Capítulo 8

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  E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. 

Romanos 12:2 

Ester narrando:

Já faz quatro dias que Sophie desapareceu, e em apenas um deles compareci na universidade, o que não é bom visto que terei que arcar com as consequências depois.
Mais uma vez fomos a delegacia, e dessa vez fomos bem recebidos. Um homem alto, magro e mais jovem que o anterior nos atendeu e montou uma equipe de busca para que se espalhassem pela cidade, o que de certa forma confortou meu coração.
Em todos os lugares haviam cartazes espalhados com a foto de Sophi, procuramos em cada canto de Cork mas ninguém a viu nesses dias... Talvez ela não tivesse assim tão longe.
Ultimamente não saio da casa de Rose, nesse momento ela necessita de todo o apoio possível... O que não vem sendo dado por seu marido.
— Esqueça isso, a essas horas sabe-se lá o que fizeram com essa garota. Se é que ela não planejou tudo isso. — diz Robert zombeteiro, o que faz com que as lágrimas de Rose se intensifique ainda mais.
— Será que você poderia colaborar, Robert? Sua esposa precisa de você e tudo que tem feito é piorar a situação. — digo firme levantando-me e o encarando, tudo que via em seus olhos era o vazio...
— E quem você pensa que é para se intrometer, sua... —diz se aproximando e segurando meu pulso, mas logo é interrompido.
— Ei, ei, ei. Solte ela agora! — diz Luc se aproximando e o empurrando.
— Ou o que? Vai me bater? Seu pirralho! — diz em tom de gozação. Luc se aproxima do mesmo mas logo Rose interfere.
— Robert, pare! Você não está ajudando. — diz com a voz embargada.
— Ah, faça-me o favor, Rose. Agora você vai defende-los? — grita enraivecido.
— Eu só quero a minha filha, será que é difícil para você entender? — diz e o mesmo revira os olhos.
— Quer saber? Não vou ficar aqui ouvindo essas baboseiras, cansei. — diz e logo some como um raio, certamente havia ido para outro cômodo.
— Já não sei como lidar com tudo isso. — diz fitando-me com os olhos marejados. — De certa forma a culpa é minha pelo desaparecimento da Sophie...
— Ei, a culpa não é sua. — digo apertando sua mão.
— Desde que meu marido... Pai da Sophi morreu eu me fechei, sabe? Ela precisava de mim e tudo que eu fiz foi me afastar... Eu sou mesmo uma péssima mãe. — diz e eu a abraço.
Ficamos assim por alguns segundos, apenas com o silêncio pairando no ar. Luc acompanhava tudo ali de perto, o mesmo tem nos apoiado bastante, o que é primordial nesse momento.

O silêncio é interrompido pelo ecoar de uma música, só então percebo que meu celular estava tocando.

— Alô? — digo atendendo. O silêncio reina do outro lado da linha, tudo que ouço é o som de uma respiração vagarosa e profunda. — Oi, tem alguém ai? — digo esperando uma resposta.—Isso não tem nenhuma graça, okay? — digo incomodada desligando o celular.

— Quem era? — indaga Luc.

— Não sei, deve ser algum daqueles garotos passando trote novamente. — digo e o mesmo assente.

— Olha, tenho alguns afazeres para terminar, então tenho que ir... — diz Luc — Você vem agora? - indaga a mim.

— Não, vou ficar mais um pouco. — digo e ele assente se despedindo. — Rose, você está tão pálida! Não comeu novamente? — indago preocupada.

— Oh, querida. Com tudo isso acontecendo acabei ficando sem fome. — diz forçando um meio sorriso, é triste vê-la assim

— Que isso! Então vamos, agora mesmo irei preparar algo para você! — digo puxando-a

— Você é mesmo um anjo, Ester. Sua mãe deve ter tanto orgulho de você, não é? — diz sorrindo, aquilo de certa forma me deixa cabisbaixa.

— Não vejo minha mãe há anos... — digo.

— Oh, querida. Perdão, eu não... — diz cobrindo os lábios.

— Sem problemas, você não  tinha como saber. — respondo. — Okay, vamos fazer o que íamos fazer, não é mesmo? — digo, a mesma assente e nos direcionamos a cozinha.

E assim é feito, preparo o almoço enquanto Rose me conta seus momentos com a Sophi, a mesma diz o quanto minha amiga era travessa na infância... Sorrio, já era de se imaginar essas coisas vindo de Sophie.

[...]

Já estava perto de casa, dispersa olhava o conjunto arquitetônico de casas enfileiradas da Rua 12 enquanto ouvia uma velha canção. Perdida em meus devaneios acabo esbarrando acidentalmente em alguém.

— Desculpe. — diz o garoto que logo ignora a situação e segue seu caminho. Só então reconheço a figura a qual me deparei.

— Hey Luc. — digo mas o mesmo nem se da o trabalho de virar-se. — Lucca! — grito mais alto mas novamente sou ignorada, até que perco-o totalmente de meu campo de visão.

Eu ein!, o que eu fiz de errado?

Ignoro a situação e sigo meu caminho cantarolando, até que não tão longe dali vejo novamente a figura loira, que estava na frente de casa. Ué, como ele chegou tão rápido aqui?
— Luc? Seu idiota! Por que estava me ignorando? E como chegou tão rápido aqui? — indago franzindo o cenho.
— Que? Do que você está falando? — diz confuso.
— Você não lembra? Nós acabamos de esbarrar na Rua 12 mas você seguiu reto para a direção contrária, eu te gritei e... — começo a dizer atropelando as palavras.
— Ester eu não fui a lugar nenhum, não sai daqui desde que cheguei.

Meu SalvadorOnde histórias criam vida. Descubra agora