quase tóxica.
- Eu sei o que tu passaste, eu perdi pai e mãe. Eu sei que te sentes mal, perdido, esquecido, amaldiçoado. Eu quero que saibas - e esta foi a parte que mais me custou a passar pela garganta, que quase me deu uma inflamação na garganta - que estou aqui para ti para tudo o que acontecer.
Ele não respondeu, colocou-se do meu lado da cama e chorou no meu colo, eu não sabia o que havia de fazer, não sabia se havia de o consular e dizer que iria ficar tudo bem, mas como a bondade sempre foi algo que nunca tive a circular nas minhas veias, deixei ele enxugar as lágrimas na minha saia de cabedal.
Ele olho-me nos olhos e beijou-me, não era isto que queria, eu apenas queria conversar sobre a morte do seu pai e ele atira-se a mim? Eu não o impeço, deixo ele percorrer o meu corpo com a sua boca.
Eu não quero sexo, por isso digo-lhe que não estou preparada para sexo, ele assente, beija-me, despe a roupa e fica de boxers, despindo também a minha roupa deixando-me de cuecas e sutiã. Ele estava-me a deixar excitada, a sua língua percorre a minha barriga. Sinto o seu bafo no meu corpo.
Estamos em concha não que sinta esse amor que me leve a esse ato de amor, mas deixo para ele descomprimir e não pensar que hoje teremos de matar e acho que nossa vítima está à nossa espera.
Sinto que hoje, a vítima não será a única a verter sangue.
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O Barulho do Silêncio #oscarliterario #escritoresdeouro
Mystery / ThrillerTudo começa com a morte, após a morte de seu pai, um rapaz entra em depressão, conhecendo uma rapariga ruiva, que o leva por caminhos, nunca navegados. Desde droga, prostituição, até matar, tudo por dinheiro, dinheiro é o que faz movimentar esta his...